Histórias

 

                                            Capítulo 1

                                       O Filho do Regente

 

 

   Em algum lugar ao norte da capital nordestina apelidada de a Veneza Brasileira, duas figuras caminham lado a lado pelas estradas longas e quentes. Um deles Chama-se Felipe homem de meia idade, que aparenta ter uns quarenta e cinco anos, a outra um menino de uns doze anos talvez menos. Atento a tudo a sua volta o menino pergunta a seu parceiro de caminhada e mentor.

  - Felipe! Aquilo é uma planta?

  - Sim é chamada de mandacaru.

  - Parece ser uma planta muito resistente.

  - Assim como o povo dessa terra. Em tempos de escassez eles a usam para alimentar seus animais, e alguns deles também acabam se alimentando com essa planta.

  - Podemos comê-la?

  - Não precisamos.

  - Mas se precisarmos, nós podemos?

  - Talvez.

  - Esteve aqui com meu pai não foi?

  - Sim eu tive essa honra.

  - Ensinou a meu pai como sobreviver nesse mundo?

  - Estamos aqui para aprender com esse povo, com seus erros, e seus acertos.

  - Quantas vezes você já estive aqui Felipe?

  - Mais do que gostaria

  - Quando poderemos voltar?

  - Quando for seguro, e você estiver pronto.

  - O que está acontecendo, por que meu pai não me quer por perto?

  - Seu pai quer muito ter você por perto Mateus. Dimitri é um estrategista muito habilidoso, ele é membro do conselho dos regentes. Você sabe disso.

  - É por causa do está acontecendo no plano norte?

  - Sim.

  - O regente do plano norte Malaquias o justo, fez sua passagem de uma forma inesperada, desse modo o segundo na cadeia sucessora é o seu conselheiro Nefastus, que deveria ter convocado o conselho dos regentes para indicação dos nomes a serem escolhidos, ao invés disso ele dissolveu o conselho do plano norte e se alto intitulou o regente.

   Após tentativas fracassadas de negociações, seu pai solicitou um encontro dos regentes. Diante disso, ele apenas antecipou seus ensinamentos.

  - É! Ele quer que eu seja um regente um dia.

  - Ele lhe disse isso?

  - Não precisou.

  - Seu pai é um homem justo Mateus, ele já mais o forçaria a nada para descontentá-lo.

  - Por que esse mundo inferior, por que não um mundo igual ao nosso?

  - O que teríamos a aprender em um mundo igual ao nosso? O conhecimento deve ser de coisas novas, não do que já sabemos.

  - Isso não é prepo... Prepo...

  - Prepotência? Só se não admitíssemos nossos próprios erros. Não estamos aqui julgando essa nação, estamos aqui para tentar entende-la. A experiência que se adquire deve ser sempre lembrada, as boas e as ruins.

  - Por que devemos nos lembrar do que é ruim?

  - Para que não passemos pela mesma coisa.

  - O senhor não disse que, “o que pode ser bom para mim pode não ser bom para o outro”.

  - Ferir uma pessoa é uma coisa ruim não acha?

  - Sim.

  - Mas se essa pessoa tentar lhe ferir ou lhe matar ainda assim acharia certo feri-la?

  - Mas se alguém esta tentando me ferir, devo então não fazer nada?

  - Essa decisão cabe a você. Você pode tentar subjugá-la sem tirar sua vida.

  - Eu não entendo.

  - Nós sempre temos duas escolhas, a de agir e a de não fazer nada. Mas lembre-se, tudo que você fizer terá uma consequência e tudo você não fizer também terá uma consequência.

  - Se eu não agir irei pagar por ser neutro?

  - Certamente. De modos diferentes, mas irá. Nós somos frequentemente testados, nossa evolução como criaturas de um criador, esse conhecimento é o que nos diferencia das pessoas desse mundo, esse entendimento sobre nosso comportamento e a capacidade de nos perdoar.

    - Ainda não entendo. Somos mais fortes física e mentalmente do que esse povo, o que temos a aprender com uma civilização tão atrasada? Deveríamos estar lá com meu pai ajudando nesse momento.

  - É por isso que está aqui, para ter a experiência necessária. Há coisas que só pode ser compreendidas com vivência física e emocional, uma não vive sem a outra.

  - Onde estamos indo?

  - Visitar um velho amigo. Ele ajudou seu pai eu guando estivemos aqui. Vamos tentar pegar uma carona até a cidade mais próxima.

  - Carona?

  - É só fazer assim quando vier um veículo. Felipe fecha a mão e estende o polegar.

  - Assim?

  - Exato.

  - Aí vem um. Posso tentar?

  - Com esse aí não. Lembra o que conversamos sobre o exército?

  - São eles?

  - Um pedacinho deles.

  - Por que as pessoas têm medo dos soldados, eles não deveriam ser aplaudidos?

  - A maioria das pessoas dessa nação não concorda com o modo como o exército comanda as coisas, os habitantes aqui não podem dizer tudo o que querem por que o exército não permite.

  - Dizer a verdade aqui é crime?

  - Aqui é. A última grande guerra mundial, pois uma nação desse planeta como salvadora do mundo, e também, por terem se tornado muito poderosos militarmente. Seu pai e eu lutamos nessa guerra. Anos depois, essa nação com medo da expansão de um inimigo tão poderoso quanto ela, ajudou os militares desse país a tomar o governo à força. O grande medo da população é por que os militares prendem por qual quer motivo, e muitas dessas pessoas presas, desaparecem. Mas há muita gente corajosa que ainda enfrenta esse regime. E mesmo sem o poder militar ao seu lado eles irão conseguir vencer.

  - Como pode ter tanta certeza?

  - Porque as pessoas estão motivadas.

  - Como podem estar motivadas com o que? Os militares têm armas.

  - É porque sua motivação é muito poderosa.

  - E qual é?

  - A liberdade.

  - Liberdade?

  - É pelo que lutam, alguns pagam com a própria vida. Outros são afastados de suas famílias por que precisam fugir para não serem presos ou mortos. Mas o desejo de liberdade só aumenta.

  - Veja! Um veículo.

  - Esse aí pode. Parou. Corre!

    Após uma hora de estrada, Felipe e Mateus chegam a um dos bairros na cidade vizinha da capital. Felipe percebe um tumulto e as pessoas um pouco tensas, ele tenta retirar Mateus rapidamente, mas, Mateus presencia o que as pessoas estavam vendo atônitas. O caminham do exército que passará por eles na estrada, estava descendo a rua bem devagar com um homem amarrado ao capô do veículo. Logo atrás correndo e chorando, uma menina gritando pelo pai que estava sendo levado pelos militares. Mateus não consegue tirar os olhos da menina.

  - Mateus venha precisamos ir.

  - Felipe não vai fazer nada?

  - Não. Venha.

  - Você pode impedir isso.

  - Mas não vou.

  - Não pode fazer isso. Então prefere as conseqüências de não fazer nada. Há então é assim, devemos combater a injustiça em nosso mundo, mas temos que ser complacentes com a injustiça daqui.

  - Mateus preste atenção. Você está certo. Eu posso impedir isso facilmente sem ninguém se machucar. Mas olhe a sua volta. Você vê todas essas pessoas? Elas é que iriam pagar por minha interferência. Amanhã teriam três vezes esse número de soldados aqui nos procurando, essas pessoas que aqui moram é que sofreriam. Embora isso me incomode tanto quanto a você, não vamos fazer nada. Você entendeu? Venha precisamos ir.

   Mateus segue Felipe sem conseguir desviar os olhos daquela menina. Vinte minutos depois eles chegam a uma pousada no bairro conhecido como marim dos caetés.

  - Dois quartos, por favor.

  Após o jantar. Mateus não para de pensar na menina e no que havia acontecido. A varanda da pousada fica de frente para o mar, e nem mesmo a paisagem das igrejas e das casas que são rodeadas de arvores e coqueirais, crescendo por entre as estreitas ruas de pedras, Foi capas de tirar Mateus daquele olhar vazio.

  - É lindo aqui não é? Felipe olha para Mateus e percebe que não está sendo ouvido.

  - Ainda pensando no que viu?

  - Sim.

  - Sei como se sente. Quando seu pai viu esse tipo de coisa de perto assim como você, ele não foi tão “complacente”.

  - Meu pai viu isso acontecer?

  - Não aqui é claro. Esse tipo de ditadura como é chamada, acontece há muito tempo nesse mundo, algumas nações ainda sofrem com esses ditadores assassinos e covardes. Seu pai percebeu tarde que não deveríamos interferir nesse tipo de regime. Na verdade, em nada do que acontece ao nosso redor. Estamos aqui como meros observadores.

  - O que aconteceu quando meu pai interferiu?

  - As conseqüências foram trágicas, trinta e duas pessoas de uma mesma família morreram por causa da interferência de seu pai. Ou melhor, da nossa interferência. Ao não tentar impedi-lo, eu me tornei cúmplice de sua inconseqüência. Erramos juntos.

  - Como se sente?

  - Bem.

  - Que bom. Como está seu dom?

  - Bem desenvolvido. Já consigo participar de encontros astrais.

  - Consegue ouvir?

  - Ainda não.

  - Mas conseguirá, não tenha presa. O dom se desenvolverá em você naturalmente. Desde que continue estudando.

  - Irá mesmo me ensinar à transposição consciente hoje?

  - Não foi que te prometi?

  - Precisa saber de umas coisas antes. Nunca, em hipótese alguma, deve ir ao mundo astral sozinho. O mundo do inconsciente é extremamente complexo ao imaginário de uma mente despreparada. Essa imprudência poderá lhe custar à liberdade.

  - Como assim?

  - Poderá ficar perdido por lá. Enquanto estamos no mundo astral nossos corpos ficam totalmente vulneráveis, se for atacado enquanto estiver por lá, você só terá menos que uma fração de segundos para retornar. Por isso até conseguir sentir seu corpo, estarei com você. Agora vá para seu quarto. Pensando bem, fique aqui, quero que veja isso.

   Mateus senta-se na cadeira onde estava olhando fixamente para Felipe, pois ele começa entrar em um transe profundo, e Mateus consegue ver a energia desprendida por Felipe. Mateus mal consegue acreditar que está presenciando uma comunicação.

   Há uma velocidade inimaginável para a mente humana, Felipe transparece a um grande salão onde dezenas de outras figuras estão presentes, Mateus logo percebe que se trata do conselho dos regentes, ao seu lado ele nota que a outros como ele que também veem, mas não ouvem o que é dito. Mateus e os outros veem a reunião de cima como se flutuassem sobre eles. E mais uma surpresa ele tem, seu pai transparece na reunião e todos o saúdam.

   Dimitri vai ao centro de um grande círculo que os outros membros da reunião formam.

  - Meus amigos, obrigado por terem atendido esse chamado com tamanha rapidez. Quisera eu que esse encontro tivesse sido em circunstâncias melhores, infelizmente, chegou a minhas mãos relatos de acontecimentos que violam à nossa diretriz regencial. Pois o autointitulado regente do plano norte. Está nesse momento reunindo uma armada para subjugar o plano sul.

  - Dimitri, que provas têm sobre o que dizes?

  - Por favor, façam-no entrar. Regentes. Este é Lonus, ele é o um dos guardiões do templo Mayoris.  Lonus, conte aos regentes o que me contou. Nos últimos tempos uma grande oscilação astral tem ocorrido no universo, portais paralelos, e transposições não autorizadas têm sido cada vez mais frequentes. As constantes alterações no fluxo áureo do Mundo astral só significam uma coisa. A libertação de desgarrados. 

    Alguns regentes esnobam um leve sorriso sínico.

  - Obrigado Lonus. Pode ir agora.

  - Meu caro Dimitri, essas alegações são totalmente infundadas, um mero regente não poderia libertar um desgarrado se quer. Uma horda deles seria impossível.

  - Já vivemos o bastante para sabermos que poucas coisas nesse mundo são impossíveis meu caro André.

  - Dimitri, só o conselho dos anciões juntos poderiam libertar um desgarrado. Não existe outra forma de libertá-los.

  Todos no salão murmuram concordando.

  - Existe outra maneira de um desgarrado ou nesse caso umas centenas deles estarem vindo para nosso mundo.

  - Então nos conte meu amigo. Como um regente poderia libertar mais de uma centena de desgarrados.

  - Com a ESFERA.

   O burburinho toma conta do salão. Os regentes ficam inquietos. Dimitri prossegue.

    - Com a esfera, todos vocês sabem muito bem o que pode acontecer com todos nós. Precisamos nos fortalecer e enviar um ultimato ao regente do norte.

  - Dimitri, todos nós sabemos que Nefastus foi um conselheiro fiel durante anos ao lado de Malaquias. Antes de qualquer decisão mais hostil, devemos ter o discernimento meus amigos, todos temos interesses em particular com o plano norte.

  - Mas o plano norte agora chamasse Nefastus, e a submissão que Nefastus consegue extrair de alguns de nós, não deve ser tomada como exemplo e totalmente desconsiderada.

  - Sugiro que Dimitri exponha as provas que tem além de apenas um, dos doze guardiões. Mas alguma prova Dimitri, sobre a acusação a Nefastus de libertar os desgarrados?

  - Muitos têm fugido das terras que Nefastus domina, arriscando-se a travessia das montanhas submersas, com suas famílias com grandes chances de nunca mais serem vistas, e ainda assim, não querem se submeter aos domínios dele. Quando ele e sua horda de desgarrados invadirem mais um plano vocês terão a prova de que precisem e aí, talvez tenhamos tempo de nos defender.

  - Coisa que o regente Dimitri faz muito bem, uma vez que enfrentou os desgarrados pessoalmente.

   Murmúrios mais intensos povoam o salão.

  - Regente Ló, eu espero que tu tenhas provas do acabastes de dizer.

  - Regente Timóteo, a minha prova, é a palavra de Dimitri. Sendo austero, irá confirmar o que digo, ou irá negar que ordenou um ataque às terras do plano norte, onde liderou o combate pessoalmente.

  - Dimitri o que tem a dizer?

  - Venho mantendo contato com Nefastus há algum tempo na tentativa de encontrar uma solução pacífica para esse impasse. Atendendo um pedido do conselho dos anciões. Todos estão a par disso. Estive apenas duas vezes pessoalmente com Nefastus, como todos sabem não conseguimos chegar a um consenso. No retorno do segundo encontro, nós, fomos atacados por oito desgarrados. Que mesmo estando em maior número, foi difícil vencê-los. Não comuniquei o ataque por que também foi difícil para eu acreditar que eram realmente desgarrados. Decidi então investigar para também responder essa pergunta. Como eles conseguiram chegar ao nosso mundo. E o mais importante, pelo o intermédio de quem?

  - E o que suas investigações concluíram.

  - Que o sumiço da esfera sem dúvidas teve a ajuda de um de nós.

  - Tem provas do que diz Dimitri, ou sua palavra irá com vento?

  - Nesse momento uma guarnição de minha guarda pessoal está a caminho, trazendo a prova que o que estou dizendo, é tudo verdade.

  - E quando eles chegam Dimitri?

  - Amanhã, no final do dia.

  - Por que não transparece essas provas pra cá agora?

  - Os desgarrados são muito mais fortes no mundo astral, se fossemos atacados simultaneamente estaríamos em desvantagens.

  - Essas acusações são muito sérias, proponho que o conselho se reúna amanhã quando o regente Dimitri apresentará as provas que alega estarem em seu poder. 

   Dimitri olha para Ló como se soubesse de alguma coisa, enquanto todos começam a desaparecer uma vez o que ali se encontra apenas imagens projetadas por suas mentes.

  - Mateus!

  - Felipe. O que aconteceu aqui?

  - Seu pai disse ter provas de que o Regente de nome Nefastus, está trazendo desgarrados para o nosso mundo.

  - O que é um desgarrado?

  - Segure minha mão.

  Quando Mateus segura a mão de Felipe, ele fecha os olhos e quando os abre, esta de volta a varanda da pousada.

  - Vá para seu quarto. Tranque a porta e deite-se.

  - Não sei se vou conseguir dormir.

  - Eu cuido disso.

  Felipe continua na varanda da pousada, e tão logo Mateus retira-se, Felipe novamente entra em um transe profundo e mais uma vez projeta sua imagem nos aposentos do Regente Dimitri, onde está acontecendo mais uma reunião. E Felipe percebe que se trata do Conselho Supremo. Ao transparecer Felipe curva-se perante os conselheiros, que o saúdam discretamente acenando com a cabeça.

  - Me perdoe por interromper dirigente, mas gostaria de registrar a presença do guardião e mentor dos futuros regentes. O nosso irmão Felipe.

  Dimitri é o único com presença física. Ele vira-se para Felipe, e o cumprimenta.

  - Obrigado meu amigo por ter vindo.

  - Prossiga Dimitri. Deixou-me curioso.

  - Conselheiros o motivo de minha solicitação, é que temo que nós tenhamos tempos difíceis pela frente, com o desaparecimento da esfera, o nosso mundo poderá está correndo risco.

  - Sim nós sabemos Dimitri.

  - Venho perante o conselho supremo humildemente que permitam que eu envie dois membros de minha guarda pessoal para auxiliar nosso irmão Felipe em sua empreitada.

  - Regente Dimitri. É do conhecimento de todos que seu filho Mateus é o mais recente aprendiz do guardião Felipe.

  - Sim conselheiro Paulo.

  - É verdade também que tens o interesse de que o menino Mateus possa um dia disputar a regência de Harkllam.

  - Sim conselheiro mais uma vez esta correto, isso é de domínio de todos não é segredo.

  - Mas segundo seus relatos estamos à beira de uma guerra com uma das maiores forças desse mundo. Mesmo assim quer que autorizemos um deslocamento dimensional de dois dos seus guarda costas, para a segurança pessoal de seu filho?

  - Sim conselheiro, eu mesmo iria, mas minhas responsabilidades me impedem.

  - Essas mesmas responsabilidades não se aplicam a esse impasse?

  - A lei diz que posso abdicar de minha guarda pessoal.

  - A lei também diz que esse critério é dos conselheiros.

  - Conselheiro Paulo, é meu dever lembrá-lo, que muitas das mortes que ocorreram no passado foram por causa de negligencia de nossas ações.

  - Dirigente Dimitri esta acusando o conselho de negligencia? Sabe muito bem Dimitri que o interesse maior das pessoas, não deve ser menosprezado em nossos próprios interesses.

  - Não tive a intenção de desrespeitar o conselho supremo, peço desculpas por minhas palavras.

Mas me julga mal quando exclama que estou preocupado apenas com meu filho. Uma vez que ele é aprendiz de um dos guardiões mais antigo e respeitado membro de nossa sociedade. Um Harkllaniano que já salvou esse mundo em outros tempos e de um detentor de conhecimentos que transcende as fronteiras do universo. Nefastus sabe que farei de tudo para impedi-lo e um ataque a meu filho poderia por fim não só a dois Harkllanianos, mas, a décadas de conhecimentos adquiridos por nosso irmão Felipe.

   Nesse instante alguns segundos se passam até que um dos membros do conselho transparece de frente a Felipe.

  - É bom ver um velho rosto.

  - Conselheiro Isaac. Diz Felipe reverenciando.

  - O tempo tem sido generoso com você meu amigo. Você o treinou bem. Seu amigo é bom com as palavras. E ele tem toda razão. Terá sua autorização Dimitri. Envie seus melhores guerreiros. Quanto a você Felipe, retorne em segurança precisamos atualizar nossas conversas.

  - Assim que eu retornar meu amigo eu irei vê-lo.

  - Agora se nos derem licença precisamos deliberar.

  Os sete membros do conselho que se encontravam transparecidos nos aposentos de Dimitri, um a um começam a desaparecer.

  - Felipe, como ele está?

  - Bem meu amigo.

  - Já sabemos quem estar por trás do roubo da esfera?

  - Nefastus. Tenho provas de ele estar por trás do desaparecimento da esfera e a está usando para libertar os desgarrados.

  - Como ele está conseguindo fazer isso?

  - Amanhã saberemos. Agora me deixe falar com ele.

  Mateus está em seu quarto sentado na cama se perguntando por que não consegue esquecer aquela menina. Guando ele se surpreende com o aparecimento de Felipe e Seu pai.

  - PAI!

  - Meu filho. Como está?

  - Bem pai.

  - O senhor veio me buscar?

  - Não Mateus, você está aqui para aprender com Felipe parte do que precisa para se tornar um grande homem. Faça exatamente o que Felipe lhe pedir.

  - Sim pai.

  - Felipe é um dos mentores mais antigos que ainda existe meu filho, ele conhece mais mundos do que pode imaginar. Você deve obedecê-lo mesmo que pareça estranho.

  - Sim meu pai eu o farei.

  - Sua mãe eu tenho certeza está orgulhosa de você meu filho.

  - Pai, quando poderei ir pra casa?

  - Quando terminar seu aprendizado.

  - Tem haver com essa reunião que o senhor teve agora?

  - Não.

  - Então por que não posso voltar? Se quiser que me torne um regente algum dia, devo me interar e lutar pelo meu povo não acha?

    - Nunca disse que deveria ser um regente algum dia. Eu o envie para cá, por saber que aqui e com Felipe como seu mentor, você terá parte do que precisa para se tornar uma pessoa do bem.

A decisão de tentar a regência de nossa terra só depende de você. Não quero que se sinta pressionado a nada. Está bem? Vai escolher o que quiser, eu tenho certeza que o quer que seja, será um dos melhores. Agora eu preciso ir. Não esqueça obedeça a Felipe.

  - Sim meu pai.

  - Felipe mesmo com a aprovação dos anciões, levará mais um dias até que ajuda lhe chegue. Terá que se virar esse meio tempo.

  - Não sou mais tão bom quanto em sua época meu amigo, mas, farei o melhor.

  - Eu não tenho nenhuma dúvida disso. Não confiaria a vida de meu filho a mais ninguém.

  - Farei meu melhor.

  - Quem você quer nessa empreitada?

  - Os gêmeos.

  - Ótima escolha.

  - São os melhores. Pretendo indicá-los para mentores.

  - Terá minha aprovação.

  - Agora eu preciso ir.

  - Que o senhor do universo esteja contigo.

  - Que assim seja.

  Felipe retorna para seu quarto, e mentalmente conversa com Mateus.

  - Mateus! Você está pronto?

  - Acho que sim.

  - Deite-se Mateus. Deve se concentrar.

  - Não consigo dormir.

  - Não se preocupe vou ajudá-lo.

 Mateus fecha os olhos, mas está tenso demais, pois está preste a entrar em um mundo totalmente desconhecido e extremamente perigoso, um mundo que cresceu ouvido histórias de aventuras e de mortes. Após algum segundo se passarem, Mateus começa a sentir seu corpo relaxar e sua visão que até então era de escuridão total, começa a deslumbrar imagens opacas, quando subitamente, ele tem uma surpresa, uma criatura salta a sua frente com tamanha ferocidade e rosna com toda intensidade de seus pulmões. Mateus fica atônito, completamente imóvel, a criatura de mais de dois metros de altura projeta-se para cima de Mateus que só tem tempo de proteger-se com os braços. Mas, alguns segundos se passam e nada acontece, Mateus lentamente abaixa os braços, e deslumbra o que só havia ouvido seu pai, e outros professores lhe falarem sobre a coragem de Felipe, que está parado na frente da criatura olhando-a fixamente, enquanto ela caminha de um lado para o outro como um animal no cativeiro. Mateus mal consegue acreditar no que vê Felipe não movi um músculo, apenas acompanha a fera com os olhos, todo o corpo de Mateus treme, está paralisado, pois nunca havia entrado em uma situação como aquela.  De súbito a criatura lança de sua boca uma rajada de fogo que envolve os dois, e Mateus mais uma vez só cobre o rosto e espera pelo pior, e mais uma vez ele se surpreende, pois o fogo não os machuca. A criatura se irrita e tenta agarrar Felipe que apenas com uma das mãos à empurra, e ela é lançada a dezenas de metros a sua frente. Quando olha para Mateus, Felipe percebe seu espanto e o seu medo, e decide acordá-lo. Felipe toca a testa dele, e Mateus abre os olhos e vê seu mentor transparecido ao seu lado.

  - Assustador não foi?

   Mateus envergonhado vira a cabeça, cobrindo os olhos com o braço.

  - Não precisar ficar assim Mateus, todos que por lá passaram tiveram a mesma reação, aquilo, é um desgarrado. Lembra quando eu lhe disse que você não poderia ir aquele mundo sozinho? Por que se você se perder, é naquilo que irá se tornar. Com o tempo todos perdem a sanidade sua revolta por estar preso aquele mundo os transforma nessa criatura que você viu.

  - Agora relaxe, ela não irá mais nos incomodar.

  - Eu não vou.

  - Se toda vez que tiver medo, você fugir, ele continuará perseguindo-o. Confie em mim.

  Mateus deita-se, pois se lembra do que o seu pai disse. Extremamente nervoso, e com a garganta seca, Mateus fecha os olhos e respira fundo. Para volta ao lugar que há poucos minutos atrás, quase o matou de medo. Seu coração fica cada vez mais acelerado, sua visão começa a clarear, e ele deslumbra um mundo onde muitos mundos se encontram. Mateus fica por alguns segundos assustado com tudo que vê.

  - É uma visão incrível.

  - Sim... É incrível.

  - Venha segure minha mão.

  E Mateus ao segurar a mão de Felipe eles são transportado para outro lugar.

  - Que lugar é esse Felipe?

  - É a casa do amigo que nós vamos visitar amanhã.

  - Como é o nome dele?

  -Sebastião.

  - O que vamos fazer, ele pode nos ver?

  - Sim, mas vai achar que foi um sonho. Venha vamos ver o que ele está sonhando.

  Felipe e Mateus descem lentamente até a porta da casa. Uma casinha humilde em um bairro modesto da cidade. Ao entrarem eles se deparam com uma cena triste, pois a casa estava toda revirada com sinais de luta, e uma mulher chorando debaixo da mesa.

  - Quem é ela?

  - É a esposa dele.

  - O que será que houve aqui?

  - É o que eu vou descobrir.

  Felipe curva-se perto da mulher em sua forma astral e toca a cabeça dela, e tudo lhe é revelado.

  - Eles estavam jantando... Estão sorrindo... Espere... Arrombaram a porta... São soldados... Sebastião se arma com uma faca... Os soldados estão apontando-lhes as armas... Parece que estão acusando ele de alguma coisa... Estão algemando ele..., o levaram...

  Quando Felipe tenta vê o oficial daquela patrulha, sua visão é interrompida. E seu olhar torna-se de preocupação.

  - Venha vamos embora.

  - O que houve Felipe?

  - Não sei ao certo, mas certamente, problemas.

  Ao retornar, Felipe deixa Mateus em seu quarto.

  - Descanse, amanhã teremos um dia cheio.

 

 

 

    

 

                                        Os Militares

          Casa do General Fonseca Cruz. 22h45minhs

  

    O General Fonseca está no escritório de sua casa, quando seu telefone toca. Sua empregada entra no escritório para atender

  - Casa do General Fonseca, pois não!... Aguarde um minuto, por favor. Senhor é o sargento Almeida, diz ser importante.

  - Obrigado Marta. Eu vou atender. O coronel levanta-se da poltrona onde estava lendo um jornal, e ao pegar o telefone espera marta sair do escritório.

  - O que há sargento?... Quando ocorreu?... O que ele alegou?... Estarei aí pela manhã. Não comente isso com mais ninguém eu fui claro?

 O General desliga o telefone, e imediatamente faz uma ligação.

  - Venha até minha casa, precisamos conversar.

   Quarenta minutos depois, o homem, para quem o General havia ligado, chega a sua casa.

  - Venha vamos para o escritório. Por favor, sente-se.

  - O que há General?

  - O sargento entrou em contato comigo.

  - O sargento do 5º BPE?

  - Sim.

  - Quero que vá pessoalmente lá interrogar um prisioneiro chamado Álvares, ele é um militar. E está preso.

  - Como conseguirei interrogá-lo?

  - Está com suas credencias do SNI?(Serviço Nacional de Informações).

  - Sim senhor.

  - Irá entrar com a alegação de que vai interrogar um preso político não terá problema. Agora vá.

  Nesse instante, Mateus está deitado sem conseguir dormir pensando em tudo que lhe acontecera nesse dia. E principalmente, aquela menina que estava correndo atrás do caminhão onde o pai dela estava amarrado ao capô. Ele quer vê-la novamente, mas como? Ele sabe. Mas está se perguntando, se deve. E o sentimento incontrolável, quando reações químicas em nosso corpo se manifestam para subjugar a razão, implode dentro de Mateus e ele decide tentar encontrá-la. Ele fecha os olhos, e vai para onde foi alertado há nunca ir sozinho, o mundo astral. Mesmo se perguntando por que estava fazendo aquilo, Mateus não desiste, e antes de entrar ele olha para seu corpo que está deitado na cama e segue. Ele se prepara para dar de cara com a fera. “O que fazer? Eu não deveria estar aqui!” Mas quando ele transpassa totalmente, nada acontece. Ele entrou, e está sozinho, literalmente, não há nada a sua volta, nem objetos, nem pessoas, nada.

  - O que fiz de errado?  Essa não, eu me perdi. Calma, Felipe disse que eu só preciso pensar pra onde eu quero ir. Mateus tenta se concentrar no quarto do hotel onde seu corpo ficou, mas sua mente só consegue pensar naquela menina, e de olhos fechados ele ouviu um choro baixinho. Quando ele abre os olhos vê a menina sentada ao chão abraçando os joelhos. O coração de Mateus dispara, ele só respira por reflexo, sua garganta está seca e após alguns longos segundos ele diz.

  - Oi!

   A menina para de choramingar olha para cima e vê Mateus

  - Quem é você?

  - Meu nome é Mateus, como é o seu?

  - Natália.

  - Eu vi o que aconteceu com seu pai. Por que o levaram?

  - Disseram que ele é inimigo do governo, mas é mentira meu pai nunca nem se quer me bateu, faz tudo por mim e minha mãe.

  - Alguém sabe onde ele está?

  - Não.

  - Eles vão perceber que prenderam uma pessoa inocente.

  - Já ouvi meus pais conversando que amigos deles sumiram depois de terem sido presos.

  - Os soldados fazem sempre isso?

  - Sim.

  - Olha. Eu tenho certeza que vai dar tudo certo, logo você estará com seu pai.

  - De onde você é?

  - De muito longe.

  - Você pode ajudar meu pai?

  - Eu posso ajudar você. Por favor, segure minha mão.

  - O que vai fazer?

  - Não tenha medo. Segure minha mão. Agora pense em um momento bom que passou com seu pai. Feche os olhos. Pense em como era o lugar onde vocês estavam? O vestido que usava como chegou até lá. Confie em mim.

 Natália fecha os olhos por alguns segundos, e quando abre, vê seu pai na praia com ela quando ela tinha dois anos.

  - Sou eu e meu pai e nosso cachorro xereta. Como você fez isso?

  - Eu não fiz você que fez, é um momento de suas vidas que você tem guardado na memória.

  - Ele sempre levava agente na praia nos domingos.

    E Natália entra em prantos

  - Por que está chorando, não gostou de ver seu pai?

  - Não gostei de saber, que isso nunca mais vai acontecer.

  - Não pense assim. Meu mentor nos ensina que o que já aconteceu conosco jamais se repetirá mesmo que você tente repeti-lo, ele não irá acontecer nunca da mesma forma. É por isso que cada momento é único viva-o intensamente e eles nunca deixaram de existir em sua mente, e em seu coração.

    Natália senta-se e continua a olhar a cena que Mateus retirou da mente dela. Mateus senta-se ao seu lado e está tão empolgado que não percebe que há um desgarrado a cima deles os observado. De súbito, o desgarrado olha para sua esquerda e desaparece. Nesse mesmo instante uma mão toca o ombro de Mateus. Assustado Mateus vira-se e por alguns segundos ele desejou que fosse um desgarrado.

  - Felipe!

  - Venha, vamos embora.

  - Felipe... Eu não... Sei o que deu mim... Desculpe-me...

  - O que está feito, não pode ser desfeito... Mas o que está por vir pode ser evitado. Isso se você quiser. Eu quero lhe mostrar uma coisa. Dê-me sua mão.

    Mateus envergonhado segura a mão de Felipe e os dois instantaneamente aparecem em outro lugar, um lugar que Mateus já mais vai esquecer. O lugar onde vivem os desgarrados.

  - Felipe! São desgarrados?

  - Sim cada um deles.

  - Por que me trouxe aqui não é perigoso?

  - Se vier aqui sozinho sim, pode ser mortal.

  - Por que estamos aqui?

  - Por que aqui será o único lugar onde seu pai poderá encontrá-lo se você se perder nesse mundo.

  - Mas o senhor disse que ninguém pode ser resgatado depois que assume essa forma.

  - Não disse que seu pai iria resgatá-lo, na verdade só o desgarrado reconhece seu parente, faz parte do seu sofrimento saber quem são seus entes queridos e não poder entrar em contatos com eles.

  - Eu já entendi Felipe.

  - Espero mesmo. Seu pai confiou à vida do bem mais precioso que ele possui a mim, se eu não puder contar com sua obediência, pedirei a seu pai que o entregue a outro Mentor.

  - Não Felipe, eu quero continuar com o senhor, peço-lhe desculpas por ter desobedecido a seu pedido para eu não vir aqui sozinho. Desculpe-me.

  - Desculpas aceitas, mas não ficará sem castigo, sua entrada para esse mundo está proibida até segunda ordem, estamos entendidos?

  - Sim senhor.

  - Ótimo, agora vamos embora.

  - Mas e Natália?

  - Quem é Natália?

  - A menina com quem eu estava conversando.

  - Não se preocupe seu subconsciente se encarregará de levá-la pra casa. Provavelmente não se lembrará de você.

  - Não se lembrará de mim?

  - Não. Quando usamos nosso dom nas pessoas, a mesma energia que nos permite usar esse dom protege aqueles que são submetidos a ele.

  - O senhor quer dizer que as pessoas nesse mundo também possuem o dom?

  - Sim, só não sabem usá-los, se lhe fossem reveladas o que suas mentes podem fazer, poderia causar danos irreparáveis a seus cérebros. Vamos voltar. Teremos um dia ocupado amanhã.

 

    02h25min da manhã, o agente do SNI retorna a casa do General. Ao entrar ele tem uma surpresa. Na sala há outros oficiais. E ele reconhece todos.

  - Agente. Esses homens estão aqui para ouvir o seu relatório a respeito do soldado que foi interrogar.

  Na sala estavam o ten. coronel Timóteo. O major Andrade. E o sargento Elias. Um pouco receoso, o agente começa a narrar o que lhe foi dito.

  - O soldado chama-se Sandro Moreira Álvares. E ele foi detido essa madrugada após a escolta de um preso por ordem do capitão Breno. Desculpe-me senhor não sabia que haveria outros não fiz cópias do meu relatório.

  - Está tudo bem continue.

  - O soldado alega que não entendeu a princípio o que ocasionou sua prisão, uma vez não ter questionado nada ao oficial em questão. Meia hora após sua prisão, o capitão Breno foi até sua cela. Ele ficou olhando para o soldado por alguns segundos e essas foram suas palavras segundo o soldado.

  - É impressionante como a energia o protege mesmo em seu estado inconsciente. Não consigo controlá-lo, ao menos por enquanto. Ficará preso até eu decidir o que fazer com você.

  - Do que o senhor está falando? Por que eu fui preso?

 - Você ia questionar com o major os motivos da prisão do agricultor que trouxemos para cá esta madrugada.

   - Como o senhor sabe disso? Eu não comentei com ninguém?

   - No momento agradeça por estar vivo.

   - Por que está fazendo isso senhor?

   - Não é de sua conta.

 

  - Que agricultor é esse? Pergunta o major Andrade.

  - Eu não tive permissão para falar com o Prisioneiro.

  - Ele pode esta inventando tudo?

  - Sim ele pode, mas devemos nos perguntar por que ele faria isso?

  - Hora! Têm acontecido muitos ataques não autorizados pelo presidente Geisel. Deste que ele anunciou essa transição rumo a uma democracia, alguns oficiais estão demonstrando sua insatisfação.

  - O que sugere que isso seja General?

  - Isso é algo a ser investigado com mais atenção.

  - Soldados são presos todos os dias, eu não vejo o porquê devemos nos concentrar nesse caso.

  - Sargento gostaria de acrescentar algo?

  - Sim, eu falei com um amigo do soldado Sandro depois que eu tentei falar com o Agricultor. Ele me disse que conseguiu falar com ele, o nome do agricultor é Sebastião. Ele comentou como os soldados estavam estranhos, não agiam normalmente, era como se todos estivessem em uma espécie de transe, estavam ali, mas era como se não estivessem.

  - Ele disse por que também não estava em “transe”?

  - Não soube explicar.

  - Mas esse soldado que você interrogou viu isso acontecer?

  - Não senhor, ele por acaso foi escalado para a faxina nas cadeias e viu o amigo preso. Procurei todos citados pelo soldado Sandro e eles dizem a mesma coisa senhor, não se lembra do que aconteceu nesse período da saída da viatura até seu retorno, o que foi mais ou menos umas duas horas.

  - Este soldado está sugerindo que estão todos mentindo contra ele?

  - Achou que ele estava mentindo?

  - Pelo contrário senhor, eu achei que ele estava na verdade muito assustado, e por que mentir com história tão absurda? E por que o capitão Breno o isolou? Isso no mínimo é estranho.

  - Concordo.

  - Obrigado agente. Você percebe as complicações que traria para todos nós, inclusive você se comentar isso com alguém?

  - Não se preocupe senhor, só colho as informações, não as divulgo.

  - Ótimo, pode ir agora.

  - O que pretende fazer General?

  - Vamos até lá ver com nossos próprios olhos.

  - Se todos os outros soldados negam terem saído do quartel não temos como provar. E se dermos de cara com o capitão, como saberemos que também não iremos ter nossas “mentes invadidas”. Ele pode nos convencer que está tudo bem. Só nos resta libertar o prisioneiro, é o que vamos fazer?

  - Não, vamos participar da conscrição que acontecerá amanhã. Quando estivermos todos no pátio, eu irei à cadeia falar com o agricultor. Ele é a chave. Vocês ficaram de olho no capitão.

  - A sentinela irá relatar visitas.

  - Até isso acontecer terei a informação que precisamos. E pelo que entendi, os prisioneiros políticos ficam em umas celas no final da cadeia é onde o agricultor está, ao menos, é o que diz aqui o relatório do nosso amigo do SNI.

  - Nesse caso, até daqui a pouco senhores. Nós manteremos em contato fiquei de prontidão.

    Na manhã seguinte às 06h45min. Felipe e Mateus chegam à frente de uma casa em um bairro nobre da zona norte. A casa pertence ao coronel reformado Pantaleão de Menezes. Felipe não precisa bater, pois a uma mulher a frente da casa, varrendo.

  - Bom dia! O coronel Pantaleão ainda mora aqui?

  - Sim. Quem deseja?

  - Meu nome é Felipe, eu sou um velho amigo.

  - Um momento, por favor.

   E um homem de uns setenta anos sai ansioso da casa, e ao ver Felipe, para por alguns segundos como quem não acredita no que vê. Ele caminha a passos lentos na direção de Felipe e murmura.

  - É inacreditável. Meu Deus! Como pode continuar assim?

  - Olá meu amigo!

  - Por favor, entrem. Meu deus! É inacreditável. Por favor, sentem-se.

  - Coronel, este é o filho de Dimitri.

  - Eu me lembro dele ter comentado. Como vai rapaz?

  - Bem senhor.

  - Como está o seu pai?

  - Ele está bem.

  - Seu pai é um homem muito corajoso, foi uma honra lutar ao seu lado na grande guerra. Diga isso a ele.

  - Eu direi senhor.

  - É bom vê-lo Felipe. Mas acho que o que o trouxe aqui é mais do que uma visita ao acaso.

  - Preciso saber em que quartel está essa viatura.

   E Felipe entrega um papel com o número de uma placa.

  - Como anda as coisas por aqui coronel?

  - A era dos ditadores está acabando meu amigo, estamos em tempos de transição, o presidente Geisel está com um grande abacaxi nas mãos. O milagre econômico chegou ao fim. A insatisfação popular nunca esteve tão forte. O país teve que fazer mais empréstimo internacional ficando cada dia mais nas mãos dos países ricos. A oposição ganhou espaço nas ultimas eleições, aumentando ainda mais a pressão no congresso. O presidente não teve opção a não ser implantar a abertura política para acalmar os ânimos. A recessão toma conta a cada dia, e como se não bastasse à crise do petróleo bate a nossa porta. Fora isso, estamos bem. O que houve? O motorista dessa viatura não parou pra vocês na estrada?

  - Um amigo foi preso, só gostaria de saber se ele está bem.

  - Entendo. Dê-me um minuto. Francisca ligue o rádio, e traga uma bebida gelada pros meus convidados.

  - Sim senhor.

  - Por que o espanto dele ao ver o senhor.

  - A última vez que nos vimos foi há trinta anos. Ele era como eu sou agora.

  - Ele sabe sobre nós?

  - Sim ele sabe.

  - Confia nele?

  - No momento, é nossa melhor chance de achar Sebastião.

  A música que tocava no rádio é interrompida pra uma notícia urgente. “Acaba de ser encontrado morto em uma cela nas dependências do (DOI-CODI). Supostamente enforcado com seu próprio cinto, O jornalista Vladimir Herzog. Segundo informações dos militares que estavam sobe sua custódia o jornalista suicidou-se. Mas informações em instantes”.

  - Quem é Vladimir Herzog Felipe?

  - Não sei, mas deve ser alguém importante.  

  Quinze minutos após, o coronel retorna.

  - Está com sorte Felipe, à viatura está registrada aqui no 5°BPE. E a melhor parte é que hoje é a formatura dos novos conscritos o quartel estará aberto ao publico. Aqui está o endereço.

  - Obrigado coronel. Voltarei com tempo para conversarmos mais.

  - Boa sorte meu amigo. Mas, tempo, é uma coisa que está escassa por aqui.

        

                                    O Resgate

 

 

    Trinta minutos após. Felipe e Mateus estão de frente ao quartel.

  - Mateus preste atenção, eu quero você perto de mim o tempo todo, entendeu?

  - Sim Felipe.

 E os dois entram, o quartel está cheio, com pessoas indo e vindo, um palanque montado no meio do pátio onde a banda do quartel já está posicionada. Oficias conversando nos fundos do palanque, sentinelas em torno do pátio impedindo a passagem dos civis em algumas áreas. Provavelmente uma dessas áreas está à cadeia. Pensa Felipe. Ele olha em volta, e para um dos soldados que passa perto dele.

  - Com licença, bom dia! Poderia-me dizer onde fica a cadeia?

  - Desculpe senhor, essa informação não é permitida a civis. Com licença.

  - Tudo bem obrigado. Mateus venha.

  - Pra onde? Não sabemos onde fica.

  - Agora sabemos.

  - Como? Aquele soldado não disse na... O senhor entrou na mente dele?

  - Assim que perguntei onde fica a cadeia, ele pensou nela Entendeu?

  - Acho que sim.

  - Venha!

 E os dois atravessam o pátio, indo ao outro lado do quartel. Ao fazerem isso, passam pelo palanque onde está o General Fonseca murmurando com o sargento Elias.

  - Irei à cadeia assim que começarem os discursos. Não quero levantar suspeitas, quanto menos gente vê mais fácil de desmentir.

   Nesse meio tempo Felipe e Mateus aproximam-se da cadeia e são abordados por uma sentinela.

  - Essa área é restrita, por favor, retorne.

  - Eu só estou procurando a cadeia.

  - Não pode andar por aqui, por favor, deve retornar ao pátio senhor.

  - Volte ao seu posto soldado.

  - Sim senhor.

  E a sentinela continua em vigília como se nada tivesse acontecido.

  - O que fez com ele?

  - Depois te explico. Vamos.

  Ao chegarem à entrada das celas eles encontram mais um soldado. Fique um pouco atrás e só olhe para ele. Diz Felipe.

Aos verem, a sentinela presta continência.

  - A vontade soldado. Vim para interrogar um de seus prisioneiros o nome dele é Sebastião Saturnino de brito.

  - Ele é um soldado senhor?

  - Não, um civil.

  - Aqui não tem civis senhor, está área e só para militares os civis ficam atrás da outra companhia.

  - Obrigado cabo.

  Retirando-se Felipe comenta.

  - Não contava com isso.

  - O que houve Felipe?

  - Estamos no lugar errado, temos que voltar.

    Felipe e Mateus voltam pelo pátio, o que acaba chamando a atenção de um tenente que observa os dois deixando a área da cadeia. O tenente olha em volta e vai até a cadeia onde eles acabaram de sair. Sem perceber que há alguém os observava, Felipe e Mateus atravessam o pátio onde os discursos já começaram. Com os conscritos enfileirados de frente para o palanque e com os familiares concentrados no que viam. Não foi difícil passar despercebido por todos. Ao se aproximarem Felipe diz.

  - Não pare.

  E a sentinela presta continência para Felipe.

  - Me acompanhe soldado. Onde estão os registros das prisões?

  - Aqui senhor.

  - Procuro esse prisioneiro, Sebastião. Leve-me até ele.

  - Sim senhor.

  - Mateus espere aqui, fique de olho se aparecer alguém me avise.

  - Sim Felipe.

  Felipe entra, e com exceção do soldado, todos os presos, vêem Felipe como ele realmente é. Eles se encaminham para uma das celas e o soldado em tom autoritário pergunta.

  - Quem é Sebastião Saturnino?

  Reconhecendo o amigo, Sebastião mancando e com a mão sob o estômago com sinais visíveis de tortura sai de trás dos outros, pois na cela a cerca de uns dez homens.

  - Sou eu.

  - Venha, o major que lhe fazer algumas perguntas.

  - O que está fazendo aqui? Pergunta Sebastião.

  - Eu que deveria fazer essa pergunta. Não diga nada, ande.

  Quando eles saem do corredor de celas eles param.

  - Soldado, fique em seu posto e não permita que ninguém mais tenha acesso aos prisioneiros, até que eu traga de volta esse aqui.

  - Sim senhor.

  - Sebastião você está bem?

  - Sim. Como me encontrou?

  - Passamos em sua casa logo após o acontecido.

  - Vai conseguir me tirar daqui?

  - É o que vamos tentar. Consegue andar? Agora prestem atenção, começaram os discursos e as pessoas estão concentradas no evento, temos uma chance de sair sem sermos vistos, por tanto, fiquem juntos a mim e sejam rápidos. Entenderam?

  - Sim Felipe.

  - Pode ter certeza.

  - Não estou tão certo, não parece bem.

  - Mas vou conseguir.

  - Muito bem, se formos parados, não digam nada. Prontos?

   No Mesmo instante em que eles saem o tenente que os viu deixar à detenção dos militares, estava entrando e os surpreende.

  - O que está acontecendo aqui? Quem são vocês? Soldado!

  - Não funciona com esse. Murmura Felipe.

  - O que Felipe?

  - Tenente, acalme-se. Diz Felipe. E em uma velocidade incrível, agarra o oficial pela gandóla e o lança contra a parede nocauteando-o.

  - Venham. Depressa.

   E eles avançam rapidamente pelo pátio do quartel, e quando chegam próximos ao palanque houve-se um grito

  - Parem aqueles três! Eles estão fugindo.

  Felipe para e olhar o que está acontecendo, e vê o tenente atordoado atrás deles. Logo é cercado por soldados, Felipe sabe que não há o que fazer, e eles começam a se encaminharem de volta para a cadeia.

  - Felipe não vai fazer nada?

  - Ainda não. Não faça nada.

   E enquanto se encaminham para as celas Felipe concentra-se no soldado que estava de carcereiro e lhe ordena.

  - Solte todos.

  - O que disse? Pergunta Sebastião.

  - Nada fiquem juntos.

  E quando estão se aproximando da cadeia, houve-se um tumulto vindo de dentro

  - Preparem-se. Diz Felipe.

  E o tenente entra para ver o que está acontecendo, após alguns segundos, ele sai rendido por um dos presos. Imediatamente os soldados que faziam a escolta de Felipe e dos outros, apontam as armas para os prisioneiros, tudo passa despercebido por todos que estão no evento lá no pátio, pois as celas ficam por trás de uma das companhias.

  - Vocês entrem. Diz o prisioneiro que está com o tenente sob a mira de uma 45/9 mm.

 Felipe olha para o homem que parece ser o líder e diz.

  - Não precisa de nós.

  - Não precisamos deles.

  - Deixem-nos ir.

  - Os deixem ir.

  - Vocês só conseguiram sair daqui se tiverem armas.

  - Mas só temos essa.

  - Mandem mostrar onde fica a armaria.

  - Sim, onde fica a armaria?

  - Preparem-se. Fala Felipe para Mateus e Sebastião.

  - Felipe haverá uma carnificina aqui. Não pode permitir isso. Argumenta Mateus.

  - Não existe outra maneira de sairmos.

  - Pode controlar todos pra sairmos.

  - Não, eu não posso, nem todos podem ser controlados.

  - Como assim, acabou de fazer isso com três prisioneiros.

  - Não tenho tempo pra explicar agora Mateus. Venha depressa, precisamos chegar à saída antes que descubram.

  - O menino está certo Felipe.

  - E eu acho que o certo é vocês calarem a boca. Andem.

    Mas antes de chegarem ao portão são detidos, ouvem-se tiros e todos começam a correr para fora.  Temendo que os guardas fechassem os portões, Felipe, Mateus e Sebastião se aproveitam do tumultuo e conseguem sair.

  - Tente andar sem demonstrar que está ferido.

  - Eu consigo. Mas não conseguiremos ir muito longe sem um transporte.

  - Não se preocupe, tem alguém esperando.

   Felipe, Mateus e Sebastião entram em um taxi que o aguardavam em uma rua próxima.

   Dentro do quartel, os prisioneiros são controlados e não chegam à armaria.

   Vinte minutos depois de saírem do quartel os três chegam à pousada onde estão hospedados. Carregado por Felipe Sebastião deita-se na cama.

  - Tente descansar irá precisar. Preciso ir.

  - Aonde vai Felipe?

  - Trazer sua esposa.

  - Pra quê?

  - Não vai poder voltar pra lá, é o primeiro lugar onde vão procurar.

  - Mas não temos para onde ir.

  - Pensaremos nisso depois. Não tenho muito tempo assim que fizerem a contagem, saberão de sua fuga, temos pelo menos uma hora de vantagem, eles iram revistar todos antes que saiam

  - Mateus desta vez eu vou sozinho, preciso que fique e proteja-o. Sebastião, vocês devem ficar em silêncio. Os funcionários da pousada não sabem que você está aqui.

  - E se depender do estado em que estou, eles não iram ficar sabendo.

 Quando Felipe sai, o taxista ainda o espera. Felipe retira um saco do bolso e entrega ao motorista do taxi e lhe diz.

  - Pegue, aqui tem o que você vai precisar para recomeçar.

  - Recomeçar?

  - Sim, estou comprando seu carro.

   O motorista quando abre o saquinho de pano que Felipe o havia dado, ele tem uma grata surpresa, pois dentro, havia duas pepitas de ouro do tamanho de um limão cada uma. O motorista ficou sem palavras.

  - Onde estão os documentos?

  - No... No... Porta luvas.

  - Obrigado. E abrindo um imenso sorriso o taxista responde.

  - De nada!

 

                              O Capitão Breno

                             De volta ao quartel.

 

 

  As pessoas ainda estão saindo uma a uma em uma revista minuciosa. Enquanto na cadeia os prisioneiros que se rebelaram estão sentados na frente da companhia. Dezenas de soldados fortemente armados os vigiam. E ali mesmo a tortura começa. Ao lado dos corpos de três prisioneiros.

  - Quem era aquele homem? Como ele conseguiu entrar até aqui? FALA! FALA SEU MERDA! Chutado e agredido com um cassetete o prisioneiro grita.

  - NÃO SEI... EU NÃO SEI...

  - Leve-o pra dentro, ponham os outros dentro das celas.

  O General Fonseca Cruz aparece, e todos prestam continência.

  - O que houve aqui coronel?

  - Senhor! Uma tentativa de fuga frustrada pelo tenente Adalberto. O tenente percebeu uma movimentação estranha e acionou a guarda senhor.

  - Conte-me como aconteceu tenente.

  - Meia hora atrás senhor, vi que um homem e um menino.

  - Um menino?

  - Sim senhor! Acho que de uns doze anos ou menos.

  - Prossiga.

  - Na verdade o que me chamou a atenção foi à sentinela prestar continência para o homem.

  - Era um militar tenente?

  - Ele estava à paisana senhor, mas tinha porte de militar um oficial talvez.

  - Viu alguma credencial com ele tenente?

  - Não senhor.

  - Então não pode afirmar que era um oficial.

  - Não senhor.

  - Tragam o guarda aqui.

  - Quem libertou os prisioneiros?

  - O cabo Eriberto senhor.

 

. Providencie uma sala, vou interrogar os dois lá. Primeiro a sentinela, depois o cabo.

   Há 15 km do quartel, Felipe está se aproximando da casa de Sebastião. Ele estaciona o carro, em uma rua próxima e vai até a casa, cauteloso Felipe caminha lentamente observando tudo a sua volta. Ao se aproximar ele vê algumas pessoas na casa, mas não são soldados, parecem vizinhos e amigos de Sebastião. Felipe decide esperar. Os minutos se passam e as pessoas continuam lá. Felipe então decide agir. Decidido ele caminha a passos largos em direção a casa. Ao chegar, três pessoas estão com a esposa de Sebastião consolando-a.

  - Sim, pois não? Espere eu conheço o senhor. É amigo de meu marido, da guerra. Não é?

  - Eu posso falar com a senhora um minuto a sós? É importante.

 Felipe olha para os vizinhos que estavam na frente da casa, e um a um, eles se despedem e vão embora.

  - Receio não ser uma boa hora pra conversar senhor.

  - É sobre o Sebastião. Eu sei o que aconteceu.

  - Sebastião! O senhor o viu, onde ele está?

  - Ele está comigo numa pousada, está descansando agora. A senhora não pode ficar aqui, ele não poderá voltar pra cá.

  - Mas por quê?

  - Ele fugiu do quartel onde estava preso, nesse momento deve haver soldados vindos pra cá. Se quiser vê-lo novamente, precisa vir agora comigo.

  - Mas minha casa?

  - Não se preocupe a senhora poderá voltar depois que vê ele, os soldados não estão atrás da senhora, mas se eles chegarem aqui, a senhora não poderá encontrá-lo, pois eles ficaram vigiando-a. Vim buscá-la para se despedir dele. Ao menos por enquanto.

  - O que aconteceu, por que levaram meu marido?

  - Não sei ao certo ainda senhora, mas esteja certa eu vou descobrir. Agora vamos não podemos perder mais tempo. Ele vai precisar da senhora.

  No quartel.

  O General Fonseca está interrogando o soldado que estava de sentinela no momento em que Felipe passou por ele.

  - De onde conhece aquele homem, como é o nome dele, desde quando estão trabalhando juntos?

  - Que homem senhor?

  - O homem para quem você bateu continência.

  - Os únicos que apareceram, foi um coronel, e um sargento senhor.

  O General vai até a porta, e o tenente Adalberto entra.

  - Foi esse o soldado que você viu prestar continência tenente?

  - Sim senhor.

  - Pode narra como exatamente aconteceu?

  - Sim senhor. Eu estava fazendo uma ronda, quando vi dois civis passando por trás da companhia.  Eles estavam saindo da área do pátio, e decidi segui-los para fazê-los voltar. Dei a volta na companhia para alertar a sentinela, foi quando vi o soldado bater continência para os dois civis, os deixando passar para uma área proibida.

  - É o bastante tenente, tomarei seu depoimento depois, pode ir.

  - Sim senhor.

  - Esse mesmo homem e essa criança, retornaram por você, e você fingiu que não os viu.

  - Eles não retornaram senhor.

  - Não tente me fazer de idiota soldado não será bom pra você.

  - Não estou mentindo senhor, os únicos que passaram por mim foi esses dois oficiais. Eles estavam procurando as celas dos civis, e eu só disse que ali só havia soldados senhor.

  - NÃO MINTA PRA MIM!

  - Estou falando a verdade senhor. Não vi nenhum civil enquanto eu estava na guarda.

  Nesse momento, batidas na porta.

  - Eu disse para não ser interrompido.

  - Desculpe-me senhor. O sargento Elias aproxima-se e fala ao General. Terminou a contagem, um prisioneiro chamado Sebastião ao que parece conseguiu fugir.

  - Quem é esse Sebastião, comunista?

  - Não sabemos senhor. Se for não é conhecido.

  - Pois trate de descobrir.

  - Tentei localizar o oficial que comandou a prisão desse indivíduo senhor, mas não obtive sucesso.

  - Quem?

  - O capitão Breno.

  - Traga-o aqui.

  - Eu o procurei no quartel inteiro e o capitão não se encontra aqui senhor.

  - Como assim? Procure de novo.

  - Sim senhor.

  - Aquele homem arriscou a própria vida para salvar esse tal de Sebastião. Por quê? Agora vá.

   Há quinze quilômetros do quartel após ter saído da casa de Sebastião. Felipe e a esposa do seu amigo chegam à pousada.

  - Cuidado com a cabeça. Diz Felipe ao descer do carro.

  - Que loucura meu Deus, por que está acontecendo isso com agente? Felipe olha aquela mulher desconsolada como se quisesse lhe dizer a verdade, mas ele não diz.

  - Acalme-se, vai dar tudo certo.

  No Quartel. O General Fonseca está interrogando o cabo Eriberto

  - Por que você abriu as celas cabo?

  - Eu não me lembro senhor. Não me lembro de ter aberto as celas. Pode parecer mentira, mas é a pura verdade General, estava o tempo que fiquei esperando lá fora, tentando entender como eu deixei escapar esses prisioneiros e não me lembrar.

  - É o que tem a dizer cabo?

  - Não sei mais o que dizer General.

  - Por que não começa me dizendo quem era aquele homem?

  - Que homem senhor?

  - Não sei como você e os outros evolvidos conseguiram nos enganar por tanto tempo.

  - Enganar senhor!

  - Sua ficha diz que está aqui há quatro anos cabo.

  - Sim senhor. Servindo com honra a minha pátria senhor.

  - Me poupe de sua bajulação cabo, o que você fez, pois por terra todos seus anos de serviço, você será expulso com desonra. Por que não me conta quem realmente era aquele civil, talvez eu consiga que seja apenas expulso ao invés de preso para o resto da vida.

  - Não sou um traidor senhor, pode procurar saber com os oficiais sobre minha conduta, sou um soldado exemplar General. Daria minha vida pelo que faço.

    O general sai da sala e pergunta.

  - Já encontraram o capitão Breno?

  - Não senhor.

  - Quero o endereço do prisioneiro Sebastião.

    O General Fonseca vai até o sargento Elias.

  - Não temos muito tempo, assim que a notícia chegar a capital, Eu perco o controle da investigação, nós temos que achar o capitão Breno e esse Sebastião, eu acho que só temos um dia talvez dois, eu vou atrasar o meu relatório, mas não posso deixar de fazê-lo.

   - Tenente! Vou falar com você agora.

             

                                 Na pousada.

  

    Felipe começa a entrar, amparando a esposa de seu amigo. Ele estranha não haver ninguém na recepção mesmo assim continua entrando. Ele tenta entra em contato com Mateus, mas, não consegue agora Felipe tem certeza que algo o espera. E ele não tem outra opção a não ser retirar a esposa de seu amigo de lá.

  - Volte e espere no carro.

   A mulher apenas olha para Felipe, e retorna. Felipe para no corredor dos quartos e caminha tranquilamente até o quarto de Mateus. E antes que possa tocar a maçaneta, a porta abre-se.

  - Entre Felipe.

  Felipe caminha e logo vê que há dois soldados e um oficial ao lado da cama onde Sebastião está deitado e inconsciente. Mateus está sentado com o olhar fixo ao nada. E após alguns segundos com Felipe olhando para Mateus, ele se liberta do transe, e corre para perto de Felipe.

  - Você é realmente muito poderoso Felipe. Ninguém antes havia conseguido libertar alguém que eu controlasse.

  - Como você viu tudo tem uma primeira vez. Por que tudo isso, quem é você, quem o mandou para cá?

  - Infelizmente, você nunca saberá.

   E os soldados sacam as armas e apontam para a cabeça de Felipe e de Mateus.

  - Agora vejamos o quanto você é poderoso.

   Felipe olha para o soldado que está apontando a arma para Mateus, e o soldado começa a desviar sua mira para o seu colega de farda. Felipe coloca um contra o outro.

  - Atire na perna dele.

  - Felipe, NÃO! Grita Mateus. Felipe olha para Mateus e vê um olhar de desespero e muda sua intenção. Mentalmente ele ordena.

  - Larguem as armas e esperem no banheiro os dois. Pegue as armas Mateus.

  - Muito bem Felipe, de fato estar ao seu lado é um aprendizado constante. Mas vejo que o menino tem mais compaixão do que o seu mestre.

  - Quem é você?

  - Eu sou a pequena parte de um novo horizonte, onde dois mundos serão irremediavelmente mudados. E não a nada que você o seu regente Dimitri possam fazer para mudar isso.

  - Não respondeu minha pergunta.

  - Não são nossos nomes que nos tornam conhecidos, são os nossos feitos

  - E o que você vai fazer para ficar tão importante?

  - Não meu caro, como eu disse, sou uma gota d’água em um imenso oceano. É muito maior do que eu, meu trabalho embora único, é extraordinariamente decisivo, quanto há quem eu sou, por enquanto, pode-me chamar de capitão Breno.  

  - O que quer com esse homem?

  - Nada. Ele foi apenas um meio, não o fim. 

  - Por que não deixamos todos saírem e continuamos nossa conversa?

  - Não saíram. Meu triunfo de nada valerá se eu mesmo contar a história. E quem melhor para contar a derrota de Felipe do que o próprio filho do regente? O menino ficará. É uma ótima oportunidade para ele aprender com o mais forte. Além do mais, com a confusão que causaram lá no quartel, eles logo estarão aqui, seu garoto não dará conta deles.

  - Ele não precisará. Não vou me demorar.

  - Excelente. Então não percamos mais tempo.

   Mateus sente o ar ficar diferente, embora seu dom ainda não totalmente desenvolvido, mas, ele vê uma energia incrível tomar conta daqueles dois mestres, quando os dois começam a transparecer seus corpos astrais e se projetam para uma dimensão onde o paradoxo, é abundante. Sebastião não consegue entender nada, pois apenas vê os três parados sem dizer uma palavra. Mateus vê a forma astral de Felipe flutuar a sua frente.

  - Siga-nos.

  E Mateus assustado, obedece a seu mentor. Pois uma batalha mental está pra começar e ele teme o que pode acontecer quando duas mentes se enfrentam.

  - Não se deixe impressionar com o que vai ver, precisa estar concentrado, entendeu?

  - Sim Felipe. Totalmente transfigurados Felipe e o “capitão Breno” se observam. O “capitão Breno” transfigura uma espada flamejante, e Felipe protege-se com um elmo e os braços revestidos por uma couraça de metal, seu adversário não hesita, ele avança a uma velocidade incrível sob Felipe, que se esquiva e quebra a espada com um soco. O “capitão Breno” arregala os olhos não acreditando no que vê. Felipe não o ataca, apenas espera sua próxima reação. Mas seu adversário constata que Felipe não é um oponente comum. “Capitão Breno”, muda sua arma para uma lança e um escudo e avança contra Felipe. Golpes são desferidos contra ele que só defende-se deixando seu adversário cada vez mais irritado, que mais uma vez muda suas armas para um arco e flechas, e dispara contra Felipe uma sequencia de flechas que ao atingirem Felipe, mudam suas formas para dezenas de cobras que envolvem Felipe e começam a mordê-lo. Mateus sussurra – Felipe! –Mas ele está sendo totalmente envolvido pelas cobras que são atiradas pelo “capitão Breno”.

  - Que lástima, um verdadeiro enganador, nem foi um desfio.

  Mateus não pisca os olhos, pois Felipe encontra-se caído nem é possível mais vê-lo. Mais uns segundos se passam, e as cobras começam a inflamar e Felipe levanta-se ainda coberto de cobras queimando e caindo uma a uma, até que ele surge em chamas que lentamente começam a diminuírem suas labaredas e ele mostra-se por completo.

  - Incrível! Surpreendente eu diria. Terei que ser mais persuasivo. – “O capitão Breno” começa a atrair para si uma energia que parece vir do solo, tão poderosa que ele começa ficar eletrizado e não pode mais segurá-la, liberando contra Felipe, que só ergue uma das mãos formando um escudo invisível e bloqueando aquela energia que destrói tudo a seu redor. E ao cessar a nuvem de destruição, Felipe é visto em meio à poeira que se dissipa.

  - Você não é tão poderoso quanto me disseram Felipe, você é mais, e isso, é muito interessante, por que nos leva a um dilema, quer saber qual é? – Felipe não responde. – Eu direi assim mesmo. Lutarei com você em uma batalha que só com o descuido de um dos dois teria um fim ou, simplesmente faço isso. “O capitão Breno” atira sob Felipe mais flechas, que são repelidas sem esforço por ele, que segura uma das flechas com a mão quebrando-a. E é nesse momento que Felipe percebe que foi uma distração, pois Mateus está ladeado por dois desgarrados.

  - Esse é meu dilema Felipe, digo que o derrotei honestamente ou não? Acho que direi que sim, eu o derrotei honestamente. Não acha?

  - Largue o menino. Agora.

  - Claro. Assim que você deixar de existir.

  - Você não entendeu. – A imagem de Felipe some da vista de todos, e reaparece ao lado do “capitão” e diz. – Não foi um pedido. Felipe toca a cabeça do “capitão Breno” que mal conseguiu ver quem estava distorcendo sua mente.

   - Como eu disse antes, você não respondeu minha pergunta. Quem é você? E Felipe lhe tem revelado mais do que a identidade do “capitão”

   - Não pode ser! Sussurra Felipe em um tom preocupante. Mateus volte agora e vá para o outro quarto. Sebastião.

    Fala Felipe mentalmente com seu amigo.

  - Sim Felipe.

  - Pegue Mateus e leve-o para o quarto em frente depressa. Deixe uma arma aí.

  - Deixar uma arma?

  - Não discuta, vá!

  - Sim.

  Assim que Sebastião sai do quarto com Mateus, Felipe ordena.

  - Pegue a arma. – Fala ele para o “capitão” que ainda está sob seu controle. E Sebastião ao colocar Mateus sentado ouviu um tiro. Em seguida, Felipe entra no quarto.

  - O que houve?

  - Não sei.

  - E os soldados?

  - Inconscientes, mais bem. Não podemos continuar por aqui por mais tempo, logo este lugar estará cheio de soldados, precisamos ir agora. Sua esposa está lá no carro vamos.

  - O que houve com o “capitão”?

  - Eu não sei. Diz Felipe olhando para Mateus.

  -  Mateus venha como você está, consegue andar?

  - Sim.

   Os três começam a deixar a pousada, ao chegarem à portaria vêem a esposa de Sebastião argumentando com a recepcionista.

  - Você não está entendendo, meu marido está aí sim eu vim aqui com o amigo dele por que os soldad... Sebastião!

  - Tudo bem querida eu estou bem, precisamos ir.

  - Mas você está todo machucado, não pode sair assim.

  - Aqui isso deve pagar nossa conta. Felipe entrega um maço de dinheiros a recepcionista.

  - Senhor tem muito dinheiro aqui.

  - Fique com o troco.

  - Obrigada. Aquilo foi um tiro, vocês ouviram?

  - Não, você não ouviu nenhum tiro. O que aconteceu no quarto aconteceu depois que nós saímos. Entendeu?

  - Sim eu entendi.  O que aconteceu no quarto aconteceu depois que vocês saíram. Obrigada, e voltem sempre.

  Eles saem rapidamente e entram no carro. Mateus totalmente desnorteado com tudo que aconteceu, ele mal respira, medo, ansiedade, revolta despertam nele ao mesmo tempo. Quando ele viu seu mentor em perigo, viu o quanto Felipe é poderoso, então ele respira fundo, e se acalma. Ainda pensando no que aconteceu, mas, todos estão calados dentro do carro, atônitos com o que aconteceu e mesmo cheio de perguntas a fazer, Mateus também se cala, na verdade ele não sabe por onde começar. Felipe então fala mentalmente com Mateus.

  - (O que achou?)

  - (De que?)

  - (Ficou com medo?)

  - (Muito.)

  - (Muito bom então, sentir medo é essencial, não quero que tente não pensar em tudo que viu.)

  - (Não?)

  - (Pelo contrário, deve pensar exatamente em tudo que viu analisar-se, deve acostumar-se com esse tipo de coisa, faça do que aconteceu mais uma lição, embora extremamente perigoso para você, teve uma oportunidade ímpar em seu aprendizado e não quero que a desperdice esquecendo-a.)

  - (Sim Felipe. Para onde vamos?)

  - (Não sei, no momento vamos pra bem longe desse quartel.) Sebastião, como está?

  - Para onde estamos indo?

  - Por enquanto pra longe.

   Vinte minutos depois, a pousada está repleta de soldados, a rua foi interditada, os militares cheios de dúvidas, principalmente quando descobriram que o capitão Breno não é capitão de nada, nem mesmo é um militar. O General Fonseca, o sargento Elias e o tenente Adalberto chegam ao local. Eles vão direto até o quarto.

  - O que aconteceu aqui?

  - Ainda não sabemos senhor. Só temos a certeza de uma coisa, esse homem nunca foi capitão senhor.

  - Que absurdo é esse?

  - Esse homem não consta nem mesmo como soldado senhor.

  - Isso não pode ser verdade primeiro sargento, este homem está lotado aqui no 5º BPE.

  - Eu sei senhor, foi meu capitão por quase dois anos.

  - Como ele pode enganar todos por tanto tempo?

  - Também estamos sem entender nada senhor.

  - Quem é esse filho da mãe?

  - Senhor, eu já tenho o endereço do tal de Sebastião.

  - Ótimo, vá até lá com o tenente Adalberto, eu ficarei aqui e vejo o que consigo.

  - Tenente Adalberto? Pergunta o sargento Elias.

  - Sim eu o recrutei, ele deu uma boa olhada no cara que esteve no quartel, e parece que é o único que se lembrar do que aconteceu, ele pode ser muito útil. Vá não temos muito tempo.

   Dentro de um Volkswagen (fusca) a esposa de Sebastião não para de perguntar o que aconteceu.

  - Por que eles fizeram isso contigo Sebastião?

  - Eu não sei.

  - Como não sabe o que tu andaste fazendo?

  - Nada, já disse que nada. Não sei por que foram atrás de mim. Ele parecia conhecê-lo Felipe, você o conhecia?

  - Ele não. O que ele fazia sim. Ele veio de onde eu vim.

  - Você o conhece, então deve dizer a ele que meu Sebastião não tem nada a ver com tudo isso.

  - Acho que ele já sabe. Receio que ele só foi atrás de você por que queria me encontrar, de algum modo ele soube que eu o conhecia, e aí, acho que ele arriscou, e deu mais ou menos certo.

  - Ele não contava que você conseguiria me tirar de lá.

  - E eu não iria, se ele não tivesse bloqueado minha visão na hora que o aprisionou.

  - Obrigado pela sinceridade.

  - De nada.

  - Pode nos dizer pra onde vamos, ou vamos ficar rodando até a gasolina acabar?

 - Quanto tempo vocês não vão à praia?

 - O que?

  Quinze minutos após saírem da pousada, eles chegam ao litoral em uma vila de pescadores, onde Felipe conhece alguém.

  - Quem mora aqui?

  - Um velho amigo.

  - Felipe, todos que você conhece são velhos.

  - Como você sabe Mateus, eu venho aqui há muito tempo.

  - Ô de casa! Grita Felipe pra dentro de uma casa na beira da praia.

  - Ô de fora! – Em uma casinha simples de alvenaria, mas coberta com palhas, um homem de uns quarenta anos sai e cumprimenta Felipe.

  - Boa tarde.

  - Bom tarde, senhor, é aqui mora um molequinho sarara que todo mundo chamava de (feijão branco) de tão branco que ele era.

  - Ainda mora. Quem deseja?

  - Diga a ele que é um velho amigo de pescaria, ele me ensinou a pescar.

  - Eu estou lhe conhecendo... O senhor é aquele estrangeiro que veio com outro moço pra aprender a pescar. Mas não pode ser por que isso foi já faz uns trinta anos, o senhor é parente dele? Por que esse molequinho que o senhor ta falando aí sou eu, e como o senhor ta vendo eu já to bem crescidinho.

  - Feijão, sou eu Felipe.

  - Olha se isso for uma brincadeira eu tenho mais o que fazer.

  - Eu sei o quanto é difícil pra você acreditar, mas sou eu, Felipe, olha bem pra mim.

  - Se fosse meu amigo Felipe ele teria uns oitenta anos por que eu era um menino quando ele esteve aqui. Olha dá licença que eu tenho mais o que fazer.

  E o homem começa a entrar na casa. Nesse momento Felipe diz.

  - Uma vez, eu e meu amigo feijão roubamos o barco do pai dele, e o barco afundou. Meu amigo feijão começou a chorar por que aquele barco era o único sustento que o pai dele tinha pra manter sua família, aí então eu fiz uma coisa que eu não poderia ter feito, retirei o barco de dentro d água e o levei até a praia onde nós concertamos e pai dele nunca soube. Nesse dia nós fizemos um acordo, ele não revelaria como foi incrível ele me ver retirando o Barco de dentro d água com as próprias mãos, e eu não contaria que fomos nós que pegamos o barco escondido. Nunca mais eu me esqueci disso. – O homem que havia parado, vira-se lentamente enquanto Felipe contava a história, aproxima-se para vê-lo de perto e diz.

  - Nem eu, aquilo foi incrível, mais saiba que eu não guardei segredo contei essa história pra tudo mundo mais ninguém nunca acreditou, pois agora quando eles tiverem nunca mais que vão zombar de mim.

  - Feijão, ninguém pode saber que nós estamos aqui. Só preciso saber se tem algum lugar pra agente ficar essa noite, amanhã bem cedo saímos.

  - Mas por que, o que houve?

  - Desculpe-me meu amigo, mas no momento não podemos lhe explicar, só precisamos de um lugar, meu amigo está um pouco machucado precisa descansar. Não se preocupe se não puder ajudar.

  - Deixe-me pensar...

  - Se não se incomodarem com o cheiro de peixe, podem ficar na casa dos braços, ninguém vai lá a não serem os pescadores, e eles não vão sair hoje.

  - Está ótimo feijão, vai nos servir muito bem. Obrigado.

  - Minha nossa, como isso é possível?

  - Força física não é o único segredo que eu tenho feijão.

  - Mas afinal de contas o que foi que houve?

  - Meu amigo aqui foi preso injustamente, e eu fui libertá-lo, aí alguns oficiais do exército não gostaram muito, e querem levá-lo de volta e a mim junto com ele.

  - Eles enlouqueceram, estão levando as pessoas por nada, bastas ter uma desavença com alguém que pronto os militares levam sem motivo algum, dizem que somos subversivos.

  - Tem desaparecido muita gente assim?

  - Muita gente. Muitos dos que vão, não são mais vistos, dizem que alguns dos procurados já estão saindo escondidos, vestidos de mulher, fazendo de tudo pra conseguir fugir.

  - Por que tudo isso?

  - Ninguém sabe. Ou não querem dizer.

  - Obrigado meu amigo, sei o quanto é perigoso pra você nos esconder. Obrigado.

  - Fique tranquilo, está seguro aqui.

  - Eu sei.

   – Ao se afastar um pouco da casa dos barcos, o amigo de Felipe olha pra trás com um olhar pensativo, seus olhos mechem de um lado para o outro demonstrando claramente pensamentos inquietos. Felipe não percebe nada, pois está preocupado com Mateus, ele não deu nenhuma palavra depois que viu Felipe e o capitão Breno lutarem. Então Felipe pergunta.

  - Foi incrível não foi?

  - Que parte, a que nós invadimos o quartel, ou a que o senhor pós em risco a vida de alguns homens inclusive a nossa?

  - Deve descansar agora Mateus, precisa digerir um pouco tudo isso, não se preocupe, vai se acostumar.

  - E se eu não quiser?

  - Não é uma questão de escolha. Agora durma, vai precisar de suas forças. – Felipe vai até Sebastião e a esposa que estão deitados em uma esteira de palha cedida por feijão.

  - Como está?

  - Melhor, obrigado.

  - Peço-lhe desculpas por está lhe causando tudo isso meu amigo, esteja certo que não ficarás desamparado, providenciarei outra habitação pra vocês.

  - Como assim outra habitação, eu quero voltar pra minha casa, Sebastião o que ele está dizendo?

  - Hidalina, ele está certo, não podemos voltar.

  - Senhora Hidalina, como eu lhe disse, a senhora talvez pudesse voltar, mas se fizer isso não poderá mais ver seu marido, é o que a senhora quer? A única maneira de vocês continuarem juntos é em outro lugar. Os Militares não descansaram enquanto não puserem a mãos em você meu amigo, terá que se esconder talvez em outro país.

  - Ficaremos por aqui mesmo, se tiver que morrer, eu quero morrer em meu país.

  - Ficará aqui meu amigo e bem vivo. Agora descansem teremos um dia bem cheio amanhã. – Felipe levanta-se e sai da casa dos barcos, vai até beira da água onde as ondas quase batem a seus pés, com um olhar preocupado ele entra em transe e se comunica com Dimitri. – Dimitri encontra-se em seus aposentos lendo, quando Felipe transfigura a seu lado.

  - Regente. Exclama Felipe. – Dimitri percebe que não se trata de uma visita comum. Fechando o livro que lia, ele levanta-se e fica de frente a Felipe.

  - Receio não ser uma visita comum.

  - E não é Dimitri, enquanto eu ensinava como caminhar no mundo astral a Mateus, visitei transfigurado junto com Mateus o nosso amigo Sebastião. Encontramos sua esposa caída debaixo da mesa, e descobri que nosso amigo havia sido levado pelos militares.

  - Não é problema nosso Felipe. Sabe disso.

  - O que me chamou a atenção, foi que não consegui ver quem era o oficial que o havia levado.

  - De que está falando?

  - Havia um bloqueio mental.

  - Tem certeza?

  - Sim. Então resolvi investigar quem era o oficial. Descobri onde o Sebastião estava, e Mateus e eu fomos até lá. Tiramos Sebastião do quartel, e enquanto fazíamos isso fomos surpreendidos, mas conseguimos sair. Deixei Sebastião e Mateus na pousada onde estávamos hospedados, e fui atrás da mulher de Sebastião. Ao retornar, Mateus estava sob a custódia do oficial que prendeu Sebastião. Ele era um de nós. Seu nome era Heichinger, membro da irmandade suprema.

  - A irmandade suprema jurou lealdade a Nefastus. O que ele queria com você?

  - É muito pior Dimitri, sei onde Nefastus está conseguindo os substitutos para os desgarrados, ele infiltrou seus lacaios no exército Brasileiro, e está usando as pessoas presas pelo exército para libertar aquelas bestas. E depois as transportam pra cá.

  - A esfera, ele deve ter encontrado um meio de usar a esfera para fazer isso, poderá fazer isso em qualquer mundo. De fato é muito pior.

  - Ele precisa ser detido Dimitri.

  - E ele será. Quero sua presença na reunião, apresentaremos as provas que temos, Nefastus terá uma surpresa. Como está Mateus?

  - Ele presenciou meu confronto com Heichinger. Está um pouco assustado, confuso eu diria, mas bem.

  - Tem que prepará-lo para o que virá Felipe.

  - Eu o farei. Dimitri, Heichinger, não estava atrás de mim.

  - Eu já temia por isso meu amigo, anteciparei a inda dos gêmeos, chegaram ao amanhecer.

  - Obrigado.

  - Agora vá, lembra o quanto eu fiquei confuso também?

  - Sim eu me lembro. Vejo-o em algumas horas.

  Ao retornar, Felipe fica olhando o mar, e após alguns segundos, Mateus aproxima-se.

  - Desculpe-me Felipe, não poderia ter falado com o senhor daquele jeito.

  - É não deveria, mas está tudo bem, não aceito, mas entendo. É magnífico não acha?

  - O que?

  - O mar.

  - É comum. Tem no mundo todo, esse mundo deveria se chamar mundo das águas.

  - De fato. Mesmo assim ele é extraordinário, poderoso e imprevisível. É assim que você deve se tornar Mateus, poderoso e imprevisível.

  - Como assim? O mar é calmo e nos aceita sem questionar, sem a intervenção da terra ou dos ventos, nada ele faria, o seu poder fica adormecido.

  - Exato. É assim que você deve ser calmo e acolhedor, mas se precisar e com ajuda, você pode ser quase invencível, será capaz de feitos incríveis, que mesmo tendo os feito duvidará de si.

Quando isso acontecer, todos saberão que mesmo com sua aparência tranquila, você é muito perigoso. Aí, não precisará mais de mim. Até lá, quando eu pus em risco todos nós, sabia exatamente o que estava fazendo, quando você hesita em cumprir ordens, não sabe o erro que esta cometendo, preciso que faça exatamente o que eu mandar, você entendeu?

  - Sim Felipe, eu entendo.

  - Aquele homem não estava atrás de mim Mateus, ele estava atrás de você. Acabei de falar com seu pai, ele está enviando dois guarda costas para nos proteger.

  - Proteger o senhor, é brincadeira?

  - Não. Chegaram pela manhã, deve ir dormir agora precisa descansar.

  - Sim senhor.

  Mas Mateus não consegue dormir, mesmo estando exausto. Quando todos ficam em silêncio, e apenas as ondas do mar são ouvidas, Mateus só consegue pensar em uma coisa, Natália. Por que aquela menina não sai da minha cabeça. Pensa ele. E o sentimento que para Mateus era inexistente, torna-se incontrolável, e ele decide encontrá-la. E Mateus fecha seus olhos tenta amenizar sua saudade com a imagem de Natália, ele quer encontrá-la, e só uma maneira de isso acontecer, é desobedecendo, mas não consegue controlar, ele vai, e quando sua visão opaca começa a clarear, mais uma vez ele tem uma surpresa, pois começa a ver sombras a sua frente, e abrindo um sorriso, pois ele irá encontrar quem tanto deseja o seu coração que dispara ao ver a imagem que lhe é revelada, ninguém menos que Felipe está a sua frente.

  - Onde pensa que vai?

  - Feli. li..pe?

  - Quem esperava?

  - Ninguém.

  - Aquela menina?

  - Que menina?

  - A que você não consegue parar de pensar.

  - Desculpe-me Felipe.

  - Vai passar a vida pedindo desculpas Mateus?

  - O que quer que eu faça?

  - Deve errar menos. Não tem noção do que aconteceu hoje não foi?

  - Aquele homem que enfrentei hoje estava atrás de você, nesse momento seus lacaios já devem ter avisado a Nefastus o que aconteceu, deve haver umas dezenas de outros como aquele vindo pra cá nesse momento.

  - Mas o senhor é muito poderoso, pode acabar com eles também.

  - Poder não significa vitória. Nenhuma força é invencível. Astúcia e coragem vencem batalhas, mas a humildade vence a guerra.

  - Humildade?

  - Sim, pra reconhecer, por exemplo, que não somos invencíveis. Só poderá vencer seu inimigo se respeitá-lo como inimigo. Você entende?

  - Acho que sim.

  - Nem sempre eu estarei por perto para protegê-lo Mateus, deve aprender a obedecer.

  - Sim senhor.

  - Agora venha.

  - Sim.

  - Por aqui.

  - Aonde vamos?

  - Acho que não fará mal dar uma olhada na sua amiga.

  - Está falando sério? Pergunta Mateus empolgado.

  - Sim, eu nunca brinco com o coração dos outros.

  - Coração de quem?

  - Deixa pra lá.

  E Mateus segue Felipe entusiasmado em reencontrar Natália, ele mal consegue esperar pra encontrá-la.  Felipe segura sua mão, e Mateus fecha os olhos e em uma fração de segundos, os dois estão perto dela. E Mateus ao vê-la, fica atônito, pois há dois desgarrados cercando-a e um homem com a mão na testa de Natália, ela está ajoelhada com os braços arriados e lágrimas saem de seus olhos. Felipe logo percebe do se trata e parte para cima das feras que fazem a guarda do homem. Uma luta começa, pois, Felipe tem de enfrentar as duas feras que parecem mais poderosas que as anteriores, pois ele se surpreende em como a fera desviou de seu golpe. Mas com a aparição de Felipe e Mateus o homem solta Natália. Mateus imóvel vê Natália cair desacordada, ele corre para pegá-la, mas o homem o impede transfigurando uma jaula em volta dele.

  - Mateus não.

  Mas o pedido de Felipe é atrasado.

  - Hora, quem disse que os desejos não são atendidos? Vejam só, O mentor mais famoso dos regentes bem na minha frente. É um homem difícil de encontrar Felipe.

  - Estou começando a duvidar disso. Solte o menino.

  - Claro. Ele não vai muito longe mesmo.

  A jaula que prendia Mateus desaparece, e ele corre pra encontrar Natália.

 - Não perca seu tempo Garoto, se ela acordar, viverá como um vegetal, babando como uma criança. Mateus segura Natália em seus braços.

  - Natália! Natália! Por favor, fale comigo. Natália!

  - Já disse pra não perder seu tempo, ela não pode ouvi-lo.

  - Por que fiz isso a ela?

  - Segui o rastro mental que Felipe deixou até aqui. Há, ela parece que gostava de você, mantinha o encontro de vocês e como você a fez se lembrar do pai. Patético.

  Mateus com lágrimas nos olhos põe Natália no chão com cuidado, e vira-se, sua dor se transforma em ódio, e uma energia começa a emanar de seu corpo seus olhos brilham intensamente sentindo essa energia os desgarrados avançam sob Mateus, e raios saem de seus olhos atingindo o homem e os desgarrados fazendo suas imagens projetadas desaparecerem. Da mesma forma que a energia aparece, ela se vai. E Mateus cai desacordado. Felipe toca a testa de Mateus, e antes que ele possa mandá-los de volta, Mateus segura a mão de Felipe.

  - Não, ainda não, como ela está? Felipe olha para ele com um olhar de espantado com o que acabou de presenciar. E vai até Natália. Ainda deitada Felipe sonda sua mente.

  - Ela esta inconsciente, mas viva.

  - O que ele fez com ela?

  - Não sei ao certo Mateus, estou mais preocupado o que aconteceu com você, precisamos ir.

  - O que vai acontecer com ela? Pergunta Mateus.

  - Eu a mandei de volta, não deve se preocupar com isso agora. Felipe toca a mão na testa de Mateus, e os dois retornam à casa dos barcos.

  Há dez quilômetros de lá. O General Fonseca, Major Andrade, coronel Timóteo, Tenente Adalberto, e o Sargento Elias estão na casa do General.

  - Senhores, nós nunca chegamos tão perto do nosso objetivo como agora, nas últimas horas os acontecimentos nos colocaram a de volta a uma investigação que já dura quase vinte anos, dos que estão aqui, somente o senhor tenente, com exceção de hoje, não havia encontrado com eles, o que presenciou hoje no quartel tenente vai muita além do que alguns de nós estamos dispostos a aceitar, é para muitos uma devaneio, mas se é nossa mente tão poderosa assim que nós mesmos somos enganados por ela, como saber se o que vimos e ouvimos é o que realmente é?

  - Não estou entendendo senhor.

  - O coronel Timóteo e eu tivemos uma experiência intrigante durante a grande guerra, assim como o Major Andrade, nós éramos jovens, e não demos a importância necessária na época por que consideramos uma idéia absurda.

  - Que idéia senhor?

  - O que vou lhe dizer agora é confidencial, não é aceito por alguns de nós, ainda, mas é uma realidade que não pode ser mais ignorada, acreditamos tenente, que aquele homem que libertou o prisioneiro é dotado de uma habilidade extraordinária, acreditamos que ele é capaz de saber o que estamos pensando, de manipular nossa mente para acreditarmos no que ele quiser. Muitos diriam que ele é um tele pata.

  - O que é um tele pata?

  - Ele usa a mente para controlar as pessoas.

  - General com o devido respeito, isso é um absurdo.

  - Tenente, você me disse que conhecia muito bem o guarda que estava de serviço na hora da fuga, e que não acreditava que ele estivesse envolvido com aquele homem. Como explica o fato dele não se lembrar de um homem e um menino passar por ele, e entrar nas celas?

  - Estive pensando sobre isso General, e infelizmente nunca conhecemos bem as pessoas. Começo a aceitar que ele pode ser um traidor, muito dos soldados tem escondido que seus parentes fazem parte da luta armada contra o governo, é a explicação mais lógica e aceitável. Se fosse verdade, ele teria me controlado também, e eu não me lembraria de nada.

  - E é por isso que está aqui, como na época, nós também não acreditamos e não sabíamos nada sobre eles.

  - E o que sabem agora?

  - Que sua habilidade por alguma razão, não funciona com todos, e é por isso que você está aqui.

  - Desculpe-me General mais eu não acredito.

  - Não preciso que acredite tenente, só que cumpra ordens, você vai acreditar.

  Batidas na porta.

  - Entre.

  - Desculpe general, telefone para o senhor é do quartel.

  O general sai para atender ao telefone.

  - E o senhor Major, também esteve na segunda guerra com esse tele pata?

  - Sim, fui salvo por dois desses.

  - Salvo?

  - Como o General disse, quando você ver, vai acreditar.

  - O que o senhor viu que lhe fez acreditar?

  - Eu, vi oito soldados italianos atirarem uns nos outros.

  - Desertores?

  - Talvez, mas nunca saberemos.

  O general retorna.

  - Recebemos uma denúncia anônima, dois homens, uma mulher e uma criança, foram vistas na vila dos pescadores na marim dos caetés, uma patrulha já está a caminho. Vamos pra lá.

  - Como alguém poderia saber do que está acontecendo?

  - Exato. Como?

  - Há! Claro, a menos que algum deles tivesse comentado. São eles. 

  Duas horas depois às 04h00min da manhã os soldados em silêncio cercam a casa dos barcos.

   O general ordena que todos parem e que só o autor da denúncia vá até lá.

  - Faça-os saírem.

   Sussurra o general. Há passos lentos, o homem que ofereceu abrigo para Felipe e os outros, vai agora entregá-los como mercadoria de troca, feijão conseguiu um acordo rápido para libertar seu irmão que está preso. Quatro por um, foi o seu argumento, tentando esconder seu nervosismo ele chega à porta da casa dos barcos, e quando a abre, seu nervosismo transforma-se em espanto, não há ninguém. O general percebe que algo está errado e corre até lá.

  - Onde eles estão?

  - Eles estavam aqui general, eu os deixei ficar aqui para passar a noite, ele disse que só iria pela manhã, eu juro senhor eles estavam aqui.

  - Acredito em você.

  - Vai soltar meu irmão?

  - Sem mercadoria, sem acordo.

  - General meu irmão é inocente.

  - Eu acredito, mas não sou eu quem irá julgá-lo. O que ele disse a você?

  - Nada, já disse ao senhor, ele chegou aqui me dizendo que havia libertado um amigo da cadeia e que precisava se esconder.

  - Desde quando você o conhece?

  - Eu o conheci quando era criança.

  - Quando vocês eram crianças?

  - Não, quando eu era, ele já era como é agora

  - Como assim?

  - General pode parecer loucura, mas ele já era assim como ele é agora um adulto.

  O general olha para o tenente Adalberto

  - Conte-nos mais.

  E feijão começa a contar a passagem de Felipe e Dimitri trinta anos atrás. Enquanto Felipe e os outros já estão longe de lá.

  - Vai nos contar agora por que sairmos desse jeito?

  - Os militares estavam a caminho, fomos denunciados.

  - Como você sabia?

  - Acredite Hidalina, ele sabe.

  - Para onde vamos agora?

  - Vamos sair da cidade.

  - Que amigo em!

  - Ele não fez por mal, o irmão foi preso e ele nos ofereceu em troca. Além do mais, ele não me ver a trinta anos.

  - Belo reencontro!

  - Estamos bem e é o que importa.

  - Até quando?

  - Acho que existe um lugar onde agente pode ficar Sebastião. Diz D. Hidalina

  - E onde?

  - Na casa de meus pais.

  - Muito bem vamos comer alguma coisa e vamos pra lá.

 

 

                              Em Harkllam

 

  Dimitri está com três assessores despachando em seus aposentos. Um quarto homem entra e dirige-se a ele.

 - Regente, pediu-me para ser avisado quando os gêmeos chegassem, eles o aguardam na outra sala senhor.

  - Obrigado. Deem-me um minuto. E Dimitri vai ao encontro dos gêmeos.

  - Lenine, Zool. Obrigado por terem vindo tão rápido.

  - Quando se é procurado pelo conselho dos anciões, imaginamos há urgência.

  - Já estão a par do que farão?

  - Sim.

  - Vocês já foram há esse mundo?

  - Sim, eu já, fui treinado por quatro anos ao lado de Felipe logo após o seu retorno Regente.

  - Excelente. Mas o que estamos enfrentando pode ser muito maior do que podemos imaginar, temos motivos para acreditar, que Nefastus está usando a esfera para libertar os desgarrados para nosso mundo.

  - Perdão regente, como ele poderia fazer isso?

  - Ele pode está usando o poder da esfera, para sequestrar almas do mundo para onde vocês iram, e substituindo-as pelos desgarrados, só que os enviando para cá, e deixando almas perdidas no mundo astral, onde vocês bem sabem iram se tornar novas criaturas.

  - Isso é assustador.

  - Eu concordo. Por que não destruímos a esfera?

  - Ela não pode ser destruída. Não por nós. Só crianças podem controlá-la. Sua pureza as protegem de todo o mal contido na esfera. Nefastus deve ter encontrado um meio de controlar as crianças, assim ele controla a esfera.

  - Então precisamos destruir Nefastus.

  - Faremos isso.

  - Por que não vamos até lá e tiramos esse canalha à força?

  - Nefastus é muito articulado, muitos regentes têm interesses próprios com o plano norte, negócios que os deixam de mãos atadas para tomarem alguma decisão contra esse ditador. O que vão encontrar no Brasil não é muito diferente.

  -Brasil?

  - Sim, é o nome da nação para onde iram. Os lacaios de Nefastus estão perseguindo Felipe e Mateus. Felipe descobriu que eles se infiltraram no exército brasileiro, e estão usando as pessoas presas para fazerem a troca.

  - Não seria melhor trazê-los de volta?

  - Agora que sabemos dos planos de Nefastus não, vocês estão indo para lá, ajudar Felipe a encontrar os infiltrados e se possível, trazê-los à justiça. Serão nossa linha de defesa contra os desgarrados, vocês precisam impedir que mais pessoas desapareçam.

  - Eles migrarão para outro mundo.

  - Nós sabemos, mas não temos escolha precisamos começar imediatamente.

  - Estamos preparados.

  - Vão para o templo maiores estarei com vocês antes de sua viagem.

  - Sim regente. Dimitri retorna a seus aposentos.

                     

                                  

                                           No Brasil.

    Felipe e os outros chegam à casa dos pais de D. Hidalina. Todos saem do carro, mas só D. Hidalina entra na casa seguida de seu marido Sebastião que é impedido por Felipe que o chama.

  - Sebastião nós não vamos entrar, precisamos ir, quero que aceite isso. Felipe retira do bolso um maço de dinheiros e entrega a Sebastião. – Esse dinheiro vai ajudá-lo a recomeçar. Desculpe-me por tudo que lhe causei, espero que nosso próximo encontro seja em outras circunstâncias.

  - E será. Não se preocupe, Deus faz coisas que não entendemos, e nem precisamos, boa sorte nessa caminhada, sei que tem muitos desafios pela frente.

  - Obrigado meu amigo. Até logo. Felipe e Mateus entram no carro e partem.

  - Pra onde vamos agora Felipe?

  - Esboçando um leve sorriso, pois sabe qual vai ser a reação de Mateus, Felipe diz. Encontrar mais dois velhos amigos.

  - Felipe todos os seus amigos são velhos?

  - Não, esses dois são até muito jovens. Eles são de Harkllam.

  - Sério?

  - Sim. Acho que já você ouviu falar deles. Lenine e Zool.

  - Os gêmeos?

  - Sim. Eles serão nossos guarda costas.

  - LEGAL! Ah, quer dizer que bom.

  - Também gosto muito deles. Junto com o seu pai, foram os melhores que já treinei.

  - Onde vamos encontrá-los?

  - Viu aquele canavial onde passamos?

  - Não.

  - Ah você estava dormindo, mas é aqui perto. Enviarei as condenadas ao Templo Maior para eles poderem chegar exatamente onde estamos.

                                 

                                  Em Harkllam

   

     Lenine e Zool estão prontos e aguardando Dimitri para poderem partir. Eles estão no Templo Maior, lugar aonde poucos vão, uma honra que leva anos para ser conquistada, e esses dois conseguiram ainda jovens. Enquanto eles conversam, Dimitri aproxima-se. – Senhores!... Estamos iniciando uma batalha que não sabemos como irá terminar, preciso saber se realmente estão cientes do que estão enfrentando?

  - Sabemos que o pode acontecer Regente.

  - E não achamos que é uma questão de escolha.

  - Felipe tem razão, vocês estão prontos. Boa sorte!

                                

                              No Brasil.

 

    Felipe e Mateus chegam ao local do encontro.

  - Ficou pensativo Mateus, o que o preocupa?

  - E depois que os gêmeos chegarem, nós vamos continuar nos escondendo?

  - Assim que eles chegarem, irei me reunir com seu pai e os membros do conselho para decidirmos o que fazer. 

  - O que acha que devemos fazer Felipe?

  - Devemos sempre fazer o que é melhor.

  - E o que é melhor a fazer agora?

  - Por mim, vamos atrás deles. Não gosto de estar sendo caçado, mas não decido isso. Agora eu gostaria de falar com você sobre outra coisa.

  - É sobre Natália?

  - De certa forma, é sobre o que você fez com o desgarrado e aquele sujeito lá no mundo astral.

  - Eu não sei como aconteceu.

  - Mas eu sim. Foi uma manifestação involuntária de seu dom, extremamente perigosa por que não pode ser controlada da maneira como foi manifestada.

  - O que pode acontecer?

  - O que nós fazemos é canalizar a energia universal que nos cerca. Se não estiver ciente do que faz, a energia perceberá que seu condutor é fraco e o fluxo se reverte. O que sentiu quando aconteceu?

  - Senti meu corpo eletrizado um frio no peito, mas não sabia o que estava fazendo, foi involuntário não me lembro como fiz.

  - Se não tiver controle total dessa energia nessa intensidade, ela o matará. É difícil, mas pode controlá-la. Quando acontecer, não tenha medo deixe a energia caminhar pelo seu corpo, deixe-a saber, que você é um condutor capaz.

  - E se eu não consegui?

  - Se não pode controlá-la, não a manifeste.

  - Como não manifestar algo que é involuntário?

  - Controlando sua ansiedade, sua ira. Não pode mais ver aquela menina.

  - Mas por quê?

  - Viu o que aconteceu? Quando a mandei de volta, inibi seu fluxo astral, eles não poderão mais encontrá-la, se, você não a procurar novamente e deixar um rastro de fluido astral para nos encontrar, não quer colocá-la em risco, quer?

  - Não.

  - Deixe-a seguir o seu rumo e vamos seguir o nosso.

  - Está bem. Não irei mais procurá-la.

  - O que está sentindo vai passar. 

   

 

                                      Os Militares.

 

   Após a tentativa frustrada do general Fonseca em aprisionar Felipe, ele retorna ao quartel e tem outra decepção. Há soldados de guarda do lado de fora do gabinete, o general ao entrar na sala de interrogatório, encontra três oficiais. Um deles trajava um terno cinza escuro, uns óculos de grau com uma armação grossa e escura.

  - Fonseca como está? Diz o major Lopes falando com intimidade para com o general.

  - Estarei melhor amigo assim que souber o que está acontecendo aqui.

  - General, esses homens vão assumir a investigação que o senhor começou. Por favor, transmita a eles todas as informações pertinentes ao caso.

  - Esses homens! Antes nós sabíamos os nomes e conhecíamos os rostos, agora são todos estranhos.

  - Estamos envelhecendo Fonseca. As ordens vêm do presidente Geisel.

  - Não tenho nada que vocês já não tenham, e eu sei o que vocês têm.

  - Precisamos tomar o depoimento do senhor general. Exclama um dos oficias.

  - Eu cuido disso. Diz Lopes. Podem nos dar licença? E os oficiais olham um para o outro, e saem. - Vai me dizer agora por que está se arriscando tanto nesse caso Fonseca?

  - São eles.

  - Eles... Eles? Pelo amor de Deus Fonseca! Terem te colocado na reserva não foi o suficiente?

  - Não, não foi.

  - Tem sorte de não estar preso. Gastei um favor muito grande para não vê-lo algemado agora.

  - Não lhe pedi nada.

  - Mas eu vou pedir. Está me devendo um favor, e eu vou cobrar. Já que está tão seguro de si, vou deixar que dê seu depoimento aos oficiais.

  - São eles Lopes eu sei, nunca estivemos tão perto como agora.

  - O que o fez pensar que são eles? Há dez anos que não temos nem um sinal nem vestígios dá existência desses seres incríveis como você os chama.

  - Estão ficando descuidados, dois deles realizarão um resgate ontem à tarde.

  - É mesmo! Pós eu vou ler pra você o relatório que temos. O major Lopes abre uma pasta que tem nas mãos. “Na tarde de 16 de agosto do corrente ano, militantes do partido comunista infiltrados como civis no 5°BPE regimento lotado na região metropolitana da cidade Marim dos caetés, subjugarão a sentinela apossaram-se de sua arma e libertaram os prisioneiros, os mesmos usando o soldado como refém partiram em fuga, mas ao chegarem à saída, foram contidos pelos guardas, que na tentativa de evitar uma fuga em massa e visando a segurança dos civis que se encontravam no pátio do quartel, revidando a alguns disparos realizados pelos prisioneiros, os soldados com o intuito apenas de proteger os civis dispararam contra os rebelados e infelizmente alguns prisioneiros foram atingidos e não sobreviveram. Lopes fecha a pasta onde está esse relatório com rigidez.

  - Essa é a mentira que vai dizer a imprensa?

  - Ao menos essa mentira eu posso provar. O que pode me provar Fonseca? Prefere mesmo que eu chegue à imprensa e diga que um de nossos quartéis foi invadido por um homem de meia idade e um menino, que no final da tarde de ontem hipnotizou dois guardas e resgatou um prisioneiro.

  - Não, quero apenas que me deixe continuar.

  - Continua o que Fonseca?

  - Continua o que você e eu começamos há vinte anos. Mas você não quer, ou não pode. O que está me escondendo Lopes?

  - O Major Lopes vai até a porta e gira a chave. Você não é o único que acredita Fonseca, o presidente Geisel tomou conhecimento dos fatos e ordenou que fosse criada uma divisão de investigação para assuntos paranormais, uma aliança com os americanos.

  - Nunca ouvi falar.

  - Ninguém nunca ouviu nem iram ouvir Fonseca. São outros tempos general, não somos mais tão importantes agora do que guando nós éramos jovens. Os jovens de hoje estão cada vez mais inconsequentes, nossa era está chegando ao fim, para o governo já fizemos nossa parte na guerra, não somos mais necessários. Não pra protegermos os cidadãos como há vinte anos.

  - Quem está à frente dessa divisão?

  - É um civil, Dr. Carlos Xavier. PhD em ciências paranormais.

  - Onde posso encontrá-lo?

  - Não me faça mudar de ideia general, estou muito tentado a algemá-lo.

  - Então é melhor que o faça.

 Lopes olha o general com um olhar de, não adianta, e diz.

  - Não posso e nem vou tentar conseguir autorização para você continuar essa investigação... O general Fonseca olha para o major Lopes decepcionado... E ouvi. - Mas, não poderei fazer nada se você chegar antes de nós. Lopes aproxima-se do general e entrega-lhe um cartão com um número.

  - Se precisar de alguma coisa, ligue para esse número e vai conseguir o que quiser.

  - Qualquer coisa?

  - Qualquer coisa. Do lado de fora há uma guarnição a sua espera para escoltá-lo pelo portão lateral e o conduzirá a sua casa, você nunca esteve aqui, e nem ouviu falar desse fato. 

  - Vai parecer que estou sendo preso.

  - Exatamente. Não vamos mais nos ver, entregará seu relatório ao homem desse número.

  - Trabalho pra você agora?

  - Não. Está na reserva lembra?

  - Já sabia que eu não iria sair dessa tão fácil, por isso armou tudo.

  - Na verdade, eu tenho que escolher alguém para o “projeto mentes humana”. Que iniciou logo após guerra. Aqui no Brasil os americanos mantêm esse projeto há dez anos e há uma semana uma vaga foi aberta.

  - Por que o que houve?

  - Por que não vê você mesmo. O major Lopes retira da pasta que carrega uma foto, a foto de um homem com a cabeça estourada.

  - Estourou de dentro pra fora. Sem sinais de perfuração por algum projétil. Incrível não é?

  - Parece que o celebro explodiu.

  - Os legistas ficaram loucos e não descobriram que tipo de arma provocou isso.

  - Por que não foi uma arma feita pelo homem.

  - Se acredita mesmo nisso, então é pessoa certa pro trabalho.

  - E eu vou assumir a vaga desse aí?

  - Viu! É o homem perfeito, entendeu rápido. Bom, estou certo que seus arquivos são mais completos do que os nossos sendo assim, não vou lhe aborrecer com detalhes, seja rápido meu amigo não duramos mais dez anos. A ampulheta foi virada, e a areia está caído rápido. Boa sorte.

  - Preciso que liberte o tenente Adalberto.

  - Ele está sob investigação. Escolha outro.

  - Negativo só confio nele.

  Lopes respira fundo e suspira.

  - Está bem, vou autorizar a saída dele, mas estará sob sua custódia.

  - Preciso ter livre acesso aos quartéis.

  - Como eu disse, é só ligar pro número. O major Lopes caminha até a porta destranca e sai, com a porta aberta e entre a sala e à saída ele para. Se for morrer fazendo isso, ao menos descubra quem são e o que são eles. O general acena com a cabeça em sinal de positivo.

   - Agora espere aqui, interrogadores de Brasília já estão esperando para lhe fazer algumas perguntas, e os americanos estão com eles.

   - Obrigado Lopes, sei o quanto está se arriscando.

   - Você nem faz idéia.

   

     A cinqüenta quilômetros da capital, Felipe e Mateus aguardam a chegada dos gêmeos.

  - Quando eles chegaram Felipe?

  - Em alguns minutos, já enviei as coordenadas a seu pai.

  - Treinou os gêmeos aqui também.

  - Só um deles.

  - Qual?

  - Lenine.

  - Por que só um deles Felipe.

  - Os gêmeos são parecidos apenas fisicamente, todos eles têm sua própria personalidade. Por isso são designados aos seus mentores de acordo com elas.

  - O meu pai não escolheu o senhor?

  - Não. Seus testes que lhe trouxeram até a mim.

  - Eu sempre pensei que meu pai havia me mandado pra aprender com senhor.

  - Seu pai nunca interferiu para você ser beneficiado por algo ou alguém. Acompanho sua trajetória desde que nasceu, tenho visto seu desempenho ao longo dos anos, está aqui por mérito. Mateus fica em silencio por alguns segundos, até que Felipe pergunta.

  - Isso muda alguma coisa?

  - Sempre achei que meu pai me ajudou com sua influencia por conhecer grandes mentores e ter estudado com o maior de todos, palavras de meu pai, ele citava tanto o que havia aprendido com o grande Felipe, que era difícil não querer conhecê-lo. Acho que também me deixei levar pelo que todos diziam. Mateus reluta um pouco em falar, mas, desabafa. Que na verdade, o meu pai é que me ajudava nos testes por ele ser um regente e os favores que fazia pra que eu continuasse. 

  - Como já deve ter imaginado, isso é uma mentira.

  - Fui injusto com meu pai, duvidei dele todo esse tempo.

  - Se reconhece isso agora, já é um bom começo. O que pretende fazer?

  - Não sei. O que devo fazer?

  - Por que não começa se desculpando com ele?

  - Mas ele não sabe, nunca comentei nada.

  - Se quer ganhar o respeito de seu pai, você deve sempre ser verdadeiro. Conte-lhe o que pensava e o que pensa agora. Quando se é verdadeiro, até o seu inimigo o respeita.

    Mas Felipe não tem tempo de ouvir a resposta, pois nesse instante, uma fenda é aberta ao nada bem na frente deles, e ela se expande lateralmente por onde saem Lenine e Zool, e imediatamente a fenda se fecha. Zool e Lenine param a frente de Felipe e curvam-se em sinal de respeito ao mestre. Felipe repete o gesto. O mesmo eles fazem com Mateus que arregala os olhos por está diante de duas lendas bem a sua frente.

  - Vocês têm um fã aqui. Mateus estes são Lenine e Zool.

  - Olá!

  - Menino Mateus, é uma honra para nós protegê-lo.

  - Meus amigos nem vão acreditar.

  - Em que?

  - Que eu conheci os gêmeos.

  - Seus feitos já chegaram às escolas. Exclama Felipe.

  - Ficaremos honrados em ir com você falar com seus amigos. Responde Zool.

  - Lenine, Zool, fiquem atentos, quando eu voltar nós três conversaremos. Farei a transposição aqui mesmo. Felipe senta-se e inicia sua comunicação astral ladeado pelos gêmeos. Em uma fração de segundo, Felipe está junto a outras dezenas de figuras que formam o conselho dos regentes. O conselho é formado por onze membros, todos regentes do mundo de Harkllam. Em Harkllam, existem trinta e dois planos com seus respectivos regentes, mas, apenas onze tem o direito a voto, os onze mais poderosos, apesar de uma civilização avançada em alguns aspectos, Harkllam não está livre dos seres com poder que querem mais poder. No salão, todos que se fazem presentes estão sentados com exceção dos onze regentes com direito a voto que se posicionam em um círculo, e apenas o que se pronuncia, transparece-se ao centro do círculo e expõe suas questões. O salão está cheio, pois a denuncia de Dimitri deixou outros regentes apreensivos, fazendo com que os mesmos enviassem seus representantes.

   As reuniões podem ser vista por qualquer Harkllaniano, assim os regentes permitam o que nesse caso não foi autorizado. Os regentes estão inquietos, ansiosos para ver a prova que Dimitri diz ter. Enquanto todos murmuram em voz baixa, Um dos regentes o de nome André, transparece-se no centro do salão, e um silêncio se faz presente.

  - Saudações! Agradeço a presença de todos, dada a natureza de nossa reunião, as outras deliberações não serão discutidas hoje. Passo a palavra ao regente do plano sul nosso amigo Dimitri, que afirmou ter provas de que  o regente Nefastus está formando um exército com os desgarrados. Lentamente André desaparece e Dimitri transparece em seu lugar.

  - Saudações! É com grande aflição que venho aqui hoje meus amigos, pois minhas suspeitas se confirmarão. O alto intitulado regente do plano norte Nefastus está realmente trazendo desgarrados para nosso mundo. Um burburinho povoa o salão. Todos acenam com a cabeça em sinal de negação, e pôde-se até ouvir que Dimitri haverá ficado louco. Dimitri espera que todos se exclamem para poder continuar.

  - Sim meus amigos eu também não acreditei a princípio, mas tive um confronto com os mesmos, ainda assim tive dúvidas, e coloquei meus melhores investigadores para descobrir o que de verdade existe, e hoje lhes trago provas de que o que digo é verdade. Com a permissão do conselho, peço que permitam o depoimento de um mentor. Todos falam em voz baixa. “... Um mentor...” “qual mentor?...” Dimitri olha para André, que faz um sinal de aprovação.

  - Senhores, eu quero que recebam calorosamente um dos Harkllanianos mais respeitados e honestos que já conheci na minha vida, o mentor dos regentes ha mais tempo que podemos imaginar. Senhores, FELIPE.

    Alguns representantes dos regentes que estão sentados em volta do círculo chegam a levantar para ver, esticando o pescoço procurando Felipe, “... Felipe é ele mesmo?...” “Onde... onde...?” Enquanto Felipe transparece lentamente no salão. E todos os regentes curvam-se para ele. Que retribui o gesto.

  - Sinta-se bem vindo Felipe. Pode começar quando julgar melhor.

  - Saudações. Como é do conhecimento de todos, sou o mentor do menino Mateus, filho do regente Dimitri, o aprendizado do menino está ocorrendo em um mundo que alguns de nós conhecemos bem, o terceiro planeta do sistema solar do quinto universo. A qual eles chamam de terra. Mas precisamente no país chamado Brasil. Em nossas caminhadas, visemos uma visita a um velho amigo daquele mundo, mas não o encontrei, pois ele havia sido levado pelos militares que controlam o governo naquele país. Ao tentar sondar a mente do oficial que haverá levado meu amigo, eu não consegui, foi o que me deixou curioso, fui tentar resgatá-lo para saber o que havia de estranho com aquele oficial, uma vez que não fui informado da presença de outros de nós por lá. Eu encontrei tal oficial, mas não consegui que ele fala-se a natureza de sua ida para lá.

  - Onde está esse oficial Felipe?

  - Morto.

  - Então a prova que tens está morta?

  - Não.

  - Mas se acabou de declara que você o matou.

  - Que está morto, não que o matei, em uma visita de treinamento ao mundo astral, me deparei com outro Harkllaniano, ele estava junto com um desgarrado em um processo de abdução da forma astral de uma terráquea, uma criança. Quando indaguei a ele o porquê daquilo. Ele desapareceu.

  - O que acha que ele fazia junto a uma fera dessas Felipe?

  - Regente Ló, como nós sabemos, um corpo astral não pode habitar o nosso mundo sem uma forma física, a única maneira de isso está acontecendo é com a intervenção do conselho dos anciões aliado a um artefato muito poderoso.

  - A esfera?

  - Sim, a esfera tem esse poder.

  - Um único regente com o auxílio da esfera poderia realizar tal façanha?

  - Pelo que soube isso já aconteceu.

  - Poderia narrar a esse conselho como isso poderia ser possível?

  - A esfera pode estar sendo usada para criar uma ponte entre o mundo astral e o terceiro planeta, as criaturas não podem deixar o mundo astral, a menos que seus corpos sejam substituídos. E era isso que o Harkllaniano que encontrei estava fazendo com aquela fera e a menina.

  - Perdão Felipe, mas ainda não vi ligação com Nefastus.

  - Ao sondar a mente da fera vi que estava indo para o plano norte.

  - Não prova que o regente Nefastus é o responsável.

  - Não há como uma fenda dimensional ser aberta, e o regente do plano não ficar sabendo.

  - Mais alguma colocação Felipe?

  - Não conselheiro.

  - Dimitri! Gostaria de apresentar mais alguma prova? – Nesse instante Dimitri olha para Ló, e responde.

  - Como lhes disse ontem, minha prova estava a caminho, uma vez que não poderia ser transfigurada para cá.

  - E onde está?

  - Como ia dizendo, no caminho de volta, minha guarnição foi atacada por meia dúzia de desgarrados e sofremos algumas perdas.

  - Então não tens mais a prova?

  - Não disse isso. Na verdade comprovei minhas suspeitas de que há entre nós um traidor.

  - Meça sua palavra Regente está passando dos limites.

  - Minhas palavras são muito bem escolhidas, conselheiro André. A escolta que trazia a prova que informei, era apenas para corroborar com o engodo que criamos, e como só relatei essa prova com o conselho, que palavras eu deveria ter usado regente André há não ser a de traição?

  - Os demais conselheiros murmuram em protesto quebrando o silêncio da reunião. – Que ele apresente mais provas... – Esse conselho nunca foi tão humilhado... – Isso é um ultraje... – Que absurdo... – Dimitri ouve todos em silêncio, e olhando para Felipe ele acena com a cabeça, Felipe mentalmente ordena que um dos guarda-costas de Dimitri entre, e enquanto todos ainda revoltados com o que Dimitri haverá declarado estão se queixando, o guarda em seu estado corpóreo entra com uma mulher que está levitando a frente dele, ela está deitada no ar e o guarda com os braços erguidos como se estivesse controlando a flutuação da mulher com as mãos, caminha em direção ao centro. A mulher inconsciente é colocada no meio do salão diante da perplexidade do conselho, pois todos sentem de onde ela é. Um silêncio ensurdecedor toma conta do salão, assustados e com suas mentes cheias de dúvidas e perguntas os conselheiros, não pronunciam uma palavra. Até que.

  - Vocês não estão enganados meus amigos, é uma terráquea em sua forma mais crua, ela foi sequestrada pelos lacaios de Nefastus apenas para seus prazeres mundanos. Quando conseguiu escapar foi encontrada pelos meus guardas, que me contaram a história e eu aqui voz trago a prova que lhes prometi de que Nefastus está cometendo as maiores atrocidades não só ao povo daquele plano, mas também está destruído vidas em outros mundos.

  Os representantes dos regentes presentes ao redor do conselho começam a ficar em polvorosa. E o conselheiro André intervém erguendo sua mão e liberando uma energia em forma de ondas fazendo todos ficarem em silêncio.

  - Muito bem se acalmem são acusações muito sérias, esse tipo de intervenção com os outros mundos e uma agressão a toda a nossa disciplina e nossas leis.

  - Isso não prova que Nefastus é o responsável.

    Dimitri aproxima-se da mulher inclina-se passando mão sob o rosto fazendo-a acordar. Todos ficam com os olhos fixos na mulher. Ela lentamente abre os olhos enquanto o guarda movimenta as mãos colocando-a de pé.

  - Onde eu estou que lugar é esse?

  - Acalme-se, você está segura agora.

  - Quem é você?

  - Eu sou André, membro do conselho dos regentes. Agora não tenha medo.

    André aproxima-se da mulher põe a mão sob sua testa e o que aconteceu a ela. É revelado a todos no salão. Alguns membros abaixam a cabeça em um típico sinal de vergonha pelas atrocidades que presenciaram, e após a vergonha, a revolta e o sentimento de justiça, um a um, eles começam a exclamar. – Intervenção!... – Intervenção!... – Intervenção!... – Intervenção!... O regente Ló olha para todos que se pronunciam e exibindo em sua face um sinal de reprovação pelo que todos dizem, ele lentamente desaparece e se retira da reunião. O conselheiro André olha Dimitri e mais uma vez ergue seu braço para que todos fiquem em silêncio.

   - Amigos conselheiros, como nós podemos ficar cegos diante de tanta maldade? Nossa soberba nos tornou incompatíveis com nossa responsabilidade nesse universo, precisamos reparar esse erro, que se forme uma comissão para ir ao plano norte exigir que Nefastus reúna o conselho e um novo Regente seja indicado. Aqueles que discordam que se pronuncie agora. E além do regente Ló, outros três membros desaparecem em um típico sinal de reprovação a se formar um a comissão.

   - Se mais ninguém discorda. Que sejam comunicados todos os regentes de que haverá uma intervenção no plano norte. Nesse momento junto com todos, Felipe e Dimitri desaparecem. No salão só permaneceram o guarda costas de Dimitri a mulher e conselheiro André dando instruções ao guarda.

  - Levem-na aos anciões, eles a mandaram de volta. E quando o guarda sai, o regente André transparece em outro lugar, um salão tão grande e magnífico em beleza quanto o que ele haverá estado, mas o salão também está vazio, e enquanto André caminha como se procurasse alguém, uma figura transparece por trás dele. É Nefastus.

  - E então o que decidiram?

  - Uma comissão foi formada.

  - Quando viram?

  - Mandaram o comunicado amanhã. Dimitri encontrou a mulher. Deveria ter mais controle sob seus guardas Nefastus.

  Caminhando em direção a André, Nefastus olha fixamente nos olhos dele e diz. – Deixe-me mostrar-lhe quanto controle eu tenho. E os dois são transparecidos em uma pequena câmara onde uma esfera não maior que uma azeitona se encontra flutuando ao centro com crianças sentadas ao redor.

   - Veja! É por isso que estão todos assustados. Nefastus circunda a esfera com sua mão que começa flutuar em volta do braço de dele. - Não há brilho nem forma em seu interior, uma esfera negra e aparentemente, inofensiva não há razão para ficarem com medo.

   - Sim Nefastus a muitas razões para eles estarem com medo, a esfera nunca foi totalmente compreendida, nem os anciões conseguiram descobrir seu total poder, essa energia que sai da esfera nunca pôde ser controlada.

  - Errado, eu consegui controlá-la, o receio dos anciões foi o que os impediu de compreender a magnitude desse artefato espetacular, os anciões não são tão poderosos quanto imaginávamos. Uma nova era deve ser instituída em nosso universo, por milênios nós fomos enganados pelos anciões que deceparam nosso poder, eles não tinham o direito de nos privar de tamanhas possibilidades, deveríamos ser livres para decidir o que devemos ou não realizar.

  - Sua prática do que devemos realizar, infelizmente não segue os parâmetros e os propósitos que devemos sempre nos lembrar. Dignidade, perseverança e atitude.

  - Suas palavras são sábias e oportunas, conselheiro André. Mas, uma vez mais você está errado, para mudarmos alguma coisa precisamos ter poder e coragem, e eu tenho os dois.

  - Pra mim basta Nefastus não vou mais ajudá-lo nessa insanidade que eu ajudei a implantar, vou comunicar minha saída do conselho e marcar uma reunião dos regentes para minha destituição.

  - Não, você não irá.

  - Não tenho medo de suas ameaças, você não pode me subjugar em minha forma astral.

  - Dessa vez você está certo. Eu não posso, mas a esfera pode. Nefastus segura à esfera na palma de sua mão fechando os dedos sob ela, e a cor negra da esfera começa a cobrir todo o seu corpo deixando só um brilho sinistro em seus olhos. Quando o regente André tenta desaparecer, uma luz negra o envolve e sua forma astral começa a se desintegrar se esfacelando ao ar. Enquanto Nefastus expõe um sorriso cínico. A cor negra da esfera retorna ao seu ponto de origem sendo admirada pelo seu hospedeiro.

  - Você ouviu?

  - Sim soberano.

  - Prepare os desgarrados chegou a hora.

  - Imediatamente regente.

  

 

 

                                        Brasil

 

   Os gêmeos estão ladeando Felipe, não piscam os olhos, totalmente concentrados a espera do seu retorno, Mateus entediado afasta-se um pouco dos dois. Eles estão em um vão que foi aberto no meio de um canavial, de súbito ele se assusta com o rasante de duas aves, uma delas está em fuga lutando por sua vida, enquanto para a outra é apenas uma questão de tempo, pois ela é muito mais forte, e rápida, Mateus reconhece as aves, ele já,

Haverá ouvido Felipe mencionar que aquele era um falcão, ave dessa região de nome carcará. “Pobre pombo” pensa Mateus, nenhuma chance, todo o esforço daquela ave será em vão, logo irá cansar e terá sua vida ceifada pelo carcará. E olhando aquela perseguição que terá um fim trágico, Mateus outra vez se surpreende no momento em que o falcão projeta suas garras para segurar o pombo, de uma árvore próxima um pequeno pássaro alça vou sob o carcará, é um gavião, ave duas vezes menor que o falcão, ainda assim de uma coragem imensa, o gavião mesmo menor, consegue evitar que aquele pombo morresse hoje. O carcará passa sob Mateus certamente frustrado. Mateus que estava torcendo pelo pombo, sorri, Mateus fica olhando o carcará até ele desaparecer, distraído ele não percebe a chegada de Lenine.

  - Mateus! Venha Felipe retornou. Mas antes que Mateus e Lenine voltem, Felipe aproxima-se dos dois junto com Zool.

  - Onde estava indo Mateus?

  - Há lugar algum. Eu só...

  - Mateus preste atenção, esses homens estão aqui para protegê-lo, eles estão arriscando suas vidas para isso, estamos em um momento de grande turbulência é crucial a sua total colaboração.

  - Eu só me afastei um pouco...

  - É só do que nossos inimigos precisam. Você entende?

  - Sim Felipe.

  - Muito bem vou colocar vocês a par do que está acontecendo.

 

 

                                           Os militares

  

        Sede do Destacamento de Operações e Informações (D.O.I.). O general Fonseca está sendo sabatinado por uma comissão de oficiais do departamento de assuntos paranormais. Na sala de interrogatórios estão quatro homens, dois sentados de frente para o general que está em uma cadeira posta na frente da mesa. Outros dois homens estão em pé por trás do general

  - General Fonseca,...

  - Desculpe-me, não ouvi o seu nome.

  - Foi por que eu não disse,... Sua ficha diz que não é o primeiro encontro que tem com esses homens que o senhor afirma que eles possuem habilidades mentais capazes de nos controlar, está correto?

  - Sim.

  - Mais o seu relatório o senhor escreveu que o tenente Adalberto não foi controlado por esses mágicos. Por quê?

  - Não sei ainda.

  - General Fonseca, está na reserva há dois anos, pode nos dizer por quê?

  - Divergências de opiniões.

  - Sua ficha diz que o senhor desobedeceu a ordens diretas do presidente para ficar fora das investigações sobre assuntos esses que me trouxeram até aqui.

  - Sinto ser o causador de sua vinda ao nosso estado.

  - Não se preocupe general o senhor não foi o causador de minha vinda até aqui. General Fonseca, nós temos informações que o senhor reúne-se com outros oficiais em sua casa mensalmente, isso está correto?

  - Sim.

  - De que falam.

  - Está na reserva não faz de mim um rejeitado.

  - Perguntei o que conversam?

  - O que mais poderia homens de meia idade conversar? Futebol, mulheres, inflação, política, o de sempre sabe como é.

  - De fato isso tudo é muito comum. Mas não para o senhor, percebo que o senhor mesmo ainda muito lúcido esquece facilmente das coisas, deixe-me relembrá-lo, conhece esses nomes general? Sargento Elias, Cabo Medeiros, sargento Damasceno, soldado Ângelo.

  - Sim.

  - O Sargento Elias foi recrutado pelo senhor para lhe passar informações pertinentes a esse caso, está correto.

  - Sim. Gosto de me informar sobre o que acontece nos quartéis, força do hábito, eu não consegui largar ainda.

  - Mas o senhor deu ordens específicas para esses homens que relatassem apenas sobre os paranormais.

  - Sim está correto.

  - Então admite que o senhor, desobedeceu às ordens para ficar fora desse assunto.

  - Por que você está me perguntando coisas que você já sabe? Acha que eu escolhi esses homens à toa? Pensa que eu não sei que o sargento Elias é informante de vocês... O general levanta-se se debruça sob a mesa e olhando nos olhos do seu interlocutor... -                                   Enquanto estamos aqui brincando de soldadinhos, seres que se parecem conosco estão invadindo nossos quartéis e nos fazendo de idiotas, então meu amigo sem nome, ou você me prende agora, ou me deixa continuar meu trabalho de encontrá-los. Por que se eles fizerem o que são capazes, os comunistas ao invés de criminosos passaram a ser grandes aliados. O general vira-se olha nos olhos dos estrangeiros parados na porta como dois leões de chácara, e caminha em direção a porta.

  - Sentinela! Exclama o homem para o soldado fora da sala, nesse momento o estrangeiro diz.

  - Espere ele está certo, general, meu nome é Adrian.

  - Americano?

  - Sim. Esse é meu colega Thomas. Nós soubemos de seus encontros com essas criatu... Pessoas, e estamos monitorando o senhor desde a segunda guerra, também Tivemos contato com eles, mas com o fim da guerra, eles simplesmente sumiram. Desde então estamos mantendo contato com nossos parceiros no mundo a procura deles, após muitos boatos de aparições, o que aconteceu ontem aqui foi o melhor contato que tivemos nos últimos anos.

  - Como souberam tão rápido o que aconteceu aqui, E o que querem de mim?

  - Sua perseverança. Pode nos acompanhar?

  - Não podem levá-lo, ainda não terminei o interrogatório.

  - Sim o senhor terminou, o general irá conosco. Adrian retira do bolso um envelope com o brasão da república federativa e entrega ao interrogador.

  - Aqui, a nossa autorização, veio direto do seu presidente. O general agora é nossa responsabilidade. General! Adrian abre a porta e os três saem da sala.

  - Conseguiu ver algum deles general?

  - Não. Como eu vou poder ajudá-los?

  - Estamos no seu país.

  - É claro, precisam de um guia.

  - O senhor é mais esperto do me disseram general. Adrian abre a porta do carro. Por favor, entre. Os três entram em um carro, e saem do quartel sem serem revistados.

 

 

                                      OS GÊMEOS

 

 

   - Felipe, Mateus e os gêmeos, pegam a estrada de volta a capital, Felipe lhes conta o que houve na reunião.

   - Maldito Nefastus! Exclama Lenine.

   - Ele pode mesmo fazer tudo isso com a esfera? Pergunta Zool.

   - Pode até mais, precisamos estar preparados, Nefastus vai... Felipe não consegue terminar a frase, pois o fusca setenta e três que eles estão é atingido por um lança foguetes que faz o veículo capotar várias vezes na estrada, e quando ele para, é atingido por outro foguete fazendo o fusca explodir. Do meio do canavial, soldados saem e metralha o carro em chamas, um oficial aparece e ordena.

   - Cesar fogo! O que estão esperando vão até lá. O ataque aconteceu em uma estrada deserta, os soldados caminham sem cautela, pois não acreditam que possa haver sobreviventes, infelizmente eles estão enganados. Os soldados aproximam-se do veículo tão concentrados que não percebem que Felipe, Mateus, Lenine e Zool, estão no canavial olhando para eles. Cinco soldados cercam o carro, no mesmo instante em que Lenine sonda as mentes dos soldados.

  - É isso mesmo Felipe eles não estão sob controle mental.

  - Atacamos?

  - Não.

  - Mas assim que descobrirem que não há ninguém no veículo, eles começaram há nos procurar.

  - Exatamente. Espalhassem, e mantenham contato. Já chega de fugir.

    Os soldados olham dentro do fusca, e confirmam há ausência dos ocupantes.

   - SENHOR! NÃO HÁ NINGUÉM AQUI. 

   - O que está dizendo?... O oficial corre para certificasse do relatório, e confirma. - Mas como eles... Comecem a procurar, eles devem está por perto e feridos, andem, acelerado! Vão!...

  - Senhor, não há marcas de sangue, com eles poderiam ter sobrevivido a isso?

  - Vamos encontrá-los e descobrir.

  - Não há nem rastros de saída, onde vamos procurar?

  - No seu traseiro é que não é ELES ESTÃO NO CANAVIAL SEUS IDIOTAS ENTREM AGORA! Os soldados ladeados um ao outro entram no canavial. O oficial é o único que fica de fora com uma pistola na mão enquanto um caminhão militar aproxima-se dele, e outros soldados saem e ficam de prontidão.

  - O que estão esperando? Entrem agora e procurem! O oficial mais uma vez é o único a ficar de fora, só que dessa vez ele não está só, controlado por Felipe ele não vê que os quatro estão ao seu lado.

  - E agora? Pergunta Mateus.

  - Vamos apenas pegar uma carona com eles.

    Dirigindo-se ao oficial, Felipe ordena. – Mande que voltem, eles já fugiram.

  - SOLDADOS! RETORNEM VAMOS EMBORA!

  - Vocês dois, concentrem-se nos soldados, cuidem pra que eles não nos vejam.

  - Pra onde vamos Felipe?

  - Precisamos encontrar quem os mandou. Quero perguntar como ele sabia onde estávamos, chegou à hora de obter respostas. Os quatro entram no caminhão junto com os soldados.  Após há alguns quilômetros já próximo a capital os três descem.

   - Por que não vamos até o quartel Felipe?

   - Nós vamos Mateus, mas não podemos entrar com eles, não conseguiríamos controlar todos lá dentro vamos esperar um caminhão vazio, assim, não chamarei a atenção como dá última vez. Mas vocês não iram, entrarei sozinho, terei mais chances de descobrir quem está no comando de tudo isso. Vocês vão me esperar no endereço que lhes dei.

  - Mas Felipe! Eu quero ir, tenho muito a aprender.

  - Chegou a hora de observar e ouvir.

  - Uma guerra está para começar e o senhor quer que fique só observando?

  - Sim. Se tivesse prestado atenção, teria visto que a guerra já começou. Agora vão.

   - Onde irá começar Felipe?

   - A prisão de Sebastião não foi por acaso, quem o prendeu sabia que eu iria procurá-lo.

   - Mas não foi aquele capitão?

   - Sim, mas ele não está controle disso, e devem existir outros como ele, nós precisamos encontrar quem está abduzindo as pessoas em suas formas astrais.

   - Vai voltar ao quartel que invadiu ontem?

   - Sim.

   - Não pode ir só, é muito arriscado.

   - Vocês não estão aqui para me proteger. Logo irá escurecer. Ficarei bem.

   - O quartel estará com reforço certamente haverá muitos soldados por lá.

   - Exato, e eles serão minha cobertura, muita gente nova circulando será uma excelente camuflagem.

   - Deixe que um de nós vá com o senhor Felipe.

   - Não. Preciso que fiquem com Mateus, ele tem muito a aprender com vocês.

    Trinta minutos após os gêmeos partirem com Mateus, Felipe entra em um caminhão do exército de suprimentos que parou em um semáforo perto do quartel. Já lá dentro e controlando o soldado que dirigia o caminhão, Felipe ordena que ele lhe traga um uniforme. Vestido como soldado Felipe começa sua empreitada, no quartel, um clima tenso, e todos estão ocupados com alguma coisa, o ambiente ideal para Felipe investigar.

    No caminho para o endereço que Felipe entregou a Lenine, Mateus está desconsolado, Zool tenta animá-lo.

   - Não fique assim Mateus, Felipe tem razão, seria muito perigoso para todos nós. Eu acho que sei como ele vai fazer, quer saber? Mateus balança a cabeça em sinal de positivo.

   É noite, ele irá se disfarçar, Felipe pode controlar mentalmente uma dezena de pessoas ao mesmo tempo, mesmo assim ele sabe que é só uma questão de tempo para alguém o descobrir, ele precisa se apressar. Certamente ele irá às comunicações, pois a ordem para nos atacar chegou por lá.

   - Mas e se foi uma ordem induzida?

   - Não poderia nem os soldados, e nem o oficial não estavam sob controle mental, foi uma ordem que veio do comando, isso indica que eles estão infiltrados fundos no alto comando do exército. Se Felipe conseguir descobrir de onde veio a ordem, poderemos encontrar a raiz do problema.

   - Como eles poderiam saber exatamente onde estaríamos?

   - Felipe me contou o seu encontro com uma garota desse mundo que estava sendo abduzida por um desgarrado e um dos lacaios de Nefastus.

   - Sim.

   - Pois bem, sabe por que eles estavam lá?

   - O lacaio de Nefastus disse que seguiu o rastro astral de Felipe.

   - Isso mesmo, se é verdade que a esfera pode fazer tudo que se diz dela, talvez eles a tenham usando para nos localizar.

    - Então eles podem saber onde estamos agora?

    - Não. Pelo que entendi, é preciso que aja um tempo de manifestação mental para a esfera localizar de onde vem o fluido astral, e eles tiveram esse tempo quando Felipe estava na reunião.

   - Então por que simplesmente não manifestamos o dom e esperamos que eles viessem até nós?

    - É um ótimo plano Mateus, mas o que faríamos se eles viessem com um exército inteiro?

   - Eu não tenho medo, estou com os gêmeos.

   - Obrigado por sua confiança Mateus, vamos sugerir isso a Felipe assim que ele voltar. Na verdade acho que ele já cogitou essa possibilidade. O que acha Lenine?

    -Concordo com Mateus, vamos fazer com eles venham até nós. Mateus olha pra Lenine com um sorriso de gratidão.

   - Chegamos.

    De volta ao quartel, Felipe está na sala de comunicações com o operador do rádio sob seu controle.

    - Está pronto senhor. O operador do rádio entrega um fone a Felipe e liga um gravador. Felipe ouve por alguns segundos e pergunta. - De onde veio a ordem?

    - De Brasília senhor. Olhando para o operador Felipe diz.

    - E o relatório? Não houve senhor, nenhum oficial veio enviar alguma resposta.

    - Mais ela foi enviada, ou talvez ainda seja. Felipe entrega os fones ao operador, e sai da sala. Ele para na porta da sala e fica observando todo o quartel, mentalmente, ele rastreia o oficial que estava na emboscada que eles sofreram a pouco, Felipe o encontra saindo da sala de instruções, o oficial entra no alojamento e Felipe nota a preocupação dele em não ser visto. Felipe o segue. O oficial está falando ao telefone quando Felipe se aproxima.

    -... Eu não sei... Olha eu fiz o que me mandou, você não disse que eles eram tão diferentes assim. Quem, ou o que são essas pessoas?...  Já disse que não sei... Pela última vez, eles fugiram pelo canavial nós procuramos e não encontramos ninguém. Eu não vou fazer mais nada, fiz a minha parte, agora faça a sua. Cumpra com o que prometeu. O oficial olha para a janela com medo que alguém tenha ouvido sua conversa, Felipe está parado bem na frente da janela, mas o homem não o vê. Felipe entra em contato tele pata com os gêmeos.

   - Lenine, Zool..

   - O que descobriu Felipe?

   - O oficial sabe mais do que parece, ele teve uma conversa interessante ainda há pouco com alguém que sem dúvida sabe quem somos o como devem agir. Fiquem preparados não consegui ver na mente do oficial quem está por trás do que houve, terei que segui-lo, quando tiver mais informações entrarei em contato.    

   Felipe espera que ele saia do alojamento para controlá-lo e sair com ele do quartel. Os dois saem em um carro particular. Vinte minutos depois eles chegam a casa onde o oficial vive, Felipe entra com ele pois sabe que não há ninguém na casa. Durante todo o caminho o homem demonstrava nervosismo, ansiedade e preocupação, o oficial vai até um quarto que parece ser de um menino, senta-se na cama e começa a chorar, sem ser visto, Felipe observa a tristeza e a angustia, e decide sabe o porquê, Felipe entra em sua, e mostra-se para ele.

   - Olá!

   - Quem é você? Que lugar é esse?

   - Não tenha medo, meu nome é Felipe e nós estamos no mundo astral estamos dentro de sua mente eu estou aqui para ajudá-lo, pode me dizer o que o está deixando tão triste?

   - Pode entrar em minha mente e não sabe o que estou passando, olha sem querer ofender, não pode me ajudar.

   - Se soubesse o que sei, saberia que sou o único que nesse momento pode lhe ajudar.

   - Espere um minuto, você é o cara que estava no fusca hoje cedo. Veio se vingar?

   - Não. Vim ajudar.

   - Não quero sua ajuda.

   - Então talvez você possa me ajudar.

   - De que jeito?

   - Quero saber quem é o homem que lhe ordenou nos atacar.

   - Por que eu faria isso?

   - Por que como você mesmo disse, não sabe quem somos ou o que somos capazes de fazer.

   - Ouviu minha conversa no telefone? Sou militar, estou acostumado a ser ameaçado, vai ter que ser mais persuasivo.

   - Talvez eu não seja tão persuasivo quanto o homem que levou seu filho, Tenente Martins.

   - Se já sabe o porquê, como pretende me ajudar?

   - Eu já estou ajudando.

   - Como assim?

   - Estarmos no mundo astral fez de nós alvos fáceis de localizar, não deve demorar em seu amigo aparecer.

   Nesse momento uma voz é ouvida.

   - Impressionante! É de se perceber o porquê Dimitri confia tanto em você Felipe, suas habilidades mentais são extraordinárias.

    Felipe reconhece a figura que se apresenta, seu nome é Zogbar.

   - Agora o grande Zogbar é só mais um lacaio de Nefastus?

   - O universo está mudando Felipe, a energia celestial está enfraquecendo, estamos fadados a sermos destruídos, Nefastus está mais poderoso a cada dia suas legiões estão preparadas para dominar o plano central de Harkllam.

   - E isso faz de você um covarde que correu para os pés dele?

   - Não estou aqui por Nefastus, estou por mim.

   - O que ele te prometeu, um plano?

   - Não, você. Quando soube que Nefastus estava recrutando aniquiladores para irem atrás de você, eu me ofereci. Sua aniquilação fará de mim o ser mais lembrado por séculos, nos confins do universo, todos saberão que Zogbar pós um fim a existência do maior guerreiro do mundo astral a lenda viva Felipe.

   - Não Zogbar, você não luta por você, você luta por sua soberba. E a lei do universo é bem clara, desejar não significa conseguir.

   - Não é um desejo, é uma afirmação. E Zogbar usando o poder de sua mente envolve-se com uma energia negra e avança sob Felipe rápido como um relâmpago, que só tem tempo de desvia-se e tocando o peito do tenente Martins mandando-o de volta ao seu corpo. Zogbar continua seu ataque desferindo golpes a esmo sem conseguir acerta Felipe que sem esforço não revida, Felipe conhece seu adversário ele sabe que Zogbar é um lutador muito perigoso.

    - Lute comigo. E deixe sua existência com honra.

    - Não existe honra no que está fazendo Zogbar.

    - Vamos deixar que o tempo nos diga quem está certo. E Zogbar avança mais uma vez sob Felipe, que se desvia, e projeta mentalmente luvas que o ajudam a defender dos golpes de Zogbar, cabeça, cabeça, tronco, cabeça, Zogbar ataca Felipe ferozmente, impulsivo, enquanto Felipe estuda seus golpes e contra ataca, segurando Zogbar pelo pescoço, que fica imóvel, sente tanta dor que não consegue atingir Felipe mesmo com as mãos livres. E em um ato de misericórdia, Felipe o solta, Zogbar cai ao chão de joelhos levando as mãos ao pescoço. Felipe o olha de cima e pergunta.

    - É assim que você quer estar guando Nefastus for derrotado? Zogbar levanta a cabeça começa a rir e diz.

    - Está ficando velho Felipe. Nesse momento Felipe franze os olhos sem entender de que Zogbar rir, então Felipe percebe que se trata de uma cilada, ele vira-se rapidamente, mas é atingido por três pequenas esferas não maiores que uma azeitona, lhe causando muita dor seguida de um desmaio. Outras três figuras aproximam-se e uma delas diz.

    - Eu lhes disse que Zogbar não venceria Felipe.

    - Isso não importa agora, contate os soldados para irem tomar conta do corpo de Felipe, não pode acontecer nada a ele até que Nefastus conclua a transferência.

    - O que fazemos agora? Pergunta Zogbar.

    - Você não é mais necessário, pode ir.

    - O que farão com Felipe?

    - Isso não lhes diz mais respeito.

    - De que transferência vocês estavam se referindo?

    - Se continuar insistindo saberá exatamente do que falamos.

Zogbar olha para aquelas três figuras dentre elas uma mulher, olha para Felipe desacordado ao chão, e desaparece lentamente do mundo astral com um olhar de preocupação.

   As Figuras cercam Felipe fazendo uma triangulação em volta dele, erguem suas mãos e começam a murmura palavras em um dialeto desconhecido. Felipe deitado ainda desacordado não vê o que seus perseguidores fazem de súbito Felipe acorda e ataca, mas é impedido por uma energia invisível que o cerca.

   - Foi por pouco.

   - Está com medo dele?

   - Sim estou, se o já o tivesse enfrentado também teria receio.

   - Vocês são uns medrosos, esse aí não é de nada, foi muito fácil pegá-lo.

    - É eu também achei, fácil demais. Fiquem alerta.

       Felipe não diz nada apenas observa.

    - O grande Felipe! Seus feitos o precedem, sinceramente eu esperava mais, o homem que derrotou sozinho o devorador de mentes, lutou em guerras por todo o universo, levou a julgamentos mais criminosos que do posso me lembrar, ouço suas histórias desde que criança. Ouvir falar tanto de alguém acaba ocorrendo distúrbios emocionais, você passa a odiar ou idolatra essa pessoa.

    - Infelizmente devo discordar dessa observação, a história nos mostra que o conhecimento sobre o que aconteceu nos permite aprender com os erros que com os acertos. Sua intolerância a mim é a manifestação de sua maldade espiritual você decidiu ser assim, escolheu seu destino, você escolheu ser destruído por aquele que mais odeia, eu.

    - As histórias não contam essa parte de você ser um falastrão.

    - Faço o que falo, e nunca falo o que eu não faço.

    - Se acha que vai ser tão fácil, então por que é que você não tenta?

    - Não acho que será difícil. Por que não me tira daqui e nós vemos quem está certo? Felipe e o seu interlocutor ficam frente a frente separados apenas pela energia que prende Felipe.

    - Já chega! Exclama a mulher. Líthrios afaste-se. Nefastus disse que devemos ter muito cuidado com Felipe, ele ardiloso deve está armando alguma. Líthrios olha para a mulher e afasta-se. A mulher olha para Felipe e os três viram-se e ficam ladeados de costas para Felipe e os quatro presenciam a aparição de Nefastus. O que se vê é um homem de baixa estatura, estrutura física mediana que está com os braços para trás e um olhar compenetrado, mas que intimida aqueles que o esperam e os as três figuras curvam a cabeça enquanto Nefastus aproxima-se de Felipe que também curva sua cabeça, mas não em sinal de respeito, e sim para poder olhar nos olhos de Nefastus, pois ele não chega à altura do peito de Felipe.

   - Felipe! É uma honra.

   - Pra mim não.

   - Não preciso que sinta o mesmo. Eu só preciso de você.

   - Se acha que vou ajudá-lo em sua insensatez ou que de alguma forma conseguirá me persuadir a me juntar a você, verá que tudo que fez até agora foi em vão.

    - Pelo contrário, sei que tu és um homem honrado, e segues teus princípios incondicionalmente. Por isso não tentarei te convencer, eu o obrigarei.

    - Se sabe tanto sobre mim deve saber que outros já tentaram.

    - Sim eu sei. Por isso me apossei da esfera.

    - Não você a roubou.

    - O que estou preste a fazer não apenas me colocará definitivamente como soberano do plano norte, mas de todo o Harkllam.

    - Dimitri já convocou o conselho dos regentes, uma assembleia geral será instituída amanhã e o conselho dos anciões irá destituí-lo do poder, nomes serão colocados a...

    - Felipe, por favor! Não me trate como se eu fosse um de seus alunos, eu estou a par da reunião do conselho, também estou ciente de que nem todos os conselheiros concordam com Dimitri, e sem uma maioria absoluta, não haverá destituição. E até minhas ameaças se concretizarem, os anciões não se envolverão. Sendo assim a única coisa que me impedi de realizar meus feitos, é Dimitri.

   - Pretendes assassiná-lo.

   - Sim.

   - Nunca conseguiras, Dimitri é um guerreiro extraordinário não és páreo para ele nem nenhum dos teus. Os guardiões que o protegem eu os treinei pessoalmente, alguns são melhores do que eu.

   - É por isso que serás tu quem irá assassinar Dimitri.

   - Sua loucura chega ao ápice, não sabes mais o que dizes.

   - Não preciso de sua crença Felipe, só do seu corpo e da confiança que Dimitri tem em ti.

   - Nada no universo me fará ajudá-lo nessa loucura.

   - Preparem-no para a transferência. Ordena Nefastus a mulher.          

   - Ainda não chegaram ao corpo dele Nefastus. Comunica um dos seus lacaios.

   - Como? Me a segurou que eles estariam lá quando eu chegasse aqui.

    - Sim meu senhor, eu não sei o que aconteceu.

    - E nunca saberá. Nefastus olha para o homem que está a sua frente, e ele começa a sufocar levando as mãos ao pescoço sentindo seu ar e sua vida abandoná-los. Até cair ao chão e se debatendo ele desaparece.

    - A transferência? Fala que não precisa de minha crença, no entanto acredita em fábulas?

   - Não é uma fábula. E você sabe.

   - A transferência nunca passou de um conto dos anciões para afastar os mais exaltados em querer controlar a esfera.

   - Bem, como você bem sabe, não deu certo. Estou com ela, e nós provaremos que a transferência é a mentira que se tornará a maior verdade do universo. Sabes que estou certo por isso irei mantê-lo aqui também sei que tu és o único que poderá desfazê-la.

   - Desfazê-la? Pelo que os contos dizem, não pode ser desfeita.

   - Tudo no mundo pode ser desfeito. Nesse momento, cinco desgarrados aparecem e cercam Felipe. - As feras ficaram aqui fazendo sua proteção Felipe.

   - Deveria deixar mais cinco para protegê-las.

   - Quanta falta de modesta!

   - Vai precisar mais do que cinco feras para protegê-lo de mim Nefastus quando eu sair daqui.

   - Não se preocupe, eu tenho uma horda inteira. Nefastus vira-se para a mulher falando próxima ao seu ouvido. - Certifique-se que ele não possa sair bruxa, não esqueça ele é poderoso e sábio não o subestime.

   - Não tema meu senhor, minha magia também é poderosa aqui. Nefastus o os outros dois homens desaparecem do mundo astral, deixando Felipe preso sendo vigiado por cinco desgarrados e a bruxa.

 

 

                                  

                                   OS MILITARES

 

 

    O general reformado Fonseca o tenente Adalberto e os americanos Adrian e Thomas chegam à casa de barcos, aonde o general chegou mais perto de encontrar Felipe. Adrian é falante, bem articulado quase não tem sotaque. Thomas não deu uma palavra desde o momento em que o general uniu-se a eles.

   - Foi aqui. Eles estiveram mais tempo lá no quartel, por que preferiu aqui? Pergunta o general.

    - Temos que percorrer os lugares onde eles estiveram talvez encontre alguma pista.

    - Certamente houve uma varredura completa nesse lugar, o homem que nos chamou ainda está dando seu depoimento, e eles não costumam deixar nada pra trás. Exclama Ten. Adalberto.

    - Não é esse tipo de pistas que eles estão procurando Tenente.

      Adrian olha para o general com um olhar de surpresa.

    - E qual seria general? Pergunta Adrian.

    - Também somos militares, sei quando estão me escondendo algo. Thomas vai até onde Felipe e os outros ficaram na noite anterior, ele olha cada centímetro do local movendo sua cabeça lentamente, de súbito ele para vira-se, e vai à direção do mar parando na beira da água onde Felipe e Mateus estiveram.

    - General o que ele está fazendo?

    - Observar tenente, é a melhor maneira de descobrir.

  Thomas fica parado por alguns instantes exatamente onde Felipe e Mateus estiveram. Adrian vai até ele, eles conversam em voz baixa enquanto o general e o tenente aproximam-se.

    - O que está havendo Adrian?

    - Temos uma pista.

    - Que pista, do que está falando? Pergunta o tenente.

    - Ele está dizendo tenente que o Thomas é igual a eles. O tenente Adalberto saca sua arma e aponta para Thomas.

    - Guarde sua arma tenente.

    - Mas senhor se ele for realmente um deles?

    - Guarde a arma tenente agora. O tenente obedece. - Então Adrian, vai nos dizer agora que pista é essa?

    - Thomas não é um deles, ele apenas tem habilidades especiais.

    - De que tipo?

    - Do tipo que é muito útil no nosso caso. Toda vez que esse poder é manifestado, deixa o que chamamos de rastro astral, outro sensitivo pode sentir a energia e saber quem foi e para onde eles foram ao mundo astral.

    - Mundo astral?

    - Sim, vamos para ele todos os dias, ou melhor, todas as noites, quando dormimos nosso subconsciente ou como muitos acreditam nosso espírito vai o mundo dos sonhos, esses seres controlam o subconsciente e seus poderes são ilimitados nesse mundo. Thomas consegue captar a energia deixada. E eles estiveram parados bem aqui quando foram para o mundo astral.

   - Como assim? Você disse que vamos quando estamos dormindo, está dizendo que eles dormem em pé?

   - Nós vamos quando estamos dormindo, eles vão quando querem. E foram na noite passada.

   - Como isso nos ajuda?

   - Thomas descobriu que quatro energias diferentes fizeram contato com uma quinta, duas delas são do homem e do menino que estiveram no quartel, às outras duas nunca estiveram aqui antes.

   - Sem querer ser repetitivo, como isso ajuda?

   - Vamos vigiar uma delas.

   - E para onde vamos?

   - Há lugar algum. Aqui é o melhor lugar para Thomas conseguir o contato.

   - O que ele quer dizer general?

   - Que é melhor você ligar para sua esposa, nós vamos passar a noite aqui.

 

 

                                        Os Gêmeos

 

Lenine, Zool e Mateus, Estão no hotel que Felipe os indicou e Zool está muito impaciente.

   - Ele não fez contato há quase uma hora temos ir atrás dele agora.

   - Estamos aqui para proteger Mateus, e não colocá-lo em perigo.

   - Se ficarmos aqui sem fazer nada, nós estaremos colocando ele perigo. Lenine olha para Mateus e diz.

   - Felipe nos contou o que aconteceu na sua ultima transposição. Como se sentiu?

   - Estranho.

    - Sim é muito estranho, quando usar essa energia novamente, e você irá. Não tenha medo, seja um condutor da energia, você deve deixá-la correr pelo seu corpo, mesmo no mundo astral sua mente o deixa sentir, quando conseguir isso, vai conseguir controlá-la.

    - Sim senhor.

    - Também acho que tem alguma coisa errada, vamos atrás dele.

    - Por que não procuramos no mundo astral não é mais rápido? Pergunta Mateus.

    - Já tentamos. Mas Felipe pode não querer ser encontrado.

    - Ou alguém o está impedindo. Sendo assim vamos procurá-lo.

       Lenine, Mateus e Zool partem em busca de Felipe, que está nesse momento com o seu corpo vulnerável no apartamento do tenente Martins, morto pelos lacaios de Nefastus que cercam Felipe aguardando a chegada de seu mestre. Felipe encontra-se em sua prisão astral, vítima dos feitiços de uma bruxa.

   - Por que ajuda Nefastus bruxa?

   - Meu nome é SETZER! Eu venho de um mundo...

   - Sei de onde tu vês bruxa, não foi isso que perguntei. A que ordem pertence? A bruxa não diz nada. – O seu silêncio me confirma o que eu já suspeitava, não pertence à ordem alguma, foi exilada.

   - Não meu querido, eu deixei a ordem. Eu quero mais do que eles podem me dar.

   - O que Nefastus te prometeu?

   - Não lido com promessas meu querido, lido com poder, e em breve terei o poder que vocês possuem essa energia que lhes permite ler mentes, viajar pelo o universo, entrar nesse mundo.

   - Mas você está aqui agora, como consegue?

   - A esfera, meu querido! O artefato mais poderoso do universo e Nefastus, a controla, a esfera me dará a capacidade de ler mentes, e de conhecer incontáveis mundos, serei lembrada para sempre, reis se ajoelharam a meus pés implorando para ser sua rainha.

    - Ele mentiu. A esfera só é capaz de trazê-la até aqui por intermédio de quem controla a energia, no seu caso, Nefastus. E a energia não é constante, não pode ser transferida vai precisar de mais, de cada vez mais, ele mentiu Setzer, você nunca poderá permanecer longe da esfera, será escrava de Nefastus até a sua morte, saia agora, livre-me desse feitiço, ajude-me a acabar com essa loucura, podemos ajudá-la a viver longe da energia, Setzer!

 Ela vira-se. - Você mente!

    - Nunca conseguirá a energia da esfera, ficará submissa, Nefastus a manterá viva para sugar seus feitiços. Setzer livre-me dessa magia, vamos acabar com ele, sabe que não estou mentindo. A bruxa caminha de lado para o outro como se estivesse preocupada com o que Felipe narra.

    - Não perca seu tempo Felipe, não irei ajudá-lo, e se for verdade o que diz, então não deve se preocupar com Nefastus por que eu mesmo o matarei.

    - Vai precisar de ajuda, por que não me solta?

    - Por que você não fica calado e aceite sua derrota?

    - Nada acaba antes de terminar Setzer.

      A bruxa conjura um livro a sua frente antes de responder.

    - Palavras não o libertarão Felipe, Nefastus em breve será um dos governantes mais poderosos de muitos mundos.

    - Mundos esses que ele está destruindo, Nefastus está construindo seus exércitos com a energia vital de pessoas de outro planeta.

     Fazendo o livro desaparecer ela diz.

   - Uma civilização medíocre não merece viver.

   - E é Nefastus quem decide isso?

     Em um tom sarcástico a bruxa responde.

   - Não seja hipócrita Felipe, você é um dos assassinos mais temidos da história harkllaniana.

    - Todos aqueles que lhes tirei a vida estavam por ameaçar ou distorcendo o equilíbrio universal.

    - E é você quem decide isso?

    - Quando a vida da maioria está em risco, sim, eu sou um dos que decide isso. E ainda não decide com você, sendo assim Setzer vou lhe pedir mais uma vez liberte-me agora, e eu irei pondera sobre sua conduta para com Nefastus.

    Setzer aproxima-se de Felipe e lhe diz. – Nunca! Não há nada que tu possas me oferecer para me fazer mudar de idéia, suas sábias palavras não são capazes de me convencer.  

     - Não preciso.

     - O que disse?

   - Disse que não preciso lhe convencer a nada, a minha conversa com você valia apenas como subterfúgio para conseguir uma ruptura em sua magia, sabe Setzer nós estudamos vocês, e descobrimos que vocês não são iguais, que sua magia não é constante e no momento em que conjurou o livro, você diminuiu a intensidade de sua concentração, foi do que precisei para contatar os meus amigos.

    - Mentiroso!

      Setzer cerra os punhos nervosa com que Felipe diz.

    - Nefastus deixou os desgarrados aqui por que não és uma bruxa nível um, ele sabiá que não poderias manter o campo de energia forte o bastante para me deter se tu não estivesses aqui. Bruxas nível um como as classificamos...

    - Cale-se!...

    - São muito mais poderosas e eu, já enfrentei algumas.

    - Seus amigos não serão capazes de deter Nefastus, quando ele assassinar Dimitri e todos virem você jurar lealdade ao novo governante de Harkllam, a era Felipe chegará ao fim.

    Os gêmeos e Mateus chegam à casa do tenente Martins onde o corpo de Felipe permanece imóvel em pé ao lado da cama, eles param em frente à casa e Mateus pergunta.

    - Não vamos entrar Lenine?

    - Sim, mas precisamos saber como vamos sair se houver algum problema.

    - Eu vou pelo telhado.

    - Você Mateus vai pro outro lado da rua.

    - Mas Felipe está precisando de nossa ajuda.

    - Não sabemos se ele está em perigo.

    - Se Felipe não estivesse em apuros, não estariam me mandando ficar longe.

    - Você será nossa peça chave, ficará de guarda nos dando apoio, eu mesmo já fiquei muitas vezes, é muito importante se não acontecer como planejamos, você é que terá nos resgatar. Mateus olha para Zool que faz um sinal de positivo para ele, Mateus sorrir e atravessa a rua.

     Mesmo Mateus desconfiado, eles não revelam que já estão a par do que está acontecendo com Felipe. Os dois entram saltando os muros altos, a casa tem um portão antigo de ferro, e árvores coladas com os muros que quase não se consegue ver a casa do lado de fora. Após entrarem, Zool faz sinal para Lenine indicando que vai por cima, e apenas com o impulso de suas pernas ele chega ao telhado. Lenine começa a circundar a casa tentando ver quem está lá dentro, o terreno é extenso com muitas árvores frutíferas que se estendem em volta da casa, caminhando para quintal ele vai até a porta dos fundos sendo observado por Zool. Não há ninguém no quintal. Lenine fica por alguns segundos pensando no que fazer, ele olha para Zool que usa uma linguagem de sinais. “Vamos usar?” tocando a cabeça com o dedo. Mas Lenine balança a cabeça rejeitando a proposta do irmão, e responde também na linguagem de sinais “Se Nefastus estiver mesmo aqui como Felipe suspeita, ele pode nos detectar. Vamos entrar. Vá pela frente, e não tente enfrentar Nefastus sozinho.” Zool salta para a porta da frente, e com as mãos ele arrebenta a fechadura, sem tirar os olhos da porta ele caminha lentamente entrando na casa, não há ninguém na sala, ele decide esperar um pouco e tenta ouvir alguma coisa, nos fundos da casa Lenine tem sorte e a porta está aberta, com cautela ele começa a entrar, a cozinha está limpa sem sinais de alguém ter passado por ali, um silêncio se faz presente, Lenine avança mais um pouco a passos lentos, o silêncio torna-se perturbador, desconfiado Lenine olha para trás e quando se vira vê Zool parado olhando para ele no fundo da sala, ele fica em um corredor no meio da casa, Lenine aponta para o quarto onde eles conseguem ver um movimento por baixo da porta. “Vamos arrebentar a porta” “Não eu vou, você me dá cobertura”. Lenine caminha até a porta, segura a maçaneta e arranca a porta com uma força sobre humana. Quando entram, veem Felipe segurando um dos guarda costas de Nefastus pelo pescoço, e os outros caídos ao chão.

    - Felipe! Exclama Lenine.

    E Felipe quebra o pescoço do capanga de Nefastus largando-o ao chão.

    - Como conseguiu? Pergunta Zool.

    - Nefastus subestimou a magia da bruxa, ela não pôde comigo.

    - Onde está o menino?

    - Lá fora.

    - Precisamos voltar, Dimitri precisa ser interado do que está havendo.

    - O que há?

    - Nefastus pretende assassinar Dimitri.

    - Ele não ousaria. Não tem como. Dimitri tem os melhores guardas costas, alunos seus melhores do que nós três juntos.

    - Como ele irá tentar isso?

    - Não consegui arrancar dele, mas precisamos descobrir juntos, vamos retornar e reforçar a segurança de Dimitri.

    - Tem razão, vamos imediatamente. Responde Zool. - Assim que você deixar nosso amigo Felipe voltar. Nefastus! Aquele que se apresenta na frente dos gêmeos para e diz.

    - Como descobriu?

    - Felipe sempre nos chamou pelo nome, ele nos ensina que nossos nomes são nossa identidade e a nossa garantia de honra dês, você se referiu a Mateus como o menino, você não é Felipe, o que fez com ele e onde ele está? Não sei como fez isso, mas vai desfazer imediatamente aí talvez o deixemos viver.

   - Se alguma coisa acontecer comigo enquanto eu estiver no corpo de Felipe, vocês jamais o verão de novo.

   - Poupe seu tempo Nefastus, Felipe nos treinou para lutarmos contra ele se preciso fosse suas chantagens não serviram de nada. Não vai sair desse quarto. Não entendo a preocupação de Dimitri e dos regentes, você é um idiota, achou mesmo que poderia chegar perto de Dimitri sem que ninguém notasse a diferença?

    - Não ele não achou, eu não sou Nefastus, meu nome é Líthrios. Quando ele descobriu que eram vocês que estavam tomando conta do menino, ele me mandou vir em seu lugar.

    - Mandou você morrer em seu lugar.

    - Não haverá mortes, ao menos não a minha, Nefastus também sabia que vocês não envolveriam o menino, que ele ficaria desprotegido.

    Os gêmeos olham um para o outro, e não conseguem contato com Mateus.

   - Liberte-o agora! Zool avança sob o homem que possui o corpo de Felipe.

   Mas a transferência deixa quem está no corpo tão forte quanto o hospedeiro original. Mas Zool não se importa, ele ataca com socos, chutes, toda sua ira desferida contra o corpo de Felipe controlado por outro ser. Maxilar, pescoço, costelas, pernas, braços, queixo, Zool é um lutador muito habilidoso, mas não foi treinado por Felipe, Lenine sim, e ele não se move.

   - Zool, pare.

   - Não! Se nos o deixarmos inconsciente poderemos encontrar Felipe. Ajude-me!

   - E o que vai fazer? Lenine para na frente de Zool. – Só a esfera é capaz de desfazer a mudança.

   - E o que sugere que nos façamos, vamos assassinar Dimitri?

   - Por enquanto sim. Felipe não é mais importante do que Mateus, e nos temos que resgatar os dois, pense Zool.

   Zool olha para baixo para esquerda para a direita respira fundo e responde.

    - Esta bem. Serrado os dentes e apontando para o homem que está no corpo de Felipe ele diz pausadamente. – Quando isso acabar, você... Vai... Morrer.

    Lenine vira-se e diz.

    - Se chegar sem Mateus, Dimitri irá suspeitar.

    - Ele não irá suspeitar, o menino irá ficar onde está, e vocês também.

    - Não será assim, ou Mateus fica conosco, ou você não sair daqui. Isso não é negociável.

    - Então ele morrerá.

    - Se fizer isso, o conselho não irá segurar Dimitri, sua morte é certa.

    - Vocês iram ficar onde está se Dimitri desconfiar de algo, o menino morre.

    - Não precisaremos dizer nada, Dimitri nunca permitirá que tu aproximes-se dele.

     - Se assim que pensa, então não tens com o que preocupar-se.

     - Mas você tem. Lenine que se conteve em não atacar o hospedeiro de Felipe revoga sua decisão e o ataca seguido de Zool, os dois desferem sucessivos golpes contra aquele que fisicamente é o seu mentor, mas mentalmente, ele não tem a inteligência de Felipe, e esse será o seu fracasso. A luta é de titãs, três seres com forças sobre humanas lutando na sala de uma casa, é uma visão aterrorizante para o mais frio dos homens. Lenine e Zool são alçados contra o teto destruindo parte do telhado que cai sobre eles. Líthrios com um sorriso baixo e sarcástico olhando para as mãos do corpo que possui ele comenta.

    - Magnífico, agora entendo a preocupação de Nefastus com Felipe, ele de fato é realmente muito poderoso, posso sentir a energia que ele acumula,... Extraordinário,... Deitados ao chão e livrando-se dos escombros, os dois levantam-se e Lenine diz. – Você pode controlar o corpo de Felipe, mas nunca terá coisas que só Felipe possui...

     - A não! E o que seria?

     - Dignidade, honradez, perseverança e coragem, coragem bastante para irmos lutar em outro lugar.

     - Eu já entendi, e aceito seu desafio.

    E a batalha física dá lugar ao confronto mental entre Lenine, Zool, Líthrios. Os três ficam com seus corpos imóveis, mas, suas mentes iniciam uma luta de vida e morte. No mundo astral eles controlam tudo o que pensam, sua imaginação é o limite e os gêmeos sabem que aqui eles têm uma chance. Mas Líthrios não dá chance para os dois, envolve-os em arcos que brilham como ouro e os esmaga. Zool mal consegue respirar, Lenine expande seu corpo fazendo o arco quebrar e com as mãos ele solta o irmão, Zool, que se recupera rapidamente e move-se como um raio, e em uma fração de segundos, ele está atrás de Líthrios imobilizando seus braços, o hospedeiro de Felipe mal tem tempo de perceber o que lhe está acontecendo, no instante que é atacado por Lenine que desfere sucessivos golpes no tórax de Líthrios com tamanha força que ele e Zool são empurrados para trás, Zool o suspende e lança-o ao alto, mas ele não vai muito longe, pois a sua frente manifestar-se uma jaula e aprisiona Líthrios. A jaula fica suspensa com se flutuasse, os gêmeos voam até ela e veem Líthrios enfurecido como um animal raivoso.

     - Seu idiota! Você só controla o corpo de Felipe, aqui é sua forma astral que prevalece onde você não passa de... Você!

     - PETULANTE! Desbrava Líthrios. Segurando nas barras da jaula, ele as faz dissolver em suas mãos. Os gêmeos afastam-se e ao verem Líthrios solto, eles avançam com tudo pra cima dele. Líthrios defende-se dos ataques dos gêmeos, mesmo sem controlar o dom de Felipe, Líthrios é muito forte, ele conjura espadas e por uma fração de segundos, as formas astrais dos gêmeos não são decapitadas. E Lenine e Zool manifestam seus dons e conjuram objetos para repelirem os ataques de Líthrios, Zool defende-se com um escudo e também uma espada, Lenine envolve seu corpo com placas de metal, e pequenos sabres em suas mãos, juntos eles atacam a forma astral do homem que controla o corpo de Felipe, Líthrios é habilidoso as espadas em suas mãos são como guilhotinas manuais, Zool não se intimida e usa força contra força, atacando ferozmente golpeando Líthrios que esquivasse dos ataques e contra ataca golpeando Zool com um chute no tórax que e arremessado a metros de distância, quando ergue sua cabeça, ele vê Lenine desviar-se dos golpes de Líthrios rápido como uma serpente, Lenine faz de seus sabres uma extensão de seu corpo, esperando o melhor momento para desferir o golpe final. O que Zool vê é seu irmão em uma batalha de estratégias. Irritado, Zool deixa-se velar por sua ira e ataca seu oponente, mas uma vez sem sucesso, Lenine comunica-se com Zool mentalmente.

    - Velocidade e surpresa me irmão, é a única vantagem contra a força bruta.

    - Então fique a vontade.

    - Procure Felipe, eu cuido dele.

   E Zool desaparece deixando Lenine com Líthrios.

    - É mais petulante que seu irmão, acha que pode me deter sozinho?

    Lenine não diz nada. Apenas observa Líthrios fixamente como se ele fosse um animal selvagem, Lenine sabe que o menor dos descuidos pode acabar com tudo. E Líthrios, também sabe disso.

    

 

                                            A BRUXA

  

 

   

    - Vou lhe mostrar que nível de bruxa que eu sou. Setzer liberta Felipe, que imediatamente conjura lanças afiadas em ambas as pontas fazendo-as atravessar os desgarrados que fazia a segurança da bruxa como se eles fossem lama molhada. As lanças voltam e ficam flutuando sob os ombros de Felipe que não diz nada e apenas com a força do seu pensamento, as envia contra Setzer. A bruxa mal havia desfeito sua cara de espanto com o que aconteceu aos desgarrados, quando ela vê as lanças vindas em sua direção, e tenta sem sucesso contra atacar com um feitiço projetando suas mãos para frente, as lanças mudam sua forma e transformam-se em argolas prendendo as mãos da bruxa contra suas costas e empurrando-a para o chão fazendo-a ajoelhar-se. Felipe transparece a sua frente.

    - Ao contrário de você, minha proposta ainda está de pé.

 A bruxa fica fixamente olhando para Felipe. Sua respiração está forte. Suas mãos serradas. Ela abaixa a cabeça, e diz.

    - Sim.

    - Então fale.

    - Já disse que me aliarei.

    - O juramento bruxa. Fale agora!

    - A bruxa serra os dentes relutando para não falar, mas vê que não tem escolha.

    - Eu Setzer, juro servir a Felipe o mentor dos regentes em sua empreitada contra Nefastus.

    - Muito esperta bruxa.

     As pupilas de Felipe crescem em respostas do seu comando mental para as argolas que prendem Setzer sumirem. Ela levanta-se olhando Felipe nos olhos.

     - Serei tão poderosa quanto você um dia, aí, quero minha revanche.

     - Você a terá. Agora quero saber dos planos de Nefastus.

     - Ele não me disse nada, tudo que sei é que não é ele quem está controlando seu corpo. Quem controla seu corpo é Líthrios. Um dos que você viu aqui com ele.

     Nesse instante, Felipe percebe a chegada de Zool e o vê transparecer a sua frente.

     - Felipe! Graças! Lenine estava certo, eles não conseguiriam manter o senhor preso por muito tempo.

     - E onde ele está Zool?

     - Enfrentando Líthrios.

     Felipe segura no ombro de Setzer, e os três somem, e reaparecem onde Lenine trava sua batalha com Líthrios. Felipe, Zool e Setzer veem Lenine segurar Líthrios sob si pelos quadris e jogando-o ao chão. Lenine vira-se e vê seu mentor em segurança.

    - Felipe! Graças! Quem é essa?

    - Ela é Setzer, a bruxa que me aprisionou.

    Lenine olha para Felipe sem entender o que sua inimiga estava fazendo ao seu lado. Mas logo torna a concentrar-se em Líthrios, pois Mateus está sob a custódia dos capangas dele.

   - Quero saber como fez isso depois, agora temos que encontrar Mateus. Esse maldito é o único que sabe onde ele está, mas ele não quer falar.

   - Ele vai falar, eu garanto. As pupilas de Felipe delatam e os olhos de Líthrios arregalam seguidos de um grito aterrorizante.

   - NÃAAAOOOO! Ofegante, Líthrios começa a falar. – Nefastus não levou o menino para Harkllam, ele sabe que Dimitri o encontraria.

   - E onde ele está? Pergunta Zool irritado.

   - Nesse mundinho fedorento que vocês adoram, é só o que eu sei.

   - Mentiroso! Lenine segura Líthrios pelo pescoço o erguendo a cima dele. - Fale agora onde está Mateus?

   Quase sem respirar, Líthrios murmura. – Eu... Não... sei Nefastus não me disse...

    - Solte-o Lenine, ele fala a verdade, Nefastus não é idiota, não diria nada a esse capacho.

   - Vamos soltá-lo?

   - Não, Setzer tomará conta dele.

   - Ficou louco, Nefastus logo saberá o que aconteceu e virá atrás de mim.

   - Ele não virá, mandará alguns desgarrados para matá-la, e eu estou certo que você pode da conta de uma dezena deles. .

   - E o que acontece com esse aqui?

   - Mantenha-o em sua jaula, não faça nada, ele terá o fim que merece daquele em quem ele confiou.

   - Felipe se a transferência foi feita pela esfera, como conseguirá volta?

   - Eu só precisaria da esfera, se Líthrios estivesse em meu corpo, mas com sua ausência, não há nada que me impeça.

   - Como conseguiu fazê-la passar para nosso lado? Pergunta Lenine.

   - Ela jurou ficar do nosso lado.

   - E confia nela?

   - Não.

   - Que ironia. Comenta Zool.

   - O que fazemos agora Felipe?

   - Vamos encontrar Mateus.

   - Felipe espera não pode me deixar aqui posso ser mais útil a vocês, tem que me deixar ir.

   - Esqueces onde tu estás mulher? Não podes voltar, a menos que consigamos reaver a esfera. Setzer tenta pronunciar algo, ela reluta em falar, mas não tem escolha.

   - Não foi à esfera que me trouxe até aqui.

   - E de que forma tu poderias está no mundo astral bruxa? Pergunta Lenine.

   - Minha mãe me ensinou a permanecer nesse lugar consciente.

   - Como se chamava sua mãe? Pergunta Zool.

   - Selena. Felipe franze a testa quando ouvi o nome Selena, e pergunta.

    - Selena não era uma das mulheres de Nefastus?

    - Sim ela foi. Mas quando ele descobriu que minha mãe se apaixonou por outro, ele a baniu e a colocou no exílio.

     - Como acha que pode nos ajudar?

     - Não conseguiram chegar perto do menino sem um confronto.

     - E o que sugere?

     - Vocês verão.     

 

 

                                      Os Militares

 

O general Fonseca o tenente Adalberto e os americanos Adrian e Thomas, estão na praia aguardando um contato.

     - General! Acredita mesmo que essas pessoas podem ler nossas mentes?

     - Acredito tenente.

     - E que eles são capazes de nos manipular e fazerem o que eles querem?

     - Sim.

     - Então como sabemos que eles não estão nos manipulando agora?

      - Não sabemos.

      - Que ótimo. Confia neles general?     

      - Por enquanto, eles precisam da gente, mas fique atento, não confio em nenhum dos dois.

 

 

                                     Em Harkllam

   

  

Plano sul terras de Ló. O regente Ló está em seus aposentos lendo, quando alguém transparece a sua frente.

    - O que faz aqui?

    - Felipe está livre.

     A fisionomia de Ló muda.

    - Incompetentes! E o menino?

    - Ainda sobguarda, mas assim que Dimitri souber disso, só o senhor do universo o deterá. Devo informar a Nefastus?

    - Informar, ele ainda sabe?

    - Não regente.

    -Eu o avisarei. Mantenha-me a par de tudo. Agora sai! E não conte a ninguém.

   Ló fica pensativo por alguns segundos, e faz contato mental com Dimitri.

    - Dimitri preciso lhe falar urgentemente, é sobre Mateus.

    - Aproxime-se. O que há com Mateus, Ló?

     Ló transparece a frente de Dimitri que está com mais alguém presente. Ló olha para a pessoa presente e reluta em falar.

    - Fique a vontade Ló, esse que aqui se faz presente é de minha total confiança.

    - Como Felipe?

    - Estás aqui para por em dúvidas a lealdade de Felipe?

    - Não regente, o senhor que decidirá a lealdade de Felipe. O menino foi sequestrado por Nefastus.

    - Que menino Ló?

    - Mateus.

    - Que loucura mentirosa é essa, tu perdeste a sanidade?

    - Tenho espiões no plano norte, o menino está sendo mantido fora de Harkllam, não souberam dizer onde.

    - Que espiões Ló, do que estás falando?

    - Depois de tuas denúncias, infiltrei alguns de meus homens no círculo de Nefastus, e me relataram que o menino filho de Dimitri, haverá sido sequestrado pelos capangas dele.

   - Você mente.

   - Procure seu filho Dimitri, e saberá que o que estou dizendo é tudo verdade.

  - Não duvido que Nefastus tenha a audácia de realizar tamanha insensatez, mas tens alguma prova do que dizes?

     - Contate Felipe e saberá o que aconteceu.

    - Como assim saberei o que aconteceu, o que mais está me escondendo?

    - Nada além do que já lhe contei Dimitri. Procure seu filho.

    - Farei isso, mantenha em segredo até eu saber a verdade. E Ló, obrigado por sua lealdade. Agora vá mantenha-me informado.

                                                                                                                                                  

     Ló deixa o salão dos regentes observado por Dimitri, mas, ele não imaginava que a pessoa que ouvia a conversa dele com o pai de Mateus. Era na verdade...

     - O que acha Felipe?

     Felipe está com a aparência de um dos despachantes de Dimitri.

     - Ele está envolvido. Talvez ele não contasse com minha libertação, e sabendo de sua resposta imediata ao sequestro, seu envolvimento logo seria descoberto, é um manipulador, nunca se alia a nenhum lado, é um covarde, mas pode nos ser útil. Quer mesmo continuar com isso?

    - Sim, Mateus a melhor chance que temos de recuperar a esfera.

    - Vamos comunicar o conselho que temos prova que a esfera está com Nefastus.

     - Não dará tempo, assim que souber que sofrerá uma visita do conselho a esconderá em outro lugar. Mateus queria fazer algo pelo nosso mundo, chegou a sua chance. Além do mais em um ataque direto para libertá-lo a muitas variáveis. Vamos continuar com o plano. A bruxa não mentiu Ló não o reconheceu.

                       

 

                                         Plano Norte

 

 

     Nefastus reunido com seu alto escalão. Quatro membros encontram-se reunidos em um salão oval, quando Nefastus transparece. Logo os quatro tomam suas posições formando um círculo.

     - Relatem. Andrius você primeiro.

     - Trago notícias das montanhas submersas o imperador não irá aliar-se, ele alega que essa batalha não é dele, mas que se o regente do plano norte não interferir em seus assuntos, ele não fará nada para impedi-lo.

  - Lenis!

  - Dimitri iniciou manobras com seu contingente ao sul das montanhas submersas e nas terras do plano sul.

  - Mas é uma afronta ao conselho, ele não pode fazer isso.

  - Contenha-se Bertus não seja hipócrita, isso já era esperado. Prossiga Lenis.

  - O confronto é inevitável, o conselho não irá demorar em deliberar sobre o que fazer, a terráquea que Dimitri mostrou na reunião não será desconsiderada pelo conselho dos anciões. Nesse momento os mentores estão sendo trazidos de volta a Harkllam e seus pupilos mais experientes foram confinados nas províncias. Eles estão se preparando para um ataque.

  - Polus!

 - As transferências continuam meu senhor, os desgarrados continuam sendo trazidos ao nosso mundo. Há muitos que podemos usar vindos do terceiro planeta desse sistema.

    - Cavalheiros já tem suas ordens, saiam. Polus! Felipe já deve está livre quero vá pessoalmente e traga o menino pra cá, faça o que for preciso.

      

 

                                           BRASIL

 

 

    04h30min da manhã bairro do lago salgado na cidade Marim dos caetés, o tenente Adalberto mostra-se impaciente com a espera.

  - General, quando tempo vamos ficar aqui esperando esses loucos fazerem alguma coisa?

  - Paciência tenente, essas coisas levam tempo.

  - Isso parece uma loucura. Pessoas que podem ler e controlar a mente dos outros, ainda não sei se acredito nesse pesadelo.

  - É verdade, e eu já vivo esse pesadelo há trinta anos. Não vejo a hora de acordar.

  - O que fez o senhor entrar nessa empreitada?

  - Eu estava no navio que levou o primeiro escalão da (FEB) “Força Expedicionária Brasileira” para Nápoles na Itália em 42. Estávamos sob o comando do General Mascarenhas de Morais, chegamos antes para nos adaptar ao clima, e como nosso treinamento era obsoleto, fomos treinados pelos americanos, foram vinte divisões aliadas na frente Italiana, eu nunca havia visto tanto estrangeiro juntos, neozelandeses, canadenses, europeus exilados, afrodescendentes, norte-americanos, até Italianos antifascistas faziam parte das divisões, mas nós fomos integrados ao 4°corpo do exército americano e entramos em combate só em setembro de 44 no vale do rio Serchio, onde tomamos Massarosa, Camaiore e monte Prano, nós tivemos algumas baixas em Barga, mas como nos demos bem no início de setembro, nossa divisão foi mandada para tomar o Monte Castelo e Belvedere, mesmo alertados pelo comandante que era uma missão suicida para apenas uma divisão, fomos assim mesmo, eles só deram ouvidos após duas tentativas fracassadas e dezenas de mortes. O inverno estava acabando com agente, muita neve,... Muita neve. O inimigo não parava de atacar, a tropa estava exausta, física e psicologicamente, não estávamos acostumados aquele clima, três meses de campanha sem parar, foi quando ele apareceu, junto com a 10ª divisão de montanha estadunidense, foi iniciada a operação Encore, tomamos o Monte Castelo e Castelnuovo, os americanos tomaram Belvedere e Della Torraccia, depois tomamos Montese e Collecchio, em Collecchio, fui ferido por estilhaços de uma bomba, após o som da explosão, a única coisa que me lembro de ter visto, foi um cara que estendia a mão para mim me perguntando se eu queria ficar.

     - O que ele disse general?

     - Que eu não precisaria ir se não quisesse. Só dependia de mim. Então ele ficou comigo, e me mostrou o mundo astral.

     - O senhor viu o que esses loucos falam?

   Sereno e com um olhar distante, o general responde.

    - Sim tenente, eu também sou um louco, pois vi, vi um mundo maravilhosamente belo, e extramente perigoso, pois criaturas abomináveis vivem por lá, vi lugares inimagináveis aos homens. E sim também achei que foi tudo um sonho, que tudo não passava de minha mente me causando uma peça, mas minha alegria de achar que era um sonho, foi por água a baixo quando acordei dois dias depois no hospital da companhia.

    - Bom dia soldado Fonseca. Falou-me a enfermeira.

    - Como... Cheguei aqui... Tão rápido?

    - Está aqui há dois dias soldado.

    - Dois dias! Não pode ser eu estava no campo à bomba explodiu perto de nós, Lucas estava comigo, meu amigo Lucas onde ele está?

      A enfermeira diz que eu fui o único que apareceu naquele dia       - Havia mais alguém aqui agora enfermeira?  

    - Não, só nós dois.

    - Tem certeza?... Percebi que não iria adiantar falar com a enfermeira sobre minha experiência, pois ela devia estar acostumada a houve todo tipo de baboseiras, e eu nem sabia se acreditava mesmo no que vi.  Mas não consegui tirar o que vi da cabeça, aquela experiência havia sido mais do que um sonho, muito mais que um delírio, foi real, eu sentia que havia sido real. Aquilo estava me consumindo, nunca um sonho havia me deixado daquele jeito, eu precisava saber, procurei o soldado que me ajudou, e descobri que ele fazia parte da 10ª Divisão de Montanha, ele era o capitão Dimitri, salvou minha vida, na enfermaria ouvi soldados delirando e narrando o que estavam vendo enquanto dormiam as mesmas coisas que eu vi. Acho que sou o único homem no mundo que literalmente segue seu sonho.

 O curioso é que eles não se lembravam do sonho em questão quando acordavam.  

    - Mas o senhor lembrou.

    - Exato. Por quê? Por que fui o único que lembrou?

    - Talvez o senhor seja como eu. Não pode ser controlado.

    - De onde tirou que não pode ser controlado?

    - Fiquei cara a cara um deles, e sou o único que sabe o que realmente aconteceu lá no quartel, e é por isso que estou aqui, por que o senhor também acha isso.

    - Não temos certeza de nada tenente.

    - O que pretende fazer quando acharmos um deles?

    - Não sei muitas perguntas, muito a aprender.

    - Acha que é só perguntar que eles vão responder?

    - Na verdade não temos como ter certeza de nada. É aí vem Adrian espero que tenha boas notícias.

   - Tragam o carro, descobrimos alguma coisa.

   - Já não era sem tempo.

     Responde o tenente correndo para pegar o carro.

   - O que descobriram?

   - Thomas acha que é o mesmo menino que apareceu no quartel ontem, ele está fazendo contato com uma menina, Thomas pode seguir o rastro dele enquanto ele estiver no mundo astral.

   - Então o que estamos esperando?

   - Só mais um detalhe, temos que carregar Thomas até o carro, ele não está controlando o corpo dele agora.

   - E como saberemos aonde ir?

   - Ele pode falar.

   Mateus foi descoberto, sua teimosia o coloca mais uma vez em perigo. Mas ele não se importa, pois seu coração já o controla, seu desejo o encaminha ao querer, o querer estar perto, vendo, ouvindo, conversando com aquele ser que o hipnotiza, transcendendo tudo ao seu redor por um único instante.

    - Oi tudo bem?

    - Oi!

    - Notícias do seu pai?

    - Como sabe do meu pai?

    - Eu vi o que aconteceu com ele Natália.

    - Então foi verdade, você estava mesmo no meu sonho, foi você quem fez aquela imagem de mim e meu pai na praia. Mateus!

    - Sim. Você lembrou!

    - Estamos sonhando de novo?

    - Não, você está. Mas na verdade nós estamos em outro mundo muito diferente desse em que você vive. Aqui sua mente realiza seus pensamentos.

   - Posso pensar no que eu quiser que vai aparecer?

   - Deixe-me mostrar segure minha mão.

    Natália não reluta como da primeira vez, sua curiosidade está no controle agora. E quando segura a mão de Mateus, suas roupas mudam, o cenário muda, e ela se vê por sob o oceano. Chega a ouvir o som do mar, sente a vento, o cheiro seus pés quase tocam a água, seu coração acelera uma mistura de medo e desejo, Mateus a puxa para cima e os dois começam a flutuar cada vez mais alto, mas de súbito uma caixa de metal transparece a sua frente e prende os dois. Assustada Natália pergunta.

    - O que é isso, me tira daqui.

    - Não fui eu quem fez isso.

    A caixa gira e pequenas fendas na altura dos olhos são abertas, e Mateus vê quem fez aquilo.

    - Quem é você?

    O homem não diz nada apenas vira-se e a caixa aproxima-se. Mas ao fazer isso ele também tem uma surpresa.

    - Abra a caixa Polus, e liberte Mateus e sua amiga.

   Mateus que estava com a cabeça abaixada, tentado sair, ouvi uma voz que conhece, ele olha e confirma, é Lenine.

    - Lenine! Sempre tão confiante. Isso foi o que lhe tornou também tão conhecido, vamos ver se aprendeu algo com Felipe.

   Polus usa o poder de sua mente e muda o cenário para uma região rochosa onde molda as pedras a sua vontade, e manifesta mãos de pedras gigantes ao lado de Lenine para esmagá-lo, mas elas mal se fecham, pois Lenine prova que aprendeu muito com Felipe, ele junta e abre os seus braços destruindo as mãos de pedra, e contra atacando Polus com pequenas pedras que se desprendem do chão em tamanha velocidade que, mas parecem projeteis de uma arma fazendo com que Polus erga os braços para proteger-se, não vendo que Lenine salta sob ele e o atingem com os dois pés em seu tórax, pressionando-o contra o chão causando uma cratera, e levantado uma nuvem de poeira que encobre os dois, tirando a visão de Mateus e Natália na nuvem que não se dissipa e fica ainda mais assustadora, pois após alguns longos segundos eles ouvem o som estrondoso de golpes sendo desferidos com tamanha fúria que a terra treme, e em seguida veem Lenine ser arremessado ao longe e com pedras maiores do que ele o soterrando. Polus caminha lentamente saindo da cratera onde fora empurrado, quando se aproxima de Lenine ele ergue seu braço a sua frente gira a palma da mão e as pedras sobem e descem varias vezes rapidamente, o impacto é tão forte que as pedras quebram e erguem Lenine alguns centímetros quando ele é atingido. Ainda com o braço erguido, Polus faz com que Lenine flutue até ele, quase desacordado, Lenine abre os olhos ao ser colocado de frente a Polus.

    - Não aprendeu muito com Felipe. Não pode me vencer.

    - E nem pretendia, eu só estava ganhando tempo.

    Lenine inclina a cabeça para o lado para ver quem está atrás de Polus, Polus franze os olhos e olha para trás, e vê quem ele esperava Felipe, mas ele não está só, a bruxa Setzer está com ele.

    Nesse instante, o general Fonseca, o tenente Adalberto e os estrangeiros Adrian e Thomas seguem para o endereço que Thomas indica. Thomas encontra-se sentado no banco de trás do carro com um olhar sereno e ao vazio, por que só o seu corpo permanece ali, sua mente está no mundo astral e sua visão de lá é de total admiração e medo. Thomas seguiu o rastro astral de Mateus quando ele fez contato com Natália, mas nunca imaginou ver o que estava vendo. Ele acabará de presenciar a luta de Lenine e Polus, e a chegada de Felipe e Setzer. O general e os outros chegam a casa onde Mateus fora aprisionado pelos capangas de Nefastus. A casa fica localizada em uma velha vila abandonada que servia de moradia para os trabalhadores de uma fábrica fechada há muito tempo.

  - Tem certeza que é aqui? Pergunta o ten. Adalberto.

  - Só teremos se formos verificar.

   O general desce do carro, olha a sua volta, ansioso e desconfiado ele começa a olhar dentro das casas que ficam emparelhadas formando uma única rua a frente da fábrica. O tenente faz o mesmo só que do lado contrário ao que se encontra o general. As casas são pequenas e os dois nem precisam entrar para saber se há alguém lá dentro, um pouco mais de vinte casas ainda não foram destruídas pelo tempo, os dois começam a aproximar-se um do outro quando um barulho chama a atenção de todos inclusive de Adrian que ficará no carro tomando conta de Thomas que está em transe e afirmando que eles estão aqui. O general e o tenente correm para a casa de onde veio o barulho, o general chega primeiro e consegue avistar Polus segurando Mateus pelo braço e a frente deles um feixe de luz se apresenta. É a fenda dimensional. O general ao ver Mateus nas mãos de Polus, ele grita.

   - Ei você, largue o garoto.

    - Polus olha para trás, e não dá importância ao general entrando em seguida com Mateus pela fenda. O tenente vê o general correr para dentro da casa, mas ao chegar ele não encontra ninguém.

    - General!... General!... O tenente olha por toda a casa, mas não encontra o general Fonseca, sem entender ele volta para fora e olhando para Adrian, ele não sabe o que dizer, Adrian corre para vê o que aconteceu.

    - O que houve?

    - Não acho o general.

    - O que aconteceu?

    - Eu não sei, nós ouvimos um barulho, e corremos para cá, o general chegou um pouco antes de mim, eu o ouvi falando alguma coisa, e entrou correndo na casa, mas quando cheguei aqui, não havia ninguém e o general sumiu.

    - Ele não está mais nessa dimensão. Afirma Thomas parado de frente a porta.

   - Que dimensão, do que é que ele está falando?

   Com as sobrancelhas levantadas, Adrian olhando para Thomas responde.

    - Acreditamos que existam varias dimensões espalhadas no universo, e que essas pessoas atravessam essas dimensões para chegar até aqui e voltar.

    - Hora francamente.

    - Não esperava que você acredita-se. Mas se não quer acreditar que o general possa ter sido sequestrado por eles, onde está o general agora?

    A pergunta que Adrian faz ao tenente só pode ser respondida pelo próprio general, que nesse momento cai ao chão após ter saltado dentro da fenda atrás de Polus e Mateus. Mas onde o general cai não foi onde Polus e Mateus estão. O general regurgita parte de seu jantar e antes de poder levantar-se com suas próprias forças, ele é erguido como uma criança pelo guardião do portal.

   - Quem é você o que faz aqui?

   Assustado o general não responde. O guardião invade a mente do general. Nesse instante Dimitri transparece no salão.

    - Regente Dimitri! Como soube dessa invasão?

    - Não importa, sabe o que tem que fazer com os invasores.

    - Sim regente.

    - Espere,... Espere capitão Dimitri!

    O regente para de transparecer.

    - Guardião!

    O general que estava sendo levado como um peso morto é largado ao chão. Dimitri aproxima-se dele e sonda sua mente e vê tudo o que o general viu.

    - Sua busca terminou, nós existimos você estava certo todo esse tempo, agora volte ao seu mundo e viva o resto de sua vida em paz.

     - Capitão Dimitri, como viver em paz, se vocês estão invadindo nossos quartéis e libertando prisioneiros.

    - Do mesmo modo que vocês dormem depois que os prendem sem motivos. Sei que tem muitas perguntas Fonseca, mas, não é a hora nem o lugar, se dê por satisfeito por eu não ter apagado sua memória e por está voltando a seu mundo, agora vá ou terminará os seus dias aqui. Diga a seus amigos que parem de tentar nos encontrar, ou sofreram as consequências. O seu povo não está preparado para nos conhecer. Guardião mande-o de volta.  

    - Sim regente.

   Com um movimento de sua mão, o guardião reabre a fenda e arremessa o general de volta. A fenda reabre-se a frente do tenente Adalberto que ainda estava procurando o general sem entender o que havia acontecido, guando general cai aos seus pés regurgita e desmaia.

    - General! Grita o tenente assustado.

     O general não responde. Adrian ouviu o tenente, e chega pra ajudar.

   - Como consegui voltar? Pergunta Adrian.

   - Espere aí,... Voltar sabe pra onde ele foi?

   - Mais ou menos. Agora teremos certeza.

   - Pode me dizer do que é que você esta falando?

   - O seu general acaba de fazer o que nós nunca faremos.

 

                                

 

                                   HARKLLAM

 

 

     No palácio de Nefastus, Polus está com Mateus no salão principal aguardando o tirano do plano norte. Polus segura Mateus pelo braço que a todo tempo tenta soltar-se.

    - Me larga! Pra onde acha que vou? Pergunta Mateus puxando seu braço.

    - O garoto está certo Polus, ele não tem pra onde ir. Nem tem como se comunicar.

     Afirma Nefastus entrando ao salão.

    - Vejo que não lhe deram muito trabalho.

     Nefastus para bem a frente de Polus, olha para ele, depois para Mateus, voltando seu olhar para Polus ele pergunta.

    - E Felipe não apareceu?

    - Sim. Ele e um de seus ex- aprendizes, o de nome Lenine.

    - E ainda assim conseguiu trazer o menino.

    - Felipe está velho e descuidado, não tem mais a mesma habilidade de quando jovem, ele vive de seus feitos, sua reputação o coloca em uma posição de vantagem. Infelizmente pra ele sua reputação não me impressiona.

     - Vai engolir suas palavras, quando meu pai souber que você me sequestrou.

    - É exatamente o que espero meu pequeno engodo, um ataque direto de seu pai a mim. Responde Nfastus.

    - Dimitri terá o apoio dos anciões, como sequestrar seu filho pode ajudá-lo?

    - Ele não irá procurar os anciões, sua irá o trará até aqui, e será o seu destino final.

    - Dimitri é poderoso, e tem os melhores a seu serviço, ele entrará aqui e sairá com a criança, e possível que nem saibamos.

    - Por isso você ficará com o menino.

    - Enfrentar Felipe no mundo astral é uma coisa Nefastus, enfrentar Dimitri e seus guardiões em nosso mundo é bem diferente, vou precisar de ajuda, de muita ajuda.

    - Você a terá.

    - Sem querer ofender Nefastus, seus desgarrados não são páreos para o regente.

    - Não haverá desgarrados.

    - E como pretende subjugar o regente dos regentes.

    Nefastus que olhava ao longe por uma de suas janelas imensas, volta seu olhar para Polus.

    - Isso não é problema seu. Entregue o menino aos meus guardiões. E monte sua estratégia.

    Nesse instante, dois guardiões entram no salão e se posicionam por trás de Polus que entrega Mateus, e junto com os guardiões ele deixa o salão. Mas Polus não segue outro caminho.

    - Nefastus ordenou que eu vistoriasse as acomodações do garoto.

    - Por aqui senhor.

    - Providencie alimentos e roupas limpas.

    - Sim senhor.

    - O menino não deve ser incomodado. Ponha sentinelas na entrada e do lado de fora das janelas.

    Ao deixar Mateus, Polus caminha pelos corredores longos e imensos do palácio de Nefastus, ele retorna ao salão onde a pouco se reuniu com o tirano. Olhando todo o salão como se procurasse algo ele sussurra perguntando-se.

     - Onde está?...

    Polus ao sair, não percebe que uma mulher o observava em uma das áreas escuras do salão.  

 

 

 

                                       Os Militares

 

 

O tenente Adalberto, Adrian, Thomas e o general Fonseca que ainda está desacordado, seguem em direção a um hospital militar.      Conversando em inglês os americanos deixam o tenente de fora. Impaciente Adalberto pergunta.

    - Mas o que aconteceu com o general?

    - Só ele pode nos dizer. Responde Adrian.

    - Conversa! Já viram isso acontecer?

    - Não. 

    - Esses “seres” você acha que são do nosso mundo?

    O tenente não responde.

     - Eles não são tenente. De onde são? De que planeta, de que universo?

     - Hora francamente vocês querem que acredite que eles são do espaço?

     - Pode negar, mas o fato é que eles existem e você já os viu.

     - Invasão alienígena. É no que quer que eu acredite?

     - Não é uma invasão, pensamos em invasão nos anos trinta. Mas descobrimos que eles veem aqui ha séculos. Suas incursões a nosso mundo já se perpetuam há muitas décadas.

     - E somos o que uma colônia de férias dos extraterrestres?

     - Não sabemos ao certo, eles entram e saem e ainda não descobrimos como eles fazem isso e o porquê eles veem aqui.

     - Vocês que são um bando de loucos. Se eles fazem isso há décadas, por que não os deixam em paz? Afinal se eles são como vocês acham que são, e se fossem perigosos como vocês acham que eles são não acha que eles já teriam acabado com vocês?     

    - O que o faz pensar que eles não fazem isso?

    - O que acabei de presenciar, eles não só estão fugindo da gente como também poderiam ter posto um fim ao general.

    - Não é esse o ponto.

    - E qual é o ponto?

    - Nossa soberania, não podemos permitir que eles entrem em nosso mundo a qualquer hora como se “fossemos uma colônia de férias” sem termos uma defesa contra eles, se não pudermos detê-los precisamos conhecer com quem estamos lidando. E até que se prove o contrário essas “coisas”, são nossos inimigos.

    - E o que conseguiu descobrir, o que sabe sobre eles?

    - Como você pôde perceber, eles parecem conosco, mas são mais forte fisicamente, enfrentar um deles com as mãos vazias significa morte certa, o que raramente acontece, por que eles usam o que conhecemos como telepatia ou como alguns chamam, o seu poder mental contra nós, e somos vítimas de nossa própria mente.

     - Nem todos.

     - Sim, é verdade você não foi enganado.

     - Por que eu não fui?

     - Não sei. Talvez o general possa nos dizer.

     Thomas que não deu uma palavra até então diz.

     - Por que você tem o dom.

  Adrian olha para Thomas com um olhar de repreensão.

     - Dom? Que dom, quem é dom?

  Thomas prossegue.

     - Todos nós nascemos com o dom, por que nós somos todos partes de um só. Divididas e espalhadas pelos universos conhecidos e pelos desconhecidos, temos vivido como diferentes, mas somos iguais. O dom é a energia que nos cerca, que nos alimenta espiritualmente, que nos descontrolam emocionalmente, nossos pensamentos controlam nossos destinos, somos responsáveis por tudo que nos acontece, essa energia transforma nossos pensamentos em realidade, o inconsciente nos revela nossos desejos e ela materializa o que desejamos. O dom totalmente desenvolvido nos remete ao outro lado do celebro, abrindo uma porta para a telecinese e a telepatia criando uma ponte ao celebro alheio causando assim o meio de nos enganar projetando imagens em nossas mente, e nos fazendo acreditar que vemos o que não existe. Essa mesma energia cria uma barreira protetora e impede o controle mental daqueles que tem seu dom mais desenvolvido, mas não manifestado.

    - Thomas já chega!

    - Tudo bem, eu não entendi nada mesmo. Pensei que ele não falasse português.

    - Ele aprende rápido.

    - O que fazemos agora?

    - Vamos esperar o general acordar, e ouvir o que ele tem a nos dizer.  

     

 

 

 

 

                                   HARKLLAM

 

 

   Cinco dos melhores soldados da guarda pessoal de Dimitri estão reunidos na sala de guerra do palácio do regente. No centro do salão formando um círculo, seus capitães estão visualizando um holograma do palácio de Nefastus. Confabulando um melhor ataque, quando Dimitri entra. Todos o reverenciam curvando a cabeça.

    - Senhores!... Obrigado por terem vindo. Os senhores já devem estar a par do sumiço da esfera, temos razões para acreditar que o alto intitulado regente do plano norte Nefastus, a está utilizando para trazer a nosso mundo os desgarrados, com exceção de Sandrus e Alissom que estavam comigo quando formos atacados na volta do nosso encontro com Nefastus, os demais nunca enfrentaram um desgarrado em nosso mundo, O conselho Supremo ordenou uma intervenção a Nefastus, ele terá que indicar nomes ao conselho para que um novo regente seja escolhido.

   - Acha que ele fará isso?

   - Não. O que importa agora é que o que estamos prestes a fazer pode custar não só nossa permanência em nosso plano, mas as nossas vidas. Se formos pegos os senhores sabem muito bem o que irá acontecer, se algum dos senhores quiser desistir, eu entenderei.

     Mas os guardiões não dão uma palavra, e nem se movem, eles continuam olhando para Dimitri.

    - Obrigado senhores.

    Lançaremos um ataque direto como distração pelos portões principais, Sandrus e Alissom ira coordenar o primeiro ataque.

     - Regente, assim que Nefastus nos vir, ele irá comunicar que o senhor o está atacando sem a permissão do conselho.

    - Isso se ele nos reconhecer, Nefastus tem enfrentado pequenos ataques aos seus portões há algum tempo, pequenos grupos rebeldes contrários a sua regência, têm promovidos baixas significativas em seu contingente, temos mantido contato com o líder da resistência e ele estará nos esperando.

    - Pode confiar nele?

    - Não, mas estamos ajudando nesses ataques, damos treinamento e fornecemos alguns planadores, agora chegou a hora deles retribuírem. Vamos promover pequenas incursões.

    Virando-se para o holograma, Dimitri aponta com o dedo onde serão os ataques.

     - Atacaremos aqui, aqui, e aqui. Isso causará uma confusão no contingente de Nefastus e os obrigará a manter-se em alerta mandando mais homens para esses pontos da cidadela, deixando assim alguns pontos vulneráveis no lado sul. Onde eu entrarei para recuperar a esfera.

    - Meu senhor não sabe onde a Nefastus a guarda, como senhor irá encontra-la?

    - Tenho uma pessoa de minha mais alta confiança cuidando disso agora, ficaremos de prontidão até que ele nós dê o sinal para o ataque. E é claro estaremos disfarçados. Alguma pergunta?

   - Sim, quando iremos?

   - Partiremos amanhã à tarde e atacaremos a noite.

   - Não usaremos a fenda?

   - Não, Nefastus pode senti-la. Quando souber onde ela está, iniciamos o ataque.

 

 

 

                                        A CIDADELA.

 

 

 

    Dentro do palácio de Nefastus, uma figura tenebrosa caminha pelos corredores em direção a uma das torres, é Polus, cuidando para não ser avistado, ele sobe. Lá no alto ele olha toda a cidadela e sussurra.

   - Onde está?

   Polus fica imóvel, seus olhos ficam ao vazio, e sua forma astral flutua deixando seu corpo e viajando pela cidadela. Ele vai até o ponto mais central e emana seu dom como um radar abrangendo tudo a sua volta localizando assim o que procura. Ele olha para sua esquerda e se dirigi para um dos templos de onde vem uma energia incomum, mas ao aproximar-se ele percebe que não vem do templo aquela força, mas de um pequeno edifício por trás do templo, um prédio sem guardas, sem grandes portões, fazendo Polus duvidar por um instante que o que procura encontra-se ali. No entanto, ele decidiu transpassar as paredes para averiguar o que sente. E lá estavam, cinco crianças sentadas com pernas cruzadas formando um círculo entre elas, unidas por uma energia que ofuscava até mesmo os olhos astrais de Polus, mas sua busca havia terminado, no centro de onde estavam às crianças encontra-se a esfera, um dos artefatos mais poderosos do universo bem a frente de Polus. Mas ele não faz nada, pois só as crianças podem controlar a esfera e manter sua energia contida. As crianças parecem hipnotizadas não reagiram à entrada de Polus, então ele percebe que elas estão sendo controladas por magia. Nefastus também tem uma bruxa a seus serviços. Lentamente Polus retira-se e transparecendo para fora do prédio, ele não vê que as cinco crianças percebem sua saída e viram a cabeça em sua direção avistando a transposição de Polus para fora. Fora do prédio, Polus para e sente que está sendo observado, mas ele não se abala continuando sua transposição. É a mesma figura que o observava no salão de Nefastus, é uma bruxa, para vê Polus transparecido, ela usa uma máscara feita da casca de uma árvore. Após presenciar o ocorrido, ela faz contato telepático com alguém.

    - Ele esteve aqui... Não só observou... Manterei contato.

     A bruxa guarda a máscara em uma pequena bolsa que carrega, ela caminha pelas ruas da cidadela até um planador que à espera ali perto. A bruxa sente um calafrio, ela para olha para trás, mas não vê nada, ela não se incomoda continua a caminhar lentamente, mas ao chegar próxima ao planador, ela rapidamente retira a máscara da bolsa e a coloca olhando para todos os lados. E mais uma vez, nada vê. A sentinela que a espera pergunta.

    - Senhora, está tudo bem?

   Guardando a máscara ela não responde. E o planador segue pelas ruas da cidadela, mas sua intuição está certa Polus a está seguindo e vê que ela se encaminha para o palácio de Nefastus.    Enquanto a bruxa chegar ao pátio do palácio, Polus passa direto ao seu corpo. Eles sabem não há mais tempo. Polus corre até o quarto onde Mateus está. Ao chegar os guardas não permitem que ele entre.

   - O que estão fazendo? Saiam da frente.

   - O senhor não tem permissão de ver o garoto.

    E Polus tem a confirmação de que eles já sabem.  Mateus está em cima da cama sentado quando vê as portas serem arrebentadas pelos guardas que foram arremessados por Polus. Ele entra e diz.

   - Venha eu vou tirá-lo daqui.

   - Teve culpa de consciência?

   - Não tenho tempo pra explicar,venha, vamos sair daqui rápido.

  Polus caminha rapidamente com Mateus pelos corredores imensos do palácio, encontrando pelo caminho alguns criados eles passam despercebidos. Mas Polus percebe que os corredores sempre muito cheios, ficam vazios der repente. É uma emboscada. Polus para com Mateus.

   - Por que paramos? Não tem ninguém vamos! Diz Mateus eufórico.

   Mas Polus não se meche. Ele segura Mateus e o puxa para trás dele. Mateus vê o olhar compenetrado de Polus e por um instante ele tem um pensamento inquietante. E virando-se para olhar, Mateus vê o que o deixou imóvel. Nefastus, uma bruxa, e uns oito desgarrados fazendo a escolta de seu mestre.  Mas nenhuma das visões se fez pareô para o que Mateus ouviu em seguida.

   - Vai a algum lugar Felipe?...

 

  

 

                                                 Continua....